Uso de transgênicos reduz demanda por terra

Devido ao manejo facilitado e às menores perdas em função de pragas (insetos e plantas daninhas), os organismos geneticamente modificados (OGM) têm maior potencial produtivo, colaborando assim para reduzir a pressão da agricultura sobre áreas de proteção ambiental. De acordo com o relatório divulgado ontem pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), se as 441,4 milhões de toneladas adicionais de alimentos e fibras produzidas globalmente entre 1996 e 2013 não fossem provenientes de cultivos geneticamente modificados (GM), seriam necessários 132 milhões de hectares a mais, o equivalente à soma das áreas dos estados de maior produção agrícola no Brasil, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.

O aumento de produtividade obtido pela adoção de biotecnologia é especialmente relevante no cenário atual em que se buscam formas de viabilizar a produção de alimentos para uma população em crescimento (9,6 bilhões de pessoas em 2050) sem comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais.

Em 2014, o Brasil cultivou 42,2 milhões de hectares (ha) com as culturas transgênicas, um crescimento de 4,7% em relação ao ano anterior. Com essa área, o País está atrás apenas dos Estados Unidos (73,1 milhões de ha) no ranking mundial de adoção de biotecnologia agrícola. Em seguida, aparecem Argentina (24,3 mi/ha), Índia (11,6 mi/ha), Canadá (11,6 mi/ha) e China (3,9 mi/ha). Em todo o mundo, 28 países plantaram 181,5 milhões de hectares com sementes transgênicas, um aumento de mais de seis milhões de hectares em relação a 2013. Isso demonstra que, cada vez mais, essa tecnologia oferece benefícios agronômicos, sociais, econômicos e ambientais.

O levantamento também revela que os transgênicos são a tecnologia agrícola adotada mais rapidamente na história recente da agricultura. “A área plantada com OGM na última safra (2014) é cerca de 100 vezes maior do que a registrada em 1996, primeiro ano em que foram cultivados; isso mostra o quanto o agricultor e a sociedade percebe os benefícios e a segurança dessa tecnologia”, afirma Anderson Galvão, representante do ISAAA no Brasil. No Brasil, a taxa de adoção foi de 89,3%, considerando soja, milho e algodão, as três culturas GM aprovadas comercialmente no país. No caso da soja, 93% da área foi plantada com variedades transgênicas, para o milho (safras de inverno e verão) a taxa foi de 82% e para o algodão, 66%.

Além dos benefícios agronômicos, os OGM têm colaborado para melhorar a vida de agricultores em todo o mundo. De acordo com as informações do ISAAA, o cultivo de transgênicos trouxe renda para 16,5 milhões de pequenos produtores rurais, beneficiando mais de 65 milhões de pessoas, considerando suas famílias. Globalmente, 90% dos produtores que adotaram a biotecnologia em 2014 são agricultores de pequeno porte. O dado contradiz a crença de que a tecnologia só é viável para grandes produtores.

Outros destaques do relatório global do ISAAA sobre o cultivo de variedades GM:

Bangladesh
Aprovada em outubro de 2013, a berinjela resistente a insetos desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Agrícola de Bangladesh (Bari) já foi cultivada em 2014. No sul da Ásia, infestações de insetos ocasionam, por ano, perdas de 50 a 70% da produção dessa cultura.
Europa
Cinco países da União Europeia continuaram a plantar transgênicos em 2014. Dentre eles, a Espanha se destaca por ser responsável pelo equivalente a 92% da área cultivada com sementes GM no bloco. De acordo com o relatório, a taxa de adoção de milho resistente a insetos neste país atingiu o recorde de 31,6%.
África
A África segue progredindo no que diz respeito ao emprego da tecnologia dos OGM na agricultura. Em 2014, a África do Sul cultivou 2,7 milhões de hectares com transgênicos, a 9ª maior área entre 28 países. Plantas GM estão em testes em outros sete países (Camarões, Egito, Gana, Quênia, Malauí, Nigéria e Uganda).
Benefícios socioeconômicos
O levantamento também menciona uma compilação global de 147 estudos sobre cultivos transgênicos. Segundo eles, ao longo dos últimos 20 anos, em média, os OGM reduziram o uso de defensivos químicos em 37% ao mesmo tempo em que aumentaram a produtividade em 22% e os rendimentos dos agricultores em 68%.
Milho tolerante à seca
Além de caraterísticas agronômicas (tolerância a herbicidas e resistência a insetos), pesquisadores também estão empenhados em desenvolver vegetais com características de resistência a estresses abióticos (seca, solos salinos, inundações, etc.). O primeiro milho tolerante à seca plantado nos EUA, entre 2013 e 2014, teve sua área multiplicada em 5,5 vezes, refletindo a aceitação dessa tecnologia pelos agricultores locais.

 

Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia

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