As vendas de máquinas agrícolas no país frustraram as expectativas das montadoras e recuaram em julho, quando começou a ser liberado o crédito rural previsto no Plano Safra 2017/18. E ainda que as empresas do segmento projetem uma reação neste mês de agosto, mudanças no Moderfrota (linha de crédito do Plano Safra voltada à aquisição de máquinas) aprovadas pelo Conselho Monetário nacional (CMN) podem afetar o ritmo de comercialização.
Segundo dados divulgados na sexta-feira (4) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias, que representam uma pequena minoria, somaram pouco menos de quatro mil unidades no mês passado, registrando queda da ordem de 2,5% tanto em relação a junho quanto na comparação com julho de 2016. Como junho foi fraco, por se tratar de um mês de transição do Plano Safra 2016/17 para o 2017/18, que tem juros 1% menor (7,5%), a Anfavea esperava crescimentos.
Ocorre que a redução da taxa acontece em tempos de queda da Selic, o que tornou a vantagem de tomada de crédito no âmbito do Moderfrota menor que no início da safra 2016/17. Segundo Anderson Lazaron, gerente executivo de operações do AGCO Finance, banco de fábrica da AGCO (dona das marcas Massey Ferguson e Valtra), o prazo de carência da linha também diminuiu, de 18 meses para 12, outro fator considerado negativo pelos produtores rurais.
Lazaron disse que do ponto de vista dos bancos, o novo Plano Safra também trouxe uma novidade indesejada: a queda da remuneração na operação do Moderfrota. Se na safra 2016/17 os bancos ficavam com 2,8% dos juros de 8,5% praticados, em 2017/18 têm garantidos 2,1% de uma taxa de 7,5%. Dessa forma, nota o executivo, para muitos negócios é mais vantajoso acessar o Pronamp, linha do Plano Safra voltada a médios produtores cuja remuneração do banco repassador foi mantida em 2,8% de uma taxa de 7,5%.
Pelo Pronamp, contudo, o limite por máquina é de R$ 430.000,00, enquanto pelo Moderfrota o valor total da máquinas pode ser financiado. Segundo Lazaron, as montadoras tentam negociar com o governo condições melhores para o Moderfrota, linha de crédito que conta com R$ 9.2 bilhões para safra 2017/18. Mas, segundo apurou o Valor, a equipe econômica resiste. Os três maiores bancos ligados às empresas de máquinas representam aproximadamente 60% das operações de crédito do Moderfrota.
Se o desempenho nas vendas de máquinas em julho decepcionou. O mesmo não aconteceu com as exportações, que continuam em recuperação. Segundo a Anfavea, alcançaram 1.328 unidades em julho, 11,8% menos que em junho, mas 75,9% acima de julho de 2016. Nesse contexto, e em virtude da expectativa de reação das vendas internas, a produção nacional foi de 5.625 unidades no mês passado, com aumentos de 5,1% em relação a junho e de 13% sobre julho do ano passado.
O número de empregos no segmento totalizou 18.487, com alta de 14,4% na comparação anual.
Fonte: Valor Econômico