Vice-presidente da SNA comenta sobre estratégia do governo de redução dos subsídios ao setor agropecuário

O vice-presidente da SNA, Helio Sirimarco, comentou as últimas declarações de Rubem Novaes, o novo presidente do Banco do Brasil, sobre a política do governo federal de redução dos subsídios ao setor agropecuário e as estratégias de financiamento e crédito rural planejadas pelo Banco do Brasil.

No dia 29/01, a Agencia Estado divulgou uma entrevista com o novo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, onde foi abordada a política de redução dos subsídios do governo federal ao setor agropecuário e as estratégias de financiamento e crédito rural planejadas pelo Banco do Brasil.

Na entrevista, Rubem Novaes afirmou que o grosso da atividade rural poderia se financiar a taxas de mercado e que a estratégia do banco seria a de reduzir as operações de financiamento a grandes empresas e focar pessoas físicas e pequenas empresas.

Para entender mais sobre essas novas diretrizes do governo federal e do Banco do Brasil, levamos algumas questões para o vice-presidente da SNA, Helio Sirimarco, que esclareceu pontos de interesse numa breve entrevista.

SNA: A estratégia do Banco do Brasil de reduzir as operações de financiamento a grandes empresas e focar pessoas físicas e pequenas empresas poderá trazer benefícios para o setor Agro? 

Hélio Sirimarco: A estratégia do BB só reflete a tendência de redução dos subsídios ao crédito rural no país. A manutenção ou mesmo a ampliação do volume de financiamentos com juros controlados (equalizados pelo Tesouro) será destinado para médios e pequenos produtores. Para o atual Plano Safra (2018/19), que terminará em 30 de junho, os gastos com equalização das taxas de juro do crédito rural previstos pelo Tesouro chegam a R$ 4.4 bilhões para a agricultura familiar (Pronaf) e a R$ 5.6 bilhões para a agricultura empresarial, que abrange grandes e médios produtores.

A estratégia em discussão em Brasília não é reduzir esse montante de R$ 10 bilhões que hoje financia o setor agropecuário no país, mas redistribuir os recursos de modo a incentivar cada vez mais os grandes produtores a se financiarem no mercado, seja por meio de títulos do agronegócio como Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e CDCA ou por meio de financiamento bancário sem dinheiro público.

Como o senhor vê a atuação do Ministério da Economia frente a intenção de reduzir os subsídios no crédito agrícola e estimular o uso de seguros?

Caso se concretize o corte de subsídios a grandes produtores, é provável que novas linhas de crédito com taxas de juros livres, porém abaixo de 10%, sejam criadas. E que também vingue o estabelecimento de um programa de subvenção aos prêmios de seguro mais robusto, com pelo menos R$ 1 bilhão, o orçamento previsto para este ano é de R$ 665 milhões.

O panorama atual de redução da taxa básica de juros garante um cenário onde o grosso da atividade rural pode se financiar em condições próximas às de mercado?

O governo pretende redistribuir os recursos de modo a incentivar cada vez mais os grandes produtores a se financiarem no mercado, seja por meio de títulos do agronegócio como Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e CDCA ou por meio de financiamento bancário sem dinheiro público.

O Banco do Brasil, por exemplo, tem praticado em empréstimos ao agronegócio com base em captações de LCA taxas de juros entre 9,75% e 11,4% ao ano. No entendimento do Ministério da Agricultura, esse patamar ainda é um pouco elevado e o ideal seria ter taxas de até 9,5% ao ano. Para garantir mais crédito a juros livres, por exemplo, o governo não descarta aumentar o direcionamento obrigatório das LCA para operações de crédito rural e diminuir o de depósitos à vista (uma das principais fontes do crédito controlado), diz uma fonte. Hoje, os bancos precisam direcionar 35% de todas suas emissões com LCA para esses financiamentos.

Como o setor agropecuário deve reagir frente a essas diretrizes?

O setor deve reagir de forma positiva, já que o aumento dos recursos destinados ao Programa de Financiamento do Seguro Rural é uma das principais demandas do setor.

Leia também a entrevista de Rubem Novaes à Agência Estado:
https://sna.agr.br/atividade-rural-pode-se-financiar-no-mercado-afirma-rubem-novaes-presidente-do-bb/

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