Soja terá um segundo semestre de preços baixos no Brasil e no mundo

A pesquisa diária do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da USP) mostrou que os preços médios da soja no mercado físico brasileiro fecharam a terça-feira (9/4) em queda de 0,47%, tanto sobre rodas nos portos, como no interior. Com isso, a cotação nos portos caiu para R$ 76,97/saca e no interior para R$ 72,18/saca, aumentando as perdas de abril. Na exportação, atingiu 0,95% e no mercado interno, 0,46%.

“A Bolsa de Chicago é o reflexo de tudo o que acontece no quadro de oferta e demanda mundial e o dólar é o reflexo de tudo o que acontece na economia brasileira (30%) e mundial (70%). São dois fatores poderosos na determinação dos preços da soja”, disse o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica.

Segundo o especialista, ontem, as cotações dos três primeiros vencimentos do contrato futuro da soja na principal bolsa de commodities norte-americana permaneceram inalteradas, porque o relatório do USDA não trouxe nenhuma alteração significativa.

“No Brasil, a cotação da moeda norte-americana também quase não oscilou, por falta de mais informações sobre a reforma da Previdência, mas com um clima mais ameno, com algumas aproximações políticas. No entanto, se não piorou, também não melhorou as perspectivas”, afirmou Pacheco.

“Os estoques dos maiores exportadores caíram para 53.88 milhões de toneladas na atual temporada. Como a demanda chinesa também caiu, este país se sente mais tranquilo quanto ao seu abastecimento nesta temporada, não devendo fazer compras agressivas nos EUA”, estimou o analista da T&F.

“Com isso, não estouram as cotações em Chicago, que não mais deverão subir muito, mas ficar ao redor de no máximo US$ 9,50/bushel. Isso nos faz prever um segundo semestre de preços baixos no Brasil e no mundo, ainda com um dólar provavelmente mais baixo no Brasil”.

Milho em queda com menor demanda e câmbio

Pressionados pela queda na demanda do setor de carnes e pelo dólar em “baixa”, os preços médios do milho fecharam o dia novamente em queda de 0,41% na principal praça de referência do país, Campinas. Com isso, o acumulado do mês registra perdas de 3,73%, com o preço médio fixado em R$ 36,40.

Segundo Pacheco, “o dólar está mais baixo do que já esteve, mas ainda muito alto em relação ao que deverá estar quando as reformas estiverem prontas no segundo semestre, ao redor de R$ 3,60″.

O relatório do USDA divulgado ontem aumentou os estoques finais mundiais em 5.48 milhões de toneladas, passando de 308.53 milhões para 314.01 milhões de toneladas, o que é negativo para os preços em médio e longo prazos.

O ano comercial americano, no qual se baseia o relatório, termina em 30 de junho, mas o estoque final de um ano é o estoque inicial do seguinte.

“O ponto positivo é que, para o Brasil, o USDA reduziu os estoques em 310.000 toneladas, passando de 7.12 milhões para 6.81 milhões de toneladas, o que pode ser positivo para os preços internos. Acontece que, ao contrário da Anec, o USDA ainda mantém as exportações brasileiras em 31 milhões de toneladas”, disse o analista da T&F.

“Precisamos acompanhar o line-up dos navios para ver quem tem razão”, afirmou. “Como mostramos ontem, em dezembro de 2018 haviam navios nomeados para embarcar 3.001.613 toneladas de milho brasileiro; em janeiro, para 2.373.088 toneladas; em fevereiro houve queda brusca para 620.153 toneladas; em março caiu ainda mais para 518.531 toneladas e neste 5 de abril foi de 352.722 toneladas”.

 

Agrolink

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