Os produtores rurais vêm sendo orientados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) a não receberem visitas durante os dias de jogos da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Durante coletiva de imprensa na quarta-feira, 30 de abril, o presidente da instituição, Francisco Turra, detalhou o plano de ações e restrições às agroindústrias relacionadas aos setores produtivos, especialmente, de aves e suínos.
A preocupação é com provável surgimento de doenças no campo, como a Influenza Aviária e a Diarreia Suína Epidêmica (PEDv).
“Nosso objetivo é que a biosseguridade da cadeia produtiva seja preservada, evitando situações que coloquem em risco a produção. O status sanitário é o bem mais precioso de nossa produção, que permitiu ao País ocupar o papel de protagonista internacional nos embarques de proteína animal”, destacou Turra, durante a coletiva.
O plano principal da entidade abrange granjas de reprodutoras, poedeiras e incubatórios, granjas de frangos de corte, fábricas de rações e abatedouros (também de suínos). O diretor de produção e técnico-científico da ABPA, Ariel Antônio Mendes, ressalta que nunca foi registrado um caso de gripe aviária e PEDv no Brasil.
“Há a expectativa de que o Brasil receba mais de 500 mil estrangeiros durante a Copa, muitos deles vindos de países onde há registros das doenças. No caso da Diarreia Suína Epidêmica, há problemas bem recentes nos Estados Unidos, que estão atualmente em alerta, na Colômbia e em algumas nações da Ásia”, cita Mendes.
Para os avicultores e suinocultores, a recomendação da ABPA é para que não recebam visitas.
“Em países com focos extintos há menos de 30 dias, é preciso ficar de quarentena de sete dias no país de origem e mais uma semana no Brasil, o que certamente não será possível, porque a Copa já está aí”, alerta.
Até um trabalhador brasileiro da área, mesmo sendo conhecido do produtor, pode ter acesso restrito à propriedade rural, por causa de provável contato pessoal com estrangeiros fora dali. Por isso, segundo Mendes, o agricultor deve continuar aplicando os procedimentos já adotados pelo protocolo de biossegurança nacional.
“É necessário que o funcionário visitante tome banho e receba uma vestimenta especial, antes de entrar nas granjas, abatedouros e outras unidades do setor produtivo de aves e suínos.”
Segundo o diretor de Produção da ABPA, o Brasil não pode correr o risco de perder o status conquistado de zona livre das duas doenças, daí a necessidade de ficar em alerta.
“Sobre a gripe aviária, temos orientado os produtores desde o auge da crise nos anos de 2005, 2006. Agora, estamos apenas reforçando esses cuidados.”
AÇÕES DO GOVERNO
Mendes ainda ressalta que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fará a parte do governo, monitorando a chegada de estrangeiros para a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, que será realizada entre os dias 13 de junho (jogo de abertura) e 13 de julho (partida final).
No dia 25 de abril, o órgão federal publicou um comunicado a respeito do assunto: “Para evitar a entrada de doenças e pragas no país e garantir a qualidade e inocuidade dos produtos brasileiros exportados e importados, a Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vai intensificar a fiscalização do trânsito internacional de passageiros durante a Copa do Mundo de 2014”.
Para estabelecer as regras para a importação de produtos de origem animal e vegetal, vindos do exterior tanto para uso quanto para consumo durante a Copa, o Ministério publicou a Instrução Normativa N° 12/2013. Por isto, os produtos com entrada proibida no Brasil serão apreendidos e devolvidos ao exterior ou destruídos, dependendo da situação.
Mais de 90 servidores do Mapa, além de fiscais federais agropecuários e agentes de atividade agropecuária e administrativos, lotados nas Superintendências Federais de Agricultura (SFA), farão a fiscalização de estrangeiros que virão ao Brasil em dias de jogos da Copa. O apoio iniciará no dia 5 de junho e segue até 13 de julho, nas cidades onde acontecerão as partidas.
Por causa de maior demanda, os aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro receberão um número maior de fiscais do Mapa, que trabalharão em período integral, até para não atravancar a liberação de passageiros vindos de outras nações. A norma e as demais legislações específicas para a Copa do Mundo de 2014 estão disponíveis no site www.agricultura.gov.br.
Por equipe SNA/RJ