Os subsídios oferecidos pelos governos à produção e ao comércio de algodão aumentaram 39% na safra 2019/20 e alcançaram US$ 8 bilhões, segundo levantamento divulgado pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (ICAC), formado por países produtores, consumidores e exportadores da commodity. No ciclo 2018/19, o montante somou US$ 5.7 bilhões.
Segundo o ICAC, 11 países informaram que prestaram assistência ao segmento em 2019/20. Em média, esse apoio foi de 20 centavos de dólar por libra-peso, em relação à média de 15 centavos na safra anterior. Para o comitê, há uma forte correlação entre os subsídios e os preços internacionais do algodão, e na temporada passada esse aumento dos subsídios colaborou para compensar a queda das cotações.
O Brasil, que é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, obteve há alguns anos uma vitória inédita na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios concedidos por Washington aos cotonicultores americanos. Mas o fato é que as subvenções perduram, com nova roupagem, e continuam a distorcer as trocas globais.
A fatia da produção mundial de algodão que se beneficiou de ajudas diretas de governos, chegou a 83% em 2008/09 e flutuou de 45% a 76% entre os ciclos 2014/15 e 2019/20. Isso se explica pela alta ou baixa da produção da commodity e dos preços internacionais. Se o preço está elevado, a ajuda normalmente diminui, e vice-versa.
A China é o país que mais subsidia os cotonicultores. No país, a ajuda pulou de US$ 3.8 bilhões, no ciclo 2018/19, para US$ 4.7 bilhões em 2019/20. A ajuda média por libra produzida passou de 29 centavos de dólar para 37 centavos. Com essa injeção de dinheiro, os chineses são os maiores exportadores mundiais, com aproximadamente US$ 14 bilhões por ano.
Os EUA vêm em segundo lugar, com subvenções que aumentaram de US$ 1.2 bilhão, em 2018/19, para US$ 2 bilhões em 2019/20. Os produtores americanos continuam a se beneficiar da nova Farm Bill, a lei agrícola americana, com programas de crédito para comercialização e outras ajudas.
A Índia aparece como o terceiro país que mais subsidiou a área de algodão em 2019/20. A ajuda à produção passou de modestos US$ 46 milhões, em 2018/19, para US$ 590 milhões. Não por coincidência, o país é também o terceiro maior exportador mundial. Outros grandes fornecedores de ajuda aos cotonicultores são Turquia, Grécia, Espanha, Burkina Faso, Mali, Costa do Marfim, Senegal e Colômbia.
O ICAC realçou que, em 2019/20, Brasil e Paquistão, por exemplo, não deflagraram seus programas de preços mínimos de apoio, porque as cotações praticadas no mercado eram superiores aos valores das intervenções dos respectivos governos.
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