USDA subestima soja argentina

Diversos analistas especializados em América Latina afirmam que o USDA subestimou significativamente o potencial real das exportações argentinas neste ano. O órgão oficial norte-americano aumentou as vendas externas de soja do país latino em apenas 500.000 toneladas (temporada 2014/2015) enquanto o novo presidente, Mauricio Macri, confirmou a redução de cinco pontos percentuais, fixando em 30% as chamadas retenções para a oleaginosa.

“Com uma possível melhora dos preços da soja, eu acredito que as exportações podem crescer de 10% a 15% em comparação ao ano passado [um aumento de 1 a 1.5 milhão de toneladas]”, declarou Natália Orlovicin, da INTL FCStone. Enquanto o preço da soja caiu 3,9% no fechamento da semana passada em Chicago, houve um aumento de 15,4% no preço do grão (para US$ 307,36/ton.) em Rosario, maior porto exportador da Argentina.

Guillermo Rossi, diretor de informação e estudos econômicos da Bolsa de Comércio de Rosario, afirma que “a estimativa do USDA está curta e podemos ver novas medidas altistas nos próximos dias. Os dados dessa agência indicam que na safra 2014/2015 a Argentina deve exportar 11.6 milhões de toneladas. Nossa estimativa é de 12.5 milhões de toneladas. Isso é porque nós já embarcamos 12.2 milhões de toneladas na temporada comercial e já há mais carga programada”.

Questionado sobre qual país deve perder mais mercado, Rossi disse que os Estados Unidos tendem a perder mais que o Brasil: “É difícil dizer porque o comércio global em geral está crescendo. Seguramente, não vamos roubar o mercado do Brasil porque o seu comércio tem sido agressivo. Os Estados Unidos tem perdido um pouco de mercado porque as exportações estão atrasadas, mas esse mercado pode ser recuperado pelos americanos entre Dezembro e Fevereiro, quando os estoques sul-americanos serão reduzidos”.

Gustavo López, um dos analistas mais experientes de Buenos Aires, pontuou que o plantio da nova safra será um fator chave. “O estoque remanescente do ciclo também é importante. Eu acredito que haverá mais esmagamento e talvez este supere as 44.000 toneladas, que será majoritariamente exportada”, afirmou o diretor da consultoria Agritrend à reportagem assinada pelo correspondente para América Latina do Portal Agriculture.com, o jornalista Luis Henrique Vieira.

Em termos de médio prazo, Raul Padilla, CEO da Bunge Brasil, disse em um evento em São Paulo que a Argentina será um grande desafiante aos concorrentes: “A Argentina está realmente de volta ao jogo no mercado mundial de produtos agrícolas. O valor da moeda será difícil de prever e afetará o comércio de grãos”.

 

Fonte: Agrolink

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