Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia (RJ) acompanharam, durante quatro safras o desempenho de cultivares de soja no norte do Estado do Rio de Janeiro. Foram plantadas 50 cultivares em doze áreas nos municípios de Campos e Macaé.
Os resultados surpreenderam e mostraram que a oleaginosa cultivada com práticas conservacionistas pode ter produtividade satisfatória e ainda contribuir na recuperação do solo da região.
Das 50 cultivares, pelo menos dez tiveram produtividade semelhante à média nacional, que é de 3.300 kg/ha. Algumas chegaram a produzir em média mais de 5.000 kg/ha. “No Rio de Janeiro, podemos dizer que a soja é uma cultura que se desenvolve bem, desde que plantada do jeito certo”, disse a pesquisadora da Embrapa Claudia Jantália.
A maneira certa, segundo os pesquisadores, são os sistemas conservacionistas, que utilizam práticas agrícolas de baixo impacto, como por exemplo o plantio direto. É preciso levar em conta que boa parte do solo da região está impactado e degradado, tanto do ponto de vista da fertilidade quanto de processos erosivos.
“Entendemos que o sistema de plantio direto e os sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), em suas diferentes modalidades, são os mais adequados, especialmente para aproveitar a cultura da região na criação de bovinos”, disse Jerri Zilli, pesquisador da Embrapa Agrobiologia (RJ).
Potencial
Os pesquisadores ressaltaram que o potencial do norte fluminense para o plantio de grãos (soja e milho) vai além do comportamento das cultivares no campo, pois eles consideram ainda fatores sociais, econômicos e a infraestrutura regional.
“Paralelamente aos testes de cultivares, fizemos debates com diversas instituições e órgãos do estado no intuito de identificar oportunidades para ampliar a área de grãos no Rio de Janeiro, visando não só a beneficiar a agricultura do norte fluminense, mas outras regiões”, afirmou o pesquisador.
O norte fluminense já foi uma grande região produtora de cana-de-açúcar, mas foi decaindo, dando espaço para a bovinocultura de corte e leite. Estima-se que existam cerca de 300.000 hectares com potencial para produção de soja na região.
Distribuição de áreas
Sabe-se, por exemplo, que aproximadamente 40% da área está distribuída entre pequenas e médias propriedades rurais e representam mais de 6.000 estabelecimentos, considerando toda a região norte.
Entretanto, o restante da área, algo em torno de 200.000 hectares, está distribuído em 373 propriedades com média de 510 hectares. “São essas terras, possivelmente antigas fazendas canavieiras, que podem ser exploradas para o plantio de grãos de forma mais extensiva”, disse Claudia.
Avicultura
Atender à cadeia de produção de aves e outros animais no Rio de Janeiro pode ser um outro atrativo para os produtores, segundo os pesquisadores da Embrapa.
Hoje, 85% do frango consumido no estado vem de outras localidades. No entanto, os 15% que são produzidos em terras fluminenses demandam diariamente cerca de 30.000 toneladas de farelo de soja, que também vêm de outros estados.
“Além de abastecer a criação de aves do Rio de Janeiro, a produção de soja pode ser um estímulo ao estabelecimento de novas agroindústrias”, afirmou Zilli.
Políticas públicas
Apesar de o estudo revelar um cenário favorável ao desenvolvimento da cadeia de grãos, em especial soja e milho, os pesquisadores reconhecem que é necessário o envolvimento do poder público por meio da elaboração de políticas públicas que possam encorajar os produtores.
“Não podemos causar muita euforia, mas por outro lado, se não for agora, os materiais que foram testados e indicados pela pesquisa se perdem em cerca de três a cinco anos”, disse o pesquisador.
Fonte: Agrolink, com informações da Embrapa
Equipe SNA