Soja fecha novamente em baixa da CBOT, mas tem bons preços nos portos do Brasil com dólar acima de R$ 4,00

Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em baixa pela terceira sessão consecutiva, com os principais vencimentos registrando perdas de 7 a 7,25 centavos. O novembro/18, que é referência para as cotações neste momento, fechou cotado a US$ 8,86 e o janeiro/19 a US$ 8,98 ¾ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja negociados na Bolsa de Chicago também fecharam em baixa pela terceira sessão consecutiva, com os principais vencimentos registrando perdas de US$ 3,30 a US$ 3,40. O setembro/18 fechou cotado a US$ 324,90 e o dezembro/18 a US$ 327,20 a tonelada curta.

Segundo analistas internacionais, a pressão ainda vem de incertezas sobre a demanda da China nos EUA, uma vez que a guerra comercial segue em curso e apesar dos novos encontros que aparecem no final deste mês, e das perspectivas de uma grande safra norte-americana.

O mercado recua mesmo diante de uma nova redução, a terceira consecutiva, do percentual de lavouras em boas ou excelentes condições nos EUA divulgada ontem pelo USDA. O percentual caiu de 67% para 66%. São ainda 24% das lavouras estão em condições regulares e 11% em situação ruim ou muito ruim.

Nem com nova deterioração nas condições das lavouras, o pregão de soja na conseguiu reagir. Pesa a expectativa da confirmação de safra de soja recorde no  “Crop Tour” da ProFarmer esta semana e a entrada desta supersafra no mercado a partir das próximas semanas. Melhor expectativa de reação continua sendo em função de quaisquer rumores sobre um possível acordo comercial EUA/China, disse o diretor da Cerealpar, Steve Cachia.

Nos primeiros dois dias do “CropTour” ProFarmer, os resultados mostraram produtividades acima da média nos estados de Dakota do Sul e partes de Ohio.

Preços no Brasil

No Brasil, o dólar voltou a subir e puxou os preços da soja mais uma vez. A moeda americana, afinal, superou os R$ 4,00, fechando em alta de 2,01%, cotado a R$ 4,0372 para venda, o maior preço desde 18 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0490).

“Esta alta do dólar ajudou a segurar os preços hoje nos patamares anteriores de R$ 92,00 a R$ 93,00 no porto de Paranaguá, mas, em contrapartida, os prêmios recuaram um pouco em relação à semana passada e Chicago nesta terça-feira também esteve um pouco mais fraca, o que tirou a intenção de compra de algumas tradings”, disse Marlos Correa, analista da Insoy Commodities.

A saca da soja no mercado disponível foi cotada a R$ 91,50 em Paranaguá e a R$ 92,50 em Rio Grande. Já no mercado futuro para embarque em setembro/18, a saca foi cotada a R$ 93,00 no porto gaúcho. No terminal paranaense, a saca da soja da safra nova, foi cotada a R$ 86,00.

No interior do país, as altas foram mais expressivas e chegaram atingir até 2,82%, como foi o caso de Jataí, em Goiás, com a saca cotada a R$ 73,00.

Por outro lado, os prêmios perderam um pouco de força pela proximidade da chegada da nova safra norte-americana. Segundo o analista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, há ainda algumas regiões com prêmios nominais e faltam referências consistentes para os preços.

Contra os mais de US$ 2,00 dos últimos dias, os prêmios oscilaram nesta terça-feira, em um intervalo de US$ 1,55 a US$ 1,90/US$ 1,95 nas principais posições de entrega, segundo fontes ouvidas pelo Notícias Agrícolas.

“Os preços não mudaram. O prêmio caiu com alguns compradores recuando US$ 0,20 de ontem para hoje. Então, o mercado fez a conta hoje, dentro desse intervalo de prêmios. Quem está precisando comprar, com posição lá fora, estava fazendo conta no prêmio de US$ 1,80”, disse Rita De Baco, analista de mercado da De Baco Corretora de Mercadorias.

Nesse quadro, o volume de negócios, apesar do dólar acima dos R$ 4,00 e dos prêmios ainda fortes, apesar do recuo, acabou sendo limitado.

“Poucos negócios efetivos foram realizados hoje. O vendedor olhando a alta do dólar e esperando em um mercado em Chicago acima dos US$ 9,00 por bushel, acaba segurando o saldo que resta a comercializar para tentar conseguir preços mais próximos das máximas do ano”, disse Marlos Correa.

Milho: com queda do trigo e de olho na safra dos EUA, mercado recua pelo 3º dia seguido em Chicago

Os contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago também fecharam em baixa pela terceira sessão consecutiva, com os principais vencimentos registrando perdas de 2,25 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 3,59 ¾ e o dezembro/18 a US$ 3,74 ¼ o bushel.

Os contratos futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago voltaram a fechar em forte baixa, com os principais vencimentos registrando perdas de 14 a 15 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 5,27 ¼ e o dezembro/18 a US$ 5,47 ¾ o bushel.

Segundo dados divulgados pelo portal Agriculture.com, as cotações do milho acompanharam as quedas registradas nos contratos futuros do trigo.

“Os preços mais baixos do trigo estão puxando os do milho, na medida em que competem por espaço na ração”, disse Mike North, analista do Commodity Risk Management Group.

Além disso, ao longo dessa semana, as atenções do mercado estarão voltadas para os números do Pro Farmer, importante expedição que percorre lavouras no Meio-Oeste nessa época do ano e confere de perto as condições da safra.

“Começamos muito bem ontem em Dakota do Sul, mas os rendimentos começaram a baixar quando entramos em Nebraska”, disse Marty Tegtmeier, um fazendeiro em Sumner, Iowa, e um olheiro na excursão.

“Eles tiveram muito calor que prejudicou a colheita de milho durante a polinização”, acrescentou em entrevista ao Agriculture.com.

Em Nebraska, as amostras de campo indicaram um rendimento médio para a safra do milho de 147,12 sacas por hectare, podendo chegar a 214,85 sacas por hectare em alguns condados.

Em seu último relatório, o USDA estimou a produtividade média em 186,62 sacas por hectare. Já a safra foi estimada em 370.51 milhões de toneladas nesta temporada.

Mercado interno

Em Castro (PR), a saca de milho subiu 5,26% e cotada a R$ 40,00. Em Não-me-toque (RS), a alta foi de 2,78%, com a saca cotada a R$ 37,00.

Na região de Panambi (RS), a valorização foi de 2,76%, com a saca cotada a R$ 38,04. Por outro lado, em Jataí (GO), a queda foi de 3,23%, com a saca cotada a R$ 30,00. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a queda foi de 3,13%, com a saca cotada a R$ 31,00.

A atitude dos produtores de segurar as vendas continua a dar sustentação aos preços em plena colheita da safrinha. Em Mato Grosso, maior estado produtor de milho na safrinha, a colheita atingiu 98,91% da área semeada nesta temporada até a última sexta-feira (17/8).

As informações fazem parte do levantamento semanal divulgado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). O percentual está bem próximo do registrado no mesmo período do ano anterior, de 99,62%. Na região Norte do estado, os produtores já finalizaram a colheita do cereal, seguida da região Médio-Norte, com 99,98% da área colhida.

O Deral (Departamento de Economia Rural) informou que cerca de 76% da área cultivada com o milho safrinha no Paraná já foi colhida até o último dia 20 de agosto. 21% das lavouras apresentam boas condições, 47% estão em condições medianas e 32% em condições ruins.

Ainda no relatório, o Deral ressaltou que 99% das lavouras estão em fase de maturação. E 1% ainda se encontra em estágio de frutificação.

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