Deu resultado o trabalho da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg) junto ao governo federal para impedir a importação de grãos verdes de café do Peru. Após tratativas entre as entidades, foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta (21) a deliberação do Ministério da Agricultura que reverte a recente liberação, considerada equivocada pelo setor produtivo.
Segundo o presidente das Comissões de Cafeicultura da Faemg e da CNA, Breno Mesquita, a suspensão é fruto de intensa mobilização do setor nos últimos dias.
“Foi um esforço de muitos parceiros. Estivemos em diálogo constante com o Ministério, e apresentamos um estudo técnico, elaborado pela CNA, com a argumentação científica dos riscos fitossanitários à produção nacional, além do ponto de vista do impacto econômico e social. Era indispensável que a liberação fosse suspensa e os critérios sanitários fossem revistos antes que se concretizasse uma primeira remessa, independentemente de volume”, explicou.
O texto publicado nesta quinta-feira, 21 de maio, pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspende a importação até que a Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do Peru (ONPF) apresente um plano de trabalho, que seja aprovado pela Defesa Sanitária brasileira, contendo informações sobre a produção, pragas presentes e tratamentos fitossanitários utilizados, bem como medidas de mitigação de risco de envio de pragas no comércio internacional de café.
“Não podemos dar a questão como encerrada. Continuaremos acompanhando os desdobramentos, realizando novos estudos técnicos e participando ativamente para evitar que haja nova liberação”, afirmou o diretor da Faemg.
IMPACTO ECONÔMICO
No início da semana, Breno Mesquita havia criticado a abertura brasileira ao grão peruano, lembrando que, além do risco de trazer novas pragas às lavouras brasileiras, provocaria grave impacto econômico ao País.
“Não há nada que justifique essa importação, que prejudicaria seriamente um setor produtivo que sempre teve enorme importância para nossa economia. Somos o maior produtor mundial de café, com mais de um terço de todo grão produzido no mundo. Se nossa produção supre o mercado em quantidade, qualidade e variedades, é no mínimo um contrassenso liberar a entrada de um produto que canibalizaria a geração de milhares de emprego e de renda em nosso país”, criticou.
Para 2015, a produção nacional de café prevista é de mais de 40 milhões de sacas, garantindo faturamento de cerca de R$ 20 bilhões de reais. O setor emprega aproximadamente oito milhões de brasileiros.
“O Brasil tem investido muito em quantidade e em qualidade, e tem ainda a sustentabilidade como um dos principais fatores de diferenciação de sua produção. Por trás do grão, há um forte trabalho de pesquisa, inovação e boas práticas. A livre entrada do grão peruano, a preços inferiores certamente desestimularia os cafeicultores brasileiros que tanto investem em melhoria da qualidade de seu café e na produção sustentável e ética”, explicou o diretor da Faemg.
Fonte: Faemg