O mercado doméstico de trigo chega ao final da semana em ritmo lento. São registrados apenas com negócios pontuais. Isso se deve a uma indústria bem estocada, sem necessidade imediata de compra, esperando preços mais atrativos. Já o produtor espera por preços melhores para negociar, devido à recuperação do dólar.
Ontem foi divulgado o relatório sobre a balança comercial brasileira no mês de abril, que indicou a exportação de 185.000 toneladas, das quais 83% provenientes do Rio Grande do Sul e 17% do Paraná. Os principais destinos foram países da Ásia. Já para as importações, o Brasil negociou cerca de 400.000 toneladas, das quais 77% são provenientes da Argentina e 17% dos Estados Unidos.
O Departamento de Economia Rural (DERAL), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu levantamento semanal divulgado na última terça-feira, que o plantio da safra iniciada em 2015 atingiu 30% da área planejada para a temporada. O DERAL indica que 99% das lavouras apresentam boas condições de desenvolvimento e 1% em condições médias, divididas entre as fases de germinação (57%) e desenvolvimento vegetativo (43%).
No Rio Grande do Sul, conforme boletim semanal divulgado pela Emater/RS, terminada a safra de verão, os produtores se voltam para a de inverno, tendo na cultura do trigo o foco de sua atenção. Apesar de terem colhido uma excelente safra com os grãos de verão e de se encontrarem capitalizados, os agricultores não parecem animados, dando mostras que deverão reduzir os investimentos nessa cultura. Há semanas, o mercado dá sinais de pouca movimentação na procura por insumos (principalmente sementes e adubos), indicativos de que, para este ano, a área de trigo a ser plantada deverá ser menor.
Vários fatores contribuem para este cenário, como preços em baixa para o grão – queda de 23,5% em relação ao ano passado -, elevação dos custos de produção – em média 15% mais altos – e incerteza climática. Uma pesquisa realizada durante a segunda quinzena de abril junto a 247 municípios principais produtores do grão sobre a intenção de plantio para 2015 indica que a área deverá encolher 19,88% em relação ao ano passado, quando foram cultivados 1.180 milhão de hectares, segundo o IBGE; se confirmados os números projetados pela pesquisa, a área de cultivo será de 950.000 hectares.
No mercado internacional, o Ministério da Agricultura da Rússia informou nessa semana que planeja a retirada da taxa sobre exportações de trigo. A medida vem mais de um mês antes do previsto para o fim da taxa, visto que as vendas externas tiveram diminuição. Na última terça-feira o ministério informou que pretende reduzir a tarifa mínima de 35 para 1 euro por tonelada. A taxa seria removida em 30 de junho, com o fim do atual ano comercial.
A proposta do ministério impõe a taxa mínima, a partir do próximo ano comercial, caso o preço do trigo no mercado doméstico esteja abaixo dos 12000 rublos (US$ 234,50) por tonelada. A taxa seria aumentada caso o preço também subisse.
Segundo a analista de mercado SovEcon, o preço atual da tonelada do trigo na Rússia é 9.125 rublos. O país implementou a tarifa após a queda da moeda local em relação ao dólar. A desvalorização do rublo provocou um aumento na demanda externa pelo grão russo e, por consequência, temores por parte do governo de que houvesse redução na oferta para o mercado doméstico. Esse cenário pressionaria a alta da inflação, que já ficava em dois dígitos.
A consultoria Informa Economics reduziu, em relatório divulgado no último dia 5, sua projeção para a produção de trigo de inverno dos Estados Unidos. O relatório estimou a safra norte-americana em 1.486 bilhão de bushels – queda de 12 milhões de bushels em relação à projeção anterior. Por outro lado, o número representa uma elevação de cerca de 108 milhões de bushels em relação ao ano anterior.
Fonte: Agência Safras