O mercado da soja na Bolsa de Chicago voltou do feriado nos Estados Unidos em leve baixa. Por volta das 9h35 (Horário de Brasília), os principais vencimentos estavam em queda de 1,25 a 1,75 centavos. O julho/17 estava cotado a US$ 9,24 ¾ o bushel.
O mercado se mostram ainda um pouco mais na defensiva frente a uma semana cheia de novos dados que serão divulgados nos próximos dias. A nova safra americana volta a ser o foco principal do mercado, que espera pelo novo relatório semanal de acompanhamento de safras que o USDA divulgará as 17h (Horário de Brasília), após o fechamento da CBOT.
Segundo a Labhoro, o mercado espera o plantio da soja entre 64% e 67%, contra 53% da semana anterior.
Além disso, ainda nesta terça serão divulgados os números atualizados dos embarques semanais de grãos. Em seu último relatório de embarques, divulgado no dia 22 de maio, o USDA informou que o total da oleaginosa norte-americana já embarcada era de 50.447.843 toneladas, contra um pouco mais de 43 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.
Além disso, o mercado segue acompanhando as condições climáticas no Meio-Oeste americano. Os próximos dias serão de mais chuvas, apesar de mais espaçadas e menos volumosas. Os modelos climáticos europeus, como mostram as informações da Labhoro, mostram possibilidades de algo entre 75 e 100 mm de chuvas em Iowa (exceto sudeste), oeste e sul do Missouri, Oklahoma, Texas, Louisiana, Arkansas, Mississippi, Alabama e Tennessee. As demais áreas têm chuvas previstas de no máximo 45 mm acumulados.
Sobre as temperaturas, as previsões seguem indicando que elas continuam mais baixas do que o normal para o período e, segundo a AgResource Brasil, esse ainda deve ser o padrão pelas próximas duas semanas. Porém, a consultoria afirma ainda que “a frente fria chegando ao leste do Cinturão nos primeiros dias de junho começa a perder forças, dando espaço para um padrão climático dentro das normalidades sazonais”.
Sem a referência do mercado na Bolsa de Chicago com o feriado do Memorial Day nos Estados Unidos, os preços da soja no Brasil registraram um início de semana bastante estável.
O dólar, afinal, também registrou uma movimentação limitada. A moeda americana fechou em alta de 0,13%, cotada a R$ 3,2695 para a venda.
No porto de Paranaguá, a saca da soja no mercado disponível encerrou o dia, cotada a R$ 68,50, assim como em Rio Grande. Já no terminal de Santos, a saca foi cotada a R$ 69,20 e em Imbituba a R$ 69,50.
No interior do Brasil, porém, a saca recuou até 1,71%, com cotações nas principais praças de comercialização variando entre R$ 51,00 e R$ 66,50.
Os negócios pouco evoluíram com a falta de referência da CBOT. Os vendedores ainda estão bastante apreensivos e esperando pelo retorno das operações em Chicago.
Segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado, nesta semana, entra em uma nova onda de calmaria e poucos negócios “porque somente sofrerá alterações se algum outro homem-bomba apareça com mais escândalos (que poderiam mexer com o câmbio), o que aparentemente não se espera”, disse.
Por outro lado, o consultor lembra ainda que se trata de um período de final de mês e há muitos produtores com a necessidade de fazer caixa para a quitação de algumas dívidas. Dessa forma, as ofertas poderiam ser ligeiramente maiores neste início de semana – apesar da calmaria esperada no dólar e em Chicago, caso o plantio continue evoluindo bem nos EUA. “E depois, tenderemos a ver (nova) redução das vendas”, disse Brandalizze.
Após o feriado, milho registra queda em Chicago
Após o feriado do Memorial Day, os contratos futuros do milho iniciaram a terça-feira (30/5) em baixa na Bolsa de Chicago (CBOT). Os principais vencimentos registravam quedas de 2,75 a 3 centavos. Por volta das 7h45 (Horário de Brasília), o julho/17 estava cotado a US$ 3,71 ½ o bushel, enquanto o dezembro/17 estava a US$ 3,89 ¾ o bushel.
O comportamento do clima no Meio-Oeste americano continua no radar do mercado. E, apesar das chuvas, o site Agrimoney.com destacou que “o clima do final de semana certamente não aumentou a chance dos agricultores serem forçados a colocar a área cultivada de milho em soja, que pode ser semeada mais tarde”.
No final da tarde de hoje, o USDA atualizará as informações sobre o plantio americano. Até a semana anterior, 84% da área já havia sido semeada. “Se tivermos o plantio abaixo de 90% e o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições vier abaixode 69% o mercado pode registrar uma reação volátil”, disse o corretor da Price Futures, Jerry Gidel, em entrevista ao portal americano.
Já no caso do milho, o percentual esperado é de algo acima dos 90%, uma vez que nas áreas onde o plantio do cereal estava menos evoluído, o final de semana foi de condições mais favoráveis de clima, permitindo um melhor desenvolvimento da semeadura.
O boletim divulga também os dados sobre as condições das lavouras de milho e as expectativas são de plantações em boas ou excelentes condições na casa de 66% a 68%. A média para este período é de 72%.
Ainda nesta terça-feira, o USDA divulga o seu boletim de embarques semanais, importante indicador de demanda. Na semana anterior, os embarques foram de 1.144.187 toneladas do cereal.
Mercado interno
A queda de braços entre compradores e vendedores travou as negociações de milho no mercado interno brasileiro. De um lado, os vendedores estão reticentes em aceitar preços abaixo dos pedidos e os compradores ainda estão retraídos e aguardam a chegada da segunda safra. Somente na safrinha, o Brasil deverá colher mais de 62.68 milhões de toneladas.
Ontem, sem a referência da Bolsa de Chicago (CBOT) devido ao feriado do Memorial Day, as cotações do cereal permaneceram inalteradas, conforme levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. Apenas em Campinas (SP), a saca caiu 1,78%, cotada a R$ 27,60.
O analista de mercado da Labhoro Corretora, Tiago Delano, ainda destaca que a situação de um dos maiores compradores de milho no País, o grupo JBS, também trouxe mais incertezas ao mercado. Com isso, os vendedores ficaram ainda mais cautelosos nas negociações com a empresa.
E, diante do excedente de oferta, os analistas destacam a importância das exportações para enxugar o mercado doméstico nesta temporada, embora o dólar ainda seja uma incógnita. Até o momento, no acumulado entre janeiro a abril, os embarques do cereal somam 2.33 milhões de toneladas. As informações foram divulgadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e o mercado ainda aguarda os números referentes ao mês de maio.
Além da questão cambial, os produtores brasileiros ainda precisarão enfrentar a competição de países como os Estados Unidos e Argentina.
Leilões da Conab
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizará na próxima quinta-feira (1/6) mais três leilões de apoio à comercialização do cereal produzido em Mato Grosso. Novamente, a entidade irá ofertar mais de 1 milhão de toneladas do cereal através de leilões de PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e PEP (Prêmio para Escoamento de Produto).
A companhia também irá ofertar mais 7.400 contratos de opção de venda. Nesta operação, os produtores terão a possibilidade de vendar o milho ao governo federal até o dia 15 de setembro, com preço de exercício de R$ 17,87 a saca de 60 kg.
Colheita da segunda safra
A colheita da safrinha brasileira já começou nos dois principais estados produtores. Em Mato Grosso, a colheita chega a 1,06% da área semeada de acordo com dados divulgados pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). No mesmo período do ano anterior, a colheita já estava completa em 1,11%.
No Paraná, a colheita do cereal já está completa em 1% da área cultivada nesta temporada, segundo o último levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural). Cerca de 96% das lavouras apresentam boas condições e apenas 4% da safra foi negociada até o momento.