A Caixa Econômica Federal vai disponibilizar R$ 12.1 bilhões em crédito rural nesta safra 2020/21, que começou neste mês. O valor é 7% superior ao total ofertado na temporada passada. Mas esse será um passo de uma meta mais ousada. O Presidente do banco, Pedro Guimarães, afirmou que qualquer resultado abaixo de R$ 50 bilhões em empréstimos ao campo em 2022 será uma “derrota”. Para isso, a aposta é nos financiamentos a longo prazo.
Guimarães afirmou que a Caixa também precisa atender os pequenos produtores. Atualmente, a instituição não opera diretamente os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), apesar de reservar R$ 2 bilhões para isso. Na safra 2019/20, foi necessário pagar uma multa “multimilionária”, nas palavras do presidente, por não aplicar os valores obrigatórios no segmento. A ideia é atuar com uma rede de assistência técnica e extensão rural “exclusiva”, a exemplo do que acontece com os correspondentes da área imobiliária do banco.
“Não é concebível que a Caixa não apoie o Pronaf, que faça isso indiretamente, via Banco do Brasil. porque somos maiores que todo sistema financeiro junto, estamos em todos os municípios do Brasil”, disse ontem em transmissão ao vivo da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA).
Guimarães deixou claro que o objetivo não é competir com o BB, líder em crédito rural no País. Mas disse que a Caixa quer focar sua estratégia nos financiamentos a longo prazo e juros diferenciados como carro-chefe, a exemplo do que faz no ramo imobiliário. Com isso, a “determinação” é fazer a carteira de agronegócios, hoje em R$ 6.8 bilhões, saltar para R$ 50 bilhões até o fim desta gestão.
“Qualquer coisa menor que R$ 50 bilhões até o fim de 2022 será uma derrota. É uma determinação realizar esse volume de crédito agropecuário focado no longo prazo. Não vamos fazer diferença para o Brasil em financiamento de capital de giro, com nove a 12 meses. Nosso diferencial sempre foi em financiamento de longo prazo com garantia real”.
O presidente da instituição apresentou novas linhas para investimentos com recursos livres captados via Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). Os juros variam de acordo com o prazo de pagamento. Empréstimos com até 60 meses terão taxa de 7,300%; para operações entre 61 e 120 meses, serão 8,1%. Quem tomar crédito de mais longo prazo (de 121 a 180 meses) pagará 8,75%.
As linhas são para construção de armazéns, aquisição de tratores, pulverizadores, colheitadeiras e implementos, financiamento de projetos de irrigação, aquisição de animais e investimentos fixos. Para custeio e comercialização, os juros livres da Caixa começam em 4,30%.
Os produtos foram lançados há 12 dias. No início da semana, eram 56 contratos em negociação, com valores de R$ 241.9 milhões. Nas linhas com recursos obrigatórios, os juros partem de 3,50% para custeio e comercialização e de 4,8% para investimento por meio do Pronamp (médios produtores).