O Ministério da Agricultura voltou a elevar sua estimativa para o valor bruto da produção (VBP) agropecuária do país em 2018. Graças a uma visão ainda mais otimista sobre o mercado de soja, carro-chefe do agronegócio nacional, a Pasta passou a prever o VBP do campo em R$ 565.6 bilhões este ano, R$ 2.1 bilhões a mais que em 2017 mas montante ainda 2,5% menor que o de 2017.
Embalada por mais uma safra recorde, valorizada pela quebra da produção na Argentina e pelas disputas comerciais entre Estados Unidos e China, a soja deverá representar quase 25% do valor total. O ministério aumentou sua previsão para o VBP da oleaginosa para R$ 139.9 bilhões, um novo recorde 10,6% superior ao anterior, de 2017. Desde 2011 o VBP da soja só faz crescer. Naquele ano, o grão respondeu por 16,7% do VBP total.
Em relação apenas ao valor da produção das 21 culturas agrícolas que fazem parte do levantamento, a fatia da soja deverá crescer de 25,3%, em 2011, para 36,4% em 2018, o Ministério da Agricultura projeta o VBP da agricultura brasileira este ano em R$ 384.23 bilhões, 1,2% abaixo do resultado do ano passado.
Essa queda, apesar do avanço da soja e dos expressivos crescimentos dos valores das produções de algodão (44,4%, para R$ 33.5 bilhões), de café (7,9%, para R$ 24.3 bilhões) e de trigo (79,2%, para R$ 4.9 bilhões), está sendo determinada por resultados negativos previstos para cana, milho, laranja, mandioca, banana, arroz e feijão, que em geral amargaram quedas de preços.
Dessa lista, o maior tombo projetado pelo ministério é o do feijão (30,2%, para R$ 6.2 bilhões). Em seguida aparecem a laranja (queda de 19,4%, para 12.3 bilhões), o arroz (R$ 18%, para R$ 9.7 bilhões), a mandioca (17,8%, para R$ 10.6 bilhões), o milho (10,8%, para R$ 45.7 bilhões), a cana (10,7%, para R$ 65.1 bilhões) e a banana (8,7%, para R$ 10.6 bilhões).
Para as cinco principais cadeias da pecuária brasileira, o Ministério da Agricultura elevou sua estimativa para o VBP para R$ 181.3 bilhões. Mas, ainda que seja R$ 1.6 bilhão superior ao valor previsto em agosto, o novo montante ainda é 5,1% menor que o calculado para 2017. E o peso para essa baixa é exercido por todas as cadeias produtivas do segmento.
Em época de problemas na economia, o consumo de proteínas animais normalmente sofre mais, e neste ano as exportações não estão compensando a queda, que também sofre a influência da greve dos caminhoneiros em maio – a paralisação prejudicou especialmente os segmentos de leite e frango. Mesmo os ovos, que estão com demanda bastante aquecida, não têm apresentado altas de preços capazes de impulsionar seu VBP.
Segundo o ministério, na pecuária a maior retração do valor da produção será a dos suínos (19%, para R$ 13.9 bilhões), seguida por ovos (12,1%, para R$ 10.6 bilhões), frango (5,1%, para R$ 50.5 bilhões), leite (4,3%, para R$ 31.1 bilhões) e bovinos (1,2%, para R$ 75.2 bilhões). Ainda que o recuo do VBP dos bovinos seja modesto, é o terceiro seguido, o que mostra a relação do consumo do produto com o crescimento da economia.
Fonte: Valor