Tecnologia reduz perdas na colheita do feijão

Uma tecnologia que permite adaptar as colhedoras usadas para soja e trigo para a colheita mecanizada do feijão pretende reduzir as perdas nesta etapa da produção e, assim, garantir maior rentabilidade aos produtores e maior oferta do alimento na mesa dos brasileiros. Trata-se de uma adaptação na plataforma específica para a cultura, desenvolvida pela empresa INCOMAK, de Jandaia do Sul (PR), com apoio tecnológico do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) através da Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro).

De acordo com o pesquisador Hevandro Colonhese Delalibera, da área de Engenharia Agrícola do IAPAR, o projeto da empresa obteve recursos de financiamento público através de Subvenção Econômica de Inovação (Tecnova). “O IAPAR oferece ferramentas tecnológicas para reduzir o custo do desenvolvimento e da produção e também fará a validação do produto. A Fapeagro é a gestora do recurso direcionado para a instituição pública”, explica.

Na prática, o projeto visa melhorar o processo de colheita mecanizada do feijão. Delalibera conta que, nas lavouras, os produtores rurais contam até agora com duas opções de colheita: a semi mecanizada, com parte do processo de colheita realizada manualmente por trabalhadores e parte realizada por máquinas; ou a colheita mecanizada, com utilização de colhedoras com plataforma de colheita empregada para soja ou trigo.

“A questão é que o feijão é uma cultura regional, em termos de mundo, e há pouco tempo de pesquisas em melhoramento voltadas a selecionar plantas com características interessantes para a colheita mecanizada, como já ocorre com a soja”, explica o pesquisador, destacando que as plantas possuem hábito de crescimento prostrado, ou seja, são muito rasteiras. Essa característica dificulta a mecanização, proporcionando perdas de até 30% dos grãos quando usados os equipamentos originalmente fabricados para commodities, sendo que pelo menos metade disso é proporcionado pela plataforma de corte e recolhimento da colhedora.

Para reduzir esta perda, o pesquisador do IAPAR, em parceria com a INCOMAK, está auxiliando o desenvolvimento de uma adaptação para as plataformas das colhedoras que as tornam mais eficientes para o feijão. “Estamos testando uma alteração no molinete que permite pegar as plantas mais próximas do chão”, esclarece, destacando que a tecnologia também é adequada para a soja quando a cultura apresenta baixa produtividade e estatura de planta.

Segundo ele, esta é uma alteração simples, de baixo custo, que vai garantir uma colheita mais eficiente do feijão sem necessidade de comprar uma nova máquina. “Basta trocar a peça da plataforma da colhedora para adaptá-la ao feijão. Quando for colher soja ou trigo, é só retornar o sistema original da plataforma caso seja necessário”, reforça.

Delalibera destaca que as grandes empresas multinacionais da área de máquinas agrícolas focam no desenvolvimento de tecnologia para as grandes culturas mundiais. “O feijão é um alimento comum para os brasileiros e outros poucos países. Como a grande indústria não foca na cultura, torna-se um nicho interessante para as empresas nacionais menores”, ressalta.

Os resultados finais da pesquisa e o produto acabado serão apresentados pelo IAPAR ao público em fevereiro do ano que vem durante o Show Rural em Cascavel. Profissionais da área de colheita que estão testando o produto, porém, garantem que os resultados são surpreendentes.

Celso Ferreira Leite é dono da empresa CL Colheitas, que terceiriza a colheita de várias culturas na região de Jardim Alegre. Ele é um dos parceiros do projeto e está testando a plataforma para colheita de feijão. A cada alqueire, ele costumava perder cerca de 20% da produção usando a máquina de soja. Com o equipamento adaptado para o feijão, reduziu as perdas para 5% a 7%.

Ele colhe uma média de 100 alqueires ao ano e contabilizava perdas de 8 a 10 sacas por alqueires. “Agora reduzimos para 3 a 4 sacas”, diz, destacando que a eficiência da tecnologia se mostra também na seca, quando o feijão ralo não cresce e fica impossível de ser colhido. “O produto resolve o problema”, disse.

 

 

Fonte: Agrolink

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