Tradings levam soja aos portos em trens contratados para milho

Tradings de grãos estão levando soja até os portos usando o espaço contratado inicialmente no sistema ferroviário brasileiro para transportar milho, disse o chefe de commodities da XP Investimentos, Fernando Rodrigues, ao Broadcast Agro nos bastidores do Agrifinance, evento realizado pela XP e pela consultoria Datagro.

Tradings estão usando o “take or pay” (acordos entre comprador e vendedor que obrigam o comprador a pagar, independentemente de haver ou não a entrega do produto) contratado em ferrovias para milho para mandar soja. A gente deve prolongar as exportações de soja e postergar os envios de milho, disse Rodrigues. Provavelmente vamos ter embarques de milho concentrados no último trimestre do ano. Segundo ele, três fatores contribuem para esse movimento: a guerra comercial que ampliou a demanda chinesa por soja do Brasil, a quebra da safrinha de milho e a indefinição sobre os fretes. Temos um “line up” menor para o milho, em relação ao ano passado”, disse. Isso tem mostrado que existe a possibilidade de exportarmos menos milho do que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está prevendo (30 milhões de toneladas).

Rodrigues ressaltou que os preços do milho estão sustentados no País tanto pela quebra mais acentuada da safrinha em Mato Grosso do Sul e no Paraná quanto pelo fato de que agricultores estão segurando o produto. Ele (o produtor) não vende todo o produto como fazia antigamente. Esse movimento faz com que não haja pressão sobre os preços, disse. Segundo ele, a cotação ainda elevada do cereal afeta as margens de produtores de frangos e suínos, que aguardam maior oferta para ampliar compras. Produtor está vendendo aos poucos, armazenando o que pode em silos e o que sobra acaba colocando no silo-bolsa.

Segundo Rodrigues, o tabelamento do frete tem prejudicado a negociação antecipada de soja e os negócios de troca e “barter” referentes à safra 2018/19, o que pode levar produtores a outras formas de financiamento. Isso prejudica toda a cadeia, inclusive a cadeia de financiamento do produtor. Se produtor não faz o “barter”, fica com uma opção a menos para financiar a produção.

 

Fonte: Estadão

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