Dois pesquisadores do Centro Tecnológico Nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia de Angola, África, Hilário Tshitshi Gomes e Eunice Domingos Mateus (foto), participam do 46º Curso de Cultivo de Cogumelos Comestíveis, promovido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, no período de 28 de outubro a 1º de novembro, em Brasília, DF. Eles coordenam um projeto de produção de cogumelos em Angola e pretendem disseminar a tecnologia JunCao para produtores daquele país.
Segundo Hilário, a produção de variedades nativas de cogumelos em Angola ainda é bem incipiente, em pequena escala e sem tecnologia, feita na maior parte por pequenos produtores locais e comercializada em feiras e outros espaços alternativos. Quase todos os cogumelos à venda no mercado são de origem importada.
Por isso, eles acreditam que a tecnologia JunCao, adaptada da China para o Brasil pela pesquisadora Arailde Urben em 1995, pode ser uma ótima opção de renda para os produtores de Angola. É uma técnica que torna o cultivo mais barato, pois utiliza gramíneas como substratos para crescimento dos fungos, ao invés de troncos de madeira e serragem, como nos meios de cultivo tradicionais.
O objetivo dos pesquisadores angolanos é transferir a tecnologia JunCao para grupos de produtores a partir de cursos. Para isso, vão contar com o apoio técnico da Embrapa, a partir da pesquisadora Arailde Urben. Segundo Hilário, é provável que esses cursos sejam iniciados em 2015.
Além de representarem uma possibilidade de diversificação de renda para os produtores africanos, os cogumelos são alimentos muito nutritivos – com quantidade de proteínas superior a da carne – de 28 a 34% contra 14% da carne – e acima de alguns vegetais e frutas, ricos em vitaminas e carboidratos e com baixo teor de gordura. “Além de serem importantes aliados na prevenção de doenças como o câncer, por exemplo, que está crescendo significativamente em Angola nas últimas décadas”, complementa o pesquisador.
Angola é um país da costa ocidental de África e tem hoje uma população de 24 milhões de habitantes. O país tem vastas reservas minerais e de petróleo e sua economia tem crescido desde a década de 1990, especialmente desde o fim da guerra civil. Mas, ainda assim, os padrões de vida angolanos continuam baixos para a maioria da população e as taxas de expectativa de vida e mortalidade infantil no país estão entre as piores do mundo.
40 pessoas participam da 46ª edição do Curso em 2014
Os pesquisadores angolanos estão entre as 40 pessoas que participam do Curso de Cultivo de Cogumelos Comestíveis em 2014. O curso é realizado pela pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Arailde Urben desde 1996, quando ela trouxe a técnica da China e adaptou-a às condições brasileiras. De lá pra cá, mais de 1.600 produtores de várias regiões brasileiras e outros países já foram capacitados nesta tecnologia.
No Brasil, o mercado de cogumelos no Brasil está em franca expansão, explica o biólogo Edison de Souza, um dos instrutores do Curso. Nas décadas de 70 e 80, a produção de cogumelos no País era de apenas 3.000 toneladas/ano. Hoje, é de cerca de 17 mil toneladas.
Para Edison, esse aquecimento do mercado tem relação direta com o trabalho desenvolvido pela Embrapa. “Em 1996, a pesquisadora Arailde começou a promover cursos para produtores. Em 2002, promoveu o I Simpósio Internacional sobre Cogumelos Comestíveis, em Brasília, trazendo pela primeira vez ao Brasil especialistas internacionais nessa área. O panorama brasileiro de produção de cogumelos comprova a influência da entrada da Embrapa nesse contexto”,
No sábado, dia 01/11, as palestras serão abertas ao público
O último dia do Curso (sábado, dia 01/11, na parte da manhã) é aberto ao público da capital federal. A programação começa às 8 horas, com a palestra “Diversidade de cogumelos funcionais e sua Importância na saúde humana”, a ser ministrada pela pesquisadora Arailde Urben.
Às 9h45, os médicos oncologistas de São Paulo Jorge Gennari e Marcelo Gennari apresentam as palestras “Efeitos terapêuticos de Agaricus blazei e Ganoderma lucidum” e “O impacto da suplementação de Agaricus sobre as Células “Natural Killer”, respectivamente.
Vale a pena conferir. As palestras serão realizadas no auditório Assis Roberto De Bem da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Parque Estação Biológica, final Av. W5 Norte, Asa Norte, Brasília, DF) e a entrada é franca.
Fonte: Embrapa