Por, Marcelo Sá, Editor Responsável
Um levantamento conjunto do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão PE), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Embrapa apontou a riqueza dos compostos presentes no suco de uva integral brasileiro, a partir de variedades criadas pela última. O estudo identificou substâncias conhecidas como fenólicos bioacessíveis, fitoquímicos ou nutracêuticos. Sua principal característica é a alta capacidade de absorção pelo corpo durante as sucessivas etapas de digestão, simuladas em laboratório para fornecer uma visão mais clara e precisa de como se dá a sua interação com o organismo.
Entre os diversos benefícios observados, estão o fortalecimento do sistema imunológico, prevenção de obesidade e diabetes, além do combate a doenças cardíacas e neurodegenerativas. O suco extraído da uva conhecida como BRS Carmen se destacou pelo teor de fenólicos bioacessíveis, servindo de indicador para que variedades dessa matriz sejam mais exploradas em estudos futuros. Cada uma dessas, no entanto, é entendida como única e complexa pelos pesquisadores.
A região do Vale do Submédio São Francisco é, atualmente, um polo produtor do suco integral de uva, sobretudo a partir das variedades adaptadas ao clima tropical semiárido. O volume anual estimado é de 35 milhões de litros, contabilizados também os sucos concentrados. Isso ilustra o sucesso da expansão do cultivo, antes mais restritas ao Sul do País. Com a chegada ao Sudeste, Centro – Oeste e Nordeste, novas fronteiras foram desbravadas e foi preciso lidar com temperaturas e radiação solar mais altas.
Nesse sentido, a atuação da Embrapa foi determinante, uma vez que as novas variedades introduzidas lograram êxito em biomas teoricamente adversos. O programa Uva e Vinho da entidade, criado em 1985, deu mais competitividade aos produtores que puderam atuar em áreas maiores, de climas diferentes, mas aprimorando a qualidade. Para além das mudanças genéticas, houve também orientações quanto ao manejo, combate a pragas e doenças e sustentabilidade. Os avanços, após décadas de esforço conjunto, tornaram-se palpável ao longo da cadeia produtiva, alavancando o consumo consideravelmente.
Além da BRS Carmen, foram avaliadas no estudo a BRS Magna, BRS Violeta e BRS Cora. Para melhor entender as nuances desses resultados, a SNA conversou com Dra. Aline Biasoto, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente. Na entrevista, que pode ser lida aqui, foram abordadas as perspectivas que o sucesso das uvas brasileiras lança sobre o futuro de outras culturas e o papel fundamental da Embrapa na pesquisa e aplicação de tecnologias agrícolas revolucionárias.