Tecnologia, sustentabilidade e segurança alimentar geram competitividade no agro

Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Abag. Foto: Cauê Diniz

O agronegócio brasileiro é altamente competitivo em todo o mundo por diversos motivos, entre eles, o uso da tecnologia em toda a cadeia produtiva; questões naturais como solo fértil, clima favorável e água em abundância;  estrutura de financiamento que possibilita o crédito para todos os produtores, e principalmente, a mão-de-obra que busca atender às demandas por alimento, tanto no mercado interno como em nível global.

Mas, para manter essa competitividade, o agro precisa mostrar para às sociedades globais que a sustentabilidade ambiental é prioridade no setor, assim como sua capacidade de garantir a segurança alimentar e do próprio alimento. Essa foi uma das conclusões do Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), realizado nesta segunda-feira em formato virtual, reunindo mais de oito mil participantes.

O evento, que foi organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), com o apoio da revista A Lavoura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e de outros parceiros, teve como tema central “Lições para o Futuro”.

Nova realidade

Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da associação, afirmou na abertura do evento que o período pós-Covid 19 já mostra os sinais de uma realidade que irá priorizar a saúde, a sanidade e a sustentabilidade. “Também na esteira da saúde está a luta contra a poluição, que em síntese tende a acelerar no mundo a economia verde, de baixo carbono, na lógica da economia circular”.

Nesse contexto, Brito destacou que a Abag foi a primeira associação do agronegócio em nível mundial a neutralizar todas as suas emissões de gases de efeito estufa em 2019. A ação foi possível, segundo ele, devido ao novo ativo ambiental do agronegócio brasileiro, os CBios, créditos de descarbonização criados na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).

Foram comprados e retirados de circulação 55 CBios (cada um equivalente a uma tonelada de carbono de emissão evitada com a substituição de combustíveis fósseis por renováveis), ao preço médio de R$ 22,00.

Potência ambiental

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ressaltou que o Brasil é uma potência no agro, mas também na área ambiental, porque consegue desenvolver e preservar de forma constante e contínua. “Estamos batendo recordes nas safras de grãos, melhorando nossa pecuária, diversificando nossos produtos, ao mesmo tempo, diminuindo o uso da terra e aumentando a produtividade”.

Tereza Cristina destacou ainda a importância da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e da tecnologia desenvolvida no País, voltada para o solo e o clima tropical, que segundo ela contribui para o abastecimento de mais de 200 países e para a abertura, apenas neste ano, de 70 mercados.

“Teremos um mundo mais exigente em sanidade, em sustentabilidade. Assim, temos de exercitar a sustentabilidade, aquilo que sabemos fazer. Por isso, neste ano, quando estávamos construindo o Plano Safra, fizemos questão de inserir recursos para os diversos programas que priorizam a sustentabilidade”, ressaltou a ministra.

Processos

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atual coordenador do FGV Agro, afirmou que a pandemia agilizou o processo tecnológico e científico, reconhecido pela maior conectividade e digitalização.

“O evento convergiu para dois temas centrais: a segurança alimentar e do alimento e a sustentabilidade”, disse. No caso do primeiro tema, o mundo vai proteger a agricultura, podendo criar mecanismos de protecionismo que podem perturbar o comércio global. “Precisamos ficar atentos”, ressaltou.

Rodrigues também avaliou a necessidade de eliminar a divisão entre produtores e ambientalistas. “O Código Florestal é fundamental para todos nós. Ele não prejudicou nem auxiliou excessivamente nenhum dos dois lados. Precisamos acabar com essa diferença, por meio da ciência, tecnologia, racionalidade e política, que precisam estar unidas, caminhando nessa direção, ou seja, garantindo a segurança alimentar com sustentabilidade”.

Infraestrutura

O ministro Tarcísio Gomes de Freitas reforçou as ações do governo para melhorar o setor de infraestrutura, possibilitando um melhor e maior escoamento da safra. Entre as iniciativas, ele destacou o aumento da oferta ferroviária, com investimentos de R$ 40 bilhões nos próximos anos, objetivando dobrar a matriz.

Freitas também mencionou outras medidas como a desestatização de portos para aumentar a capacidade portuária e melhorar o embarque dos produtos, e a ampliação da pavimentação de rodovias nacionais. Todas as essas ações, segundo Freitas, vão permitir, por exemplo, uma repercussão no frete pago pelo setor.

A abertura do Congresso também contou com os pronunciamentos do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, e do deputado federal e do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira.

Tendências

No painel “Agro e A Nova Dinâmica Econômica, Social e Ambiental”, Celso Luiz Moretti, presidente da Embrapa, anunciou algumas tendências para o futuro do agronegócio, entre elas, a presença da digitalização e da conectividade no campo, a bieconomia, a edição genômica das plantas e os sistemas integrados.

José Roberto Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Associados, ressaltou a importância da sustentabilidade na produção agrícola. “O que garante o sucesso do agro é o desenvolvimento tecnológico e sustentável. Para aumentar a produção, por exemplo, não é necessário queimar nenhum hectare de terra. O que vem acontecendo com a Amazônia é inaceitável”.

Nesse sentido, André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), afirmou que, com tecnologia e sustentabilidade, será possível atrair investimento para produzir ainda mais. Segundo Guimarães, “o meio ambiente precisar ser considerado um ativo, e a preservação da Amazônia, um investimento”.

Nos painéis seguintes, os participantes do congresso debateram, entre outros assuntos, a necessidade de foco nas questões ambientais e climáticas, a humanização da agricultura, além de aspectos relacionados ao cooperativismo, ao financiamento e seguro rural e à emissão de títulos verdes (ou green bonds).

Acompanhe aqui o evento na íntegra.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação/ Abag

Equipe SNA

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