Entre março e novembro, o frete da soja em grão de Sorriso para o Porto de Santos (SP) caiu de R$ 305 para R$ 200 a tonelada, não cobriu os custos de operação e onerou o transporte rodoviário. Hoje, de concreto, não há um preço mínimo fixo do frete que venha a cobrir os custos de uma viagem, e a saída pode estar em uma tabela de preços mínimos, cuja proposta do projeto de lei 258/2015 será votada hoje pela comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados.
Caminhoneiros de diversos cantos do Brasil estão em Brasília (DF) em busca da aprovação da tabela. São motoristas tanto de empresas quanto autônomos, em prol de um objetivo manter a categoria ativa e sair da crise que assola o setor há dois anos. De acordo com a categoria, empresas que não participaram do movimento grevista de 2015, principalmente as de Mato Grosso, aderiram ao movimento e estão na capital federal para pedir ao governo que atenda ao setor.
Na terça-feira (29), caminhoneiros em Brasília realizaram uma carreata pelos ministérios e pela Avenida das Bandeiras. A categoria está concentrada no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, e uma nova carreata ocorre hoje. Em Mato Grosso, foram registradas manifestações pacíficas na região de Alto Araguaia, Sinop, Nova Mutum e Diamantino. Na manhã de hoje, houve interdição no km 593 da BR-163 em Nova Mutum, de acordo com informações da Concessionária Rota do Oeste. No local está permitida a passagem de ônibus, ambulâncias, veículos de passeio e veículos de cargas perecíveis.
A reportagem do Agro Olhar obteve informações de manifestações nas rodovias e trevos de cidades no Rio Grande do Sul e Paraná. Conforme um dos membros da União do Transporte de Cargas, Gilson Baitaca, que está em Brasília, dois grupos de representantes dos caminhoneiros percorreram na tarde de terça-feira os gabinetes dos deputados federais que compõe a comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados. O intuito foi pedir a aprovação do projeto de lei e apresentar as dificuldades vividas não apenas pelos transportadores de grãos, mas também os que transportam cargas em caminhões baú, carga perecível e carga líquida.
Levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que consta em seu site, mostra que o frete de Sorriso para o Porto de Santos hoje está na casa dos R$ 200. O valor é 34,4% inferior aos R$ 305 pagos pela tonelada em março, mês considerado o pico da safra de soja. Ao se comparar com novembro de 2015, o recuo é de 33,3% diante dos R$ 300 pagos na época pela tonelada de Sorriso para o Porto de Santos.
Ao se comparar o chamado frete curto, ou seja, dentro do próprio estado, há um recuo de 34,5% entre março e novembro no trajeto de Sorriso para Rondonópolis. Em março, a tonelada custava em média R$ 110 e hoje sai a R$ 72. Em novembro de 2015 o valor era de R$ 104.
Em entrevista ao Agro Olhar, Gilson Baitaca afirma que a participação dos caminhoneiros, em especial dos que não estiveram juntos à categoria em manifestações anteriores, é de suma importância e relevância para o transporte, independentemente do tamanho da empresa, pois todos estão passando por dificuldades. “A situação é caótica tanto para quem é frotista quanto para quem é autônomo. Todos estão no mesmo barco”.
Fonte: Agro Olhar