O Notícias Agrícolas conversou na quinta-feira (14/2) com Antônio da Luz, economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), para discutir a questão do crédito rural subsidiado, já que a ministra da Agricultura, recentemente, chegou a dizer que não pode haver uma reviravolta total no modelo que existe. Para ela, precisa ser um “desmame” mais lento para o setor.
Luz faz parte da equipe que está discutindo essas mudanças junto ao governo e destaca que os subsídios ao crédito rural não vão acabar. “Essa não é a intenção do setor”, como ressalta o economista, “bem como em nenhum momento se discutiu cortar os subsídios. Entretanto, está se discutindo se esse subsídio chega ou não ao produtor”. Esse é um debate que, para o economista, deve ser enfrentado.
“Mas, antes de se pensar em um novo modelo, é preciso refletir sobre o atual modelo” que, segundo Luz, foi bastante criativo. “Saímos de uma situação na qual o governo financiava a agricultura e passamos a outro sistema no qual a sociedade financia o setor, retirando dinheiro dos depósitos compulsórios e deslocando dinheiro da caderneta de poupança. Neste último caso, apenas bancos federais e, posteriormente, cooperativas de crédito”.
Esse sistema, de acordo com o economista, foi criado em um momento de uma agricultura de 50 milhões de toneladas. Mas hoje temos uma agricultura de 240 milhões de toneladas. “O agronegócio, de 1996 para cá, cresceu muito mais do que cresceram os depósitos a vista”, disse.
“Do Plano Safra 2014 ao Plano Safra 2018, o custo de produção aumentou 22%. Sem considerar aumento de área, aumentamos, no mínimo, 22% a necessidade de recursos. Entretanto, neste mesmo período, mesmo com os anúncios cada vez maiores, o que de fato foi emprestado caiu 10,5%”.
Para Luz, os produtores estão pagando juros estratosféricos e o sistema “naturalmente, bateu no teto”. Por isso, devem ser pensadas novas alternativas que não são para o próximo Plano Safra. Segundo o economista, o setor, entretanto, tem solicitado ao governo que estude alternativas porque esse sistema tem dado sinais claros de esgotamento.
Acesse aqui a entrevista completa com Antônio da Luz.
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