Sul se destaca pela produção de couve-flor e brócolis

O município de Linha Nova, no Rio Grande do Sul, com apenas 1.624 habitantes e 63 km² de área, é o maior produtor de couve-flor do Estado, com 3.200 toneladas da hortaliça produzidas por 132 famílias, em uma área de 178 hectares. Em relação à produção de brócolis, o município fica atrás apenas de São Francisco de Paula, nos Campos de Cima da Serra, com 468 toneladas cultivadas por 42 famílias, em uma área de 39 hectares. Outras brássicas, como o repolho, também apresentam boa produtividade. No local são cultivadas 297 toneladas da hortaliça, em uma área de 11 hectares, com o trabalho de 51 famílias de agricultores.

Um dos fatores que favorece esse cenário, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Linha Nova, Lori Miguel Baloch, é a posição geográfica do município, que está a cerca de 500 metros acima do nível do mar, e o microclima adequado para estes tipos de cultivo. Como estas hortaliças precisam de temperaturas um pouco mais amenas, o fato de o município estar localizado ao lado de uma encosta de Serra, faz com que sempre haja uma brisa, mesmo em dias mais quentes. “Com exceção dos meses de janeiro e fevereiro, especialmente quando o verão está muito quente, é possível ter produtividade o ano inteiro”, garante Baloch.

O produtor Danilo Kohler, da localidade de Morro Grande, é um dos que investe no cultivo das três hortaliças. Em sua propriedade, possui seis mil pés de brássicas em dois hectares de área – sendo três mil de brócolis e três mil de couve-flor e repolhos. Adotando o plantio escalonado, o agricultor garante a entrega para a Ceasa/RS durante o ano inteiro. Apesar do bom volume, a produção é relativamente recente na propriedade de Kohler. “Comecei há cinco anos, depois de herdar a terra dos pais e depois de acompanhar o meu cunhado em algumas entregas que fazia”, observa o agricultor que antes trabalhava como silvicultor.

Além das experiências na companhia do cunhado, também houve incentivo da esposa, que já trabalhava com hortigranjeiros. “Aprendemos muitas coisas fazendo, mas também participando de excursões e visitas a outras propriedades”, afirma. Apesar de não abandonar a silvicultura, o agricultor se diz realizado com o trabalho, já que a lavoura exige menos dos produtores. “Além de podermos fazer o nosso horário e sermos nossos chefes”, sorri. Sobre o segredo para uma boa produtividade, diz envolver desde a escolha adequada das mudas, até uma boa irrigação, o que garante hortaliças mais fortes e com menos ataques de pragas.

Já o produtor Pedro Plautz, da localidade de Morro Stumm, possui cinco hectares de área plantada, com um rendimento de 12 mil pés. Com uma produtividade maior e com o sistema de escalonamento, Plautz tem no filho Fernando o apoio de trabalho na propriedade. “Gosto do trabalho e tenho vontade de seguir no campo”, afirma o jovem de 22 anos. Recebendo uma média de R$ 20 por dúzia de couve-flor e R$ 15 por dúzia de brócolis entregues, o agricultor, que cultiva hortaliças há quatro anos, se diz contente com a lavoura. “É um trabalho que dá bom retorno e que garante qualidade de vida, apesar dos poucos dias de folga”, ressalta.

O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Linha Nova, Cristiano Nienov, afirma que a história do cultivo desse tipo de hortaliças no município, tem a ver com a necessidade de diversificação da produção nos anos 80. Na época, de acordo com Nienov, havia muitos produtores de leite que faziam entregas para uma cooperativa de Nova Petrópolis. “Só que o leite não era tão valorizado como hoje em dia”, lembra. Assim, alguns produtores da localidade de Morro Grande passaram a outros cultivos, como acácia-negra e aipim, até chegar à produção da couve-flor. “O crescimento veio a partir da década de 90, com a emancipação, que garantiu incentivos à área, além do aumento da procura pela hortaliça nos últimos anos”, diz.

 

Fonte: Emater

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