Trump diz que ‘não tem prazo’ para por fim à disputa com a China

O presidente dos EUA, Donald Trump, não espera ver muitos avanços nas negociações comerciais com a China nesta semana em Washington, disse ele à Reuters. Ele afirmou ainda que “não tem prazo” para acabar com a disputa comercial com a China. “Eu sou como eles, tenho um horizonte longo”, disse.

As negociações desta semana coincidem com uma nova rodada de tarifas de 25% sobre US$ 16 bilhões em produtos chineses. A sobretaxa entra em vigor nesta quinta-feira, junto com as tarifas retaliatórias de Pequim sobre igual volume de produtos americanos importados pela China. O Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) também conduz nesta semana audiências públicas sobre a proposta de Trump de aplicar tarifas sobre outros US$ 200 bilhões em produtos chineses.

Trump disse que os negociadores chineses estariam chegando em breve, acrescentando que ele não “antecipava muito” das discussões de nível intermediário.

O presidente americano ainda acusou a China de manipular sua moeda para compensar as tarifas cobradas pelas importações impostas por Washington. Ele disse que outros países, incluindo a Europa, se beneficiam das ações de seus bancos centrais durante duras negociações comerciais, mas que os EUA não recebem apoio do Federal Reserve. “Não estou nada satisfeito com esse aumento das taxas de juros. Não estou nada feliz”, acrescentou, se referindo ao presidente do Fed, Jerome Powell.

“Estamos negociando com muita força e firmeza com outros países. Vamos vencer. Mas durante esta fase eu deveria ter alguma ajuda do Fed. Os outros países têm isso.”

“Eu acredito que a China está manipulando sua moeda, com certeza. E acho que o euro também está sendo manipulado”, disse. Trump fez da redução dos déficits comerciais dos EUA uma prioridade, e a combinação de taxas de juros em elevação com um dólar mais forte põe em risco o crescimento das exportações.

Trump frequentemente acusa a China de manipular sua moeda, mas seu governo até agora se conteve em nomear formalmente a China como um país manipulador de moeda na avaliação semestral do Departamento do Tesouro.

O dólar americano se fortaleceu este ano em 5,35% em relação ao yuan, revertendo a maior parte de sua queda em relação à moeda chinesa em 2017.

Trump, que assustou os mercados em julho ao criticar o endurecimento da política monetária do banco central americano, disse à Reuters que acreditava que o Fed deveria adotar uma política monetária mais acomodatícia.

O presidente nomeou Powell no ano passado para substituir a ex-presidente do Fed Janet Yellen. Os presidentes americanos raramente fazem críticas ao Fed, uma vez que a independência do BC é vista como algo importante para a estabilidade econômica.

Indagado se acreditava na independência do Fed, Trump respondeu: “Eu acredito no Fed fazer o que é bom para o país.” Powell assumiu a presidência do Fed no começo do ano. “Estou feliz com minha escolha?”, disse Trump, se referindo a Powell. “Contarei a vocês daqui a sete anos.”

As ações americanas na bolsa recuaram depois dos comentários do presidente, e o dólar caiu em relação a uma cesta de moedas.

Ontem, o presidente dos EUA também descartou a ideia de fazer qualquer concessão à Turquia para conseguir a libertação de um pastor americano que está preso e disse não estar preocupado com a possibilidade de que as tarifas retaliatórias que impôs possam ter um efeito cascata e prejudicar a economia europeia.

Trump disse que acreditava que tinha um acordo com o presidente da Turquia, Recep Erdogan, quando ajudou a convencer Israel a libertar uma cidadã turca. Ele achava que por isso Erdogan libertaria o pastor Andrew Brunson, que nega as alegações da Turquia de envolvimento na tentativa de golpe contra Erdogan há dois anos.

“Acho que é muito triste o que a Turquia está fazendo. Eles estão cometendo um erro terrível. Não haverá concessões”, disse.

Em resposta à recusa de Erdogan em liberar Brunson, Trump impôs tarifas sobre as importações de aço e alumínio turcos, provocando temores de prejuízo econômico na Europa.

“Não estou minimamente preocupado. Não estou preocupado. É a coisa certa a fazer”, respondeu, ao ser indagado sobre o prejuízo potencial para outras economias.

Com relação ao Irã, Trump demonstrou pouco interesse em se encontrar com o presidente iraniano, Hassan Rouhani, para discutir a disputa sobre o programa nuclear iraniano, após ter expressando tal disposição no início do mês. “Se eles quiserem se encontrar ótimo, e se eles não quiserem se encontrar, eu não me importo.”

 

Fonte: Reuters

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp