A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) entregaram à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, uma pesquisa inédita sobre as prioridades e principais dificuldades de acesso ao crédito e seguro rural enfrentadas por pequenos e médios produtores.
O estudo envolveu 4.336 produtores de 14 estados e 727 municípios, atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar.
Do total consultado, mais de 38% nunca contratou crédito rural e apenas 26,6% contrataram crédito rural em 2020. A pesquisa revelou que, quanto menor a faixa de renda, menos produtores tiveram acesso ao crédito.
Cerca de 70% dos entrevistados declararam renda bruta anual de até R$ 100 mil; 20,4% de R$ 100 mil até R$ 300 mil, e 10% acima de R$ 300 mil.
Intenção de acesso
Segundo o levantamento, 46,2% dos respondentes declararam que pretendem acessar o crédito rural em 2021, principalmente para investimentos na propriedade. A intenção de acesso ao crédito é maior para faixas de renda bruta anual mais elevadas.
No entanto, são os produtores de menor faixa de renda que declararam ter mais necessidade de crédito para investimentos na safra 2021/2022, ou seja, 67,1% dos produtores de renda bruta anual de até R$ 100 mil.
Entre aqueles que “já acessaram crédito alguma vez”, mas “precisaram e não acessaram em 2020”, 26,1% declararam que foi em função de dívidas anteriores, 21,6% por problemas com a documentação da propriedade e 12,6% em razão do limite individual de crédito.
Linhas
A principal linha de crédito contratada pelos entrevistados, em 2020, foi o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) Custeio, atendendo mais de 40% dos produtores que acessaram algum tipo de crédito rural.
A maior parte dos que acessaram crédito rural não contratou ou não conhece o Proagro nem o seguro rural, especialmente porque não sabem como acessar os instrumentos.
Fonte de financiamento
Ainda segundo a pesquisa, a principal fonte de financiamento dos entrevistados são as instituições financeiras: 83,8% dos respondentes que acessaram crédito rural declararam que tomaram recursos com os bancos e 34,3% com as cooperativas de crédito.
Dificuldades
O estudo também apontou, entre as principais dificuldades no acesso ao crédito rural, o excesso de burocracia, garantias exigidas, demora na liberação do crédito e falta de informação.
Nesse sentido, os participantes apontaram como fatores necessários para facilitar o acesso ao crédito a simplificação do processo, melhor divulgação, orientação e clareza nas informações e necessidade de regularização fundiária e de alterações nas garantias exigidas, uma vez que o pequeno produtor não pode oferecer a sua propriedade em garantia e depende de avalistas.
Plano Agrícola
O documento do CNA/Senar foi apresentado junto às propostas da CNA para o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2021/2022, pois o estudo teve como objetivo subsidiar parte das sugestões do Sistema, especialmente na definição das políticas públicas para esse público no próximo ano-safra.
Mapeamento
“Nos últimos anos, o setor agropecuário obteve diversas conquistas ao defender uma agenda estruturante para o aumento da oferta de crédito e ampliação da competição nessa oferta. No entanto, nem todos os instrumentos criados alcançam diretamente os pequenos e médios produtores”, afirmou a assessora técnica de Política Agrícola da CNA, Fernanda Schwantes.
“Como o Sistema CNA/Senar trabalha para que mais produtores possam trabalhar nas faixas de maior produtividade e renda, aplicamos essa pesquisa para mapear as reais dificuldades desse público”.
Segundo Fernanda, “os resultados da pesquisa reiteram bandeiras que o Sistema CNA/Senar tem defendido, como regularização fundiária, diminuição dos custos intrínsecos à contratação do crédito rural, disseminação de informações sobre financiamento e instrumentos de gestão de riscos e utilização desses instrumentos como garantia efetiva das operações”.
Acesse aqui, na íntegra, os resultados do estudo da CNA/Senar.
Fonte: CNA
Equipe SNA