A principal desvantagem logística da agricultura brasileira – o fato de o maior polo de produção de grãos ficar a 2 mil quilômetros dos principais portos marítimos e depender de um deficiente transporte rodoviário – tem remédio. Investimentos privados começam a aliviar a pressão que o cultivo cada vez maior de soja e milho no Centro-Oeste exerce sobre a infraestrutura.
Numa viagem de 8 mil quilômetros por Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia, a Expedição Safra Gazeta do Povo conferiu expectativas, problemas e avanços na logística de escoamento: 2015 se apresenta como um primeiro passo para um sistema menos concentrado em rodovias, com embarques melhor distribuídos entre portos do Sul-Sudeste e do Arco Norte.
A safra é de obras em três pontos chave para a redução de custos: na região de embarque de grãos pelo Rio Madeira, em Rondônia; no complexo de carregamento ferroviário de Rondonópolis, no Sul de Mato Grosso; bem como na “rodovia da soja” (trecho da BR-163 que atravessa MT e MS).
O novo terminal fluvial que o grupo Amaggi constrói em Porto Velho (RO) começa a ser testado nesta semana e tem capacidade para elevar em 1,5 milhão de toneladas o volume anual de soja remetido ao Arco Norte. O terminal ferroviário de Rondonópolis, inaugurado em outubro, deve atingir 9 milhões de toneladas em um ano. Em duplicação até 2019, a “rodovia da soja” está sendo restaurada e registra menos acidentes.
O quadro não tranquiliza o agronegócio, até porque há outros problemas no caminho: o novo terminal de Porto Velho não tem acesso asfaltado e o governo federal está atrasado na licitação da obra; a concentração de cargas em Rondonópolis deixa terminais como o de Itiquira (MT) temporariamente ociosos e exige redistribuição dos carregamentos; as discussões em torno da duplicação da BR-163 põem em xeque e esperada redução no valor do frete.
Embarque duplo
Porto Velho espera embarcar 500 mil toneladas de soja a mais já a partir de 2015. Entra em operação em abril o novo porto de R$ 400 milhões do grupo Amaggi, a 20 quilômetros do antigo Porto Organizado, numa curva do Rio Madeira.
Segundo o gerente das operações do porto antigo (Hermasa), Hermenegildo Pereira, o terminal novo representa embarque adicional. “Vamos continuar com nossas atividades normalmente [no Porto Organizado].” A nova estrutura é estratégica para o Amaggi, que fatura US$ 5 bilhões ao ano no Brasil e no exterior.
O grupo de Blairo Maggi embarca 2,8 milhões de toneladas de grãos ao ano e espera expansão de 50%. As novas instalações têm duas linhas de descarga de caminhões, quatro silos e uma esteira para carregar barcaças. A estrutura vai dar destino à produção de grãos do próprio grupo (Amaggi Agro), aos embarques originados pela Amaggi Commodities e atender outros exportadores como Bunge. A frota de 117 barcaças da Amaggi Navegação também deve ser ampliada.
Linha dupla
O terminal Hermasa, em Porto Velho (RO), embarcava apenas soja convencional, mas, há duas safras, abriu espaço também à transgênica. São duas linhas de entrada (foto) e tombamento de caminhões, que operam em ritmo similar. No terminal do grupo Amaggi, em construção, também haverá segregação.
Fonte: Portal do Agronegócio