O Land Innovation Fund (LIF), que apoia a inovação para a sustentabilidade na cadeia da soja, apresentou nesta quarta-feira os sete projetos selecionados para a sua segunda rodada de investimentos na América do Sul. O fundo também divulgou os resultados da primeira rodada, que contemplou outras sete iniciativas.
Resultado de um aporte inicial de US$ 30 milhões da Cargill e com gerenciamento da Chemonics International, o LIF apoia projetos que promovam uma cadeia produtiva da soja sustentável e livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa, além de gerar impacto econômico e socioambiental positivo em áreas agrícolas dos biomas Cerrado, Gran Chaco e Amazônia.
Iniciada em outubro de 2021, a segunda rodada teve 47 submissões. O valor a ser aplicado aumentou da primeira para a segunda rodada.
“O fundo tem pouco mais de um ano de operação. Estamos em uma fase muito intensa de aprendizado. Na primeira rodada, comprometemos US$ 1.8 milhão, com a mudança cambial, podendo chegar a até US$ 2 milhões, e os projetos eram mais curtos, de um a dois anos. Metade já foi executada, e a outra metade ainda falta um pouco, mas está tudo em cronograma”, disse o Diretor do Fundo, Carlos Quintela.
“Para a segunda rodada, serão entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões. O número de projetos é o mesmo, e o investimento é mais que o dobro.”
Maior abrangência
O incremento acompanha o aumento do escopo dos projetos, que desta vez serão executados em até três anos. “São projetos com níveis de complexidade maiores e objetivos mais altos. Estamos nos sentindo mais confortáveis para fazer esse tipo de investimento maior”, afirmou Quintela.
“Isso não quer dizer que estamos abandonando projetos de menor escala. Tem muitos projetos que não requerem essa quantidade de dinheiro, que precisam de apoio mais pontual. O fundo tem muitas portas de entrada, e a rodada é uma delas.”
Soluções
Segundo Quintela, a demanda crescente por alimentos, associada ao aumento dos efeitos das mudanças climáticas, exige soluções imediatas em favor de uma agricultura sustentável e livre de conversão de florestas e vegetação nativa.
As sete iniciativas serão implementadas por 13 parceiros no Brasil, na Argentina e no Paraguai. Entre os selecionados no Brasil, está o projeto da Climate Policy Initiative, organização de análise de políticas públicas e finanças, para alavancar o instrumento de reposição florestal no Código Florestal brasileiro.
Outra iniciativa selecionada, do “think tank” Instituto Internacional pela Sustentabilidade, usará as ciências comportamentais para mapear critérios que influenciam o produtor na tomada de decisão para o uso da terra e desenhar mecanismos com base no comportamento dos produtores de soja para a conservação da vegetação nativa e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis.
Também será financiado o projeto da Produzindo Certo, plataforma de diagnóstico e conformidade socioambiental, que ampliará a base de dados em 500.000 hectares de terra, democratizando o acesso do produtor rural à assistência técnica em sustentabilidade e aos negócios verdes.
Por fim, a empresa de tecnologia aplicada à mensuração e monitoramento de dados florestais Treevia, em parceria a GSS Carbono e Bioinovação, desenvolverá uma solução de pagamentos por serviços ambientais para propriedades rurais localizadas no Cerrado.
Consórcios
Na Argentina e Paraguai, as três propostas selecionadas serão implementadas por várias instituições no formato consórcio. Em um dos projetos, a Fundação ProYungas, voltada para a conservação e o desenvolvimento sustentável, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (Aapresid) e a Fundação Moisés Bertoni, do Paraguai, apoiará a adoção de boas práticas agrícolas e sequestro de carbono em cinco fazendas-piloto no Gran Chaco.
A Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (AACREA) e a Associação Argentina da Cadeia de Suprimentos da Soja (ACSOJA) vão criar modelos de desenvolvimento sustentável com pelo menos 100 agricultores do país. Já a Câmera da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA), em parceria com Peterson-Control Union (PCU) e Bolsa de Comercio de Rosario, vai implementar uma plataforma integrada de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada na Argentina.
Edital
O fundo deve publicar edital para a terceira rodada de investimento entre junho e julho. “Ainda não temos finalizado o foco programático e a estrutura, porque queremos analisar o que ocorreu com a segunda rodada”, disse Quintela. O volume financiado, contudo, tende a aumentar.
“Como respondemos à demanda dos projetos que se encaixam (na finalidade do fundo), é difícil garantir. Mas, se a sequência continuar do mesmo jeito que está indo, a probabilidade é muito boa que a gente exceda os US$ 4 milhões da segunda rodada. Estamos preparados, temos recursos para apoiar iniciativas desse nível.”
Fonte: Broadcast Agro
Equipe SNA