Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 16,25 a 16,50 centavos, com o janeiro/24 cotado a US$ 13,07½ (- 1,23%) e o março/24 cotado a US$ 13,26¼ (- 1,23%) o bushel. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 1% e o março de 0,91%.
Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 8,00 a US$ 8,10, com o janeiro cotado a US$ 402,20 (- 1,97%) e o março/24 cotado a US$ 393,60 (- 1,99%) a tonelada curta. O janeiro na mínima do dia (US$ 397,90) registrou a menor cotação desde 18 de outubro. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma queda de 1,37% e o março/24 de 0,90%.
O óleo de soja fechou novamente em baixa, com o janeiro/24 registrando uma queda de 1,17%. Nas últimas cinco sessões o janeiro/24 acumula uma alta de 0,97%.
As mudanças na Argentina estão no foco do mercado de derivados nesta semana com as primeiras medidas que começam a ser tomadas por Javier Milei, Presidente que tomou posse no último domingo. Algumas medidas econômicas já foram informadas e nesta quarta-feira, estão previstas ainda a adoção de medidas de política monetária, juros e dívida.
“Ontem e hoje o mercado está reagindo, ou tentando antecipar, como serão as vendas dos produtores na Argentina. Pelo movimento do farelo hoje vai ser grande. Ontem, Milei anunciou uma desvalorização de 118% do peso oficial, de 366 para 800”, disse o analista da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin. “Para as processadoras no Brasil, o ano vai ser bem difícil. A Argentina está pressionando muito os prêmios do óleo de soja”.
No início do pregão desta quarta-feira, o peso argentino caiu expressivos 54,24% após o governo anunciar um aperto fiscal forte para combater a inflação, além de outras medidas já anunciadas.
“O dólar a 800 pesos é maior cotação desde o fim da conversibilidade”, quando a paridade do peso era de um para um em relação ao dólar, na década de 1990, disse o analista Salvador Vitelli à Reuters, indicando que a desvalorização “é um pouco maior do que o mercado esperava”.
Também à Reuters, a consultoria Capital Economics indicou que “a Argentina precisa promover uma taxa de câmbio flexível e confiável. Manter a flutuação cambial em um contexto de inflação crescente resultará novamente em uma taxa de câmbio supervalorizada em pouco tempo. Isso prepararia a Argentina para outra grande, e potencialmente desordenada, desvalorização no futuro”.
Além da Argentina, o mercado do complexo soja também mantém o seu foco nas condições de clima na América do Sul, ainda bastante adversas principalmente no Brasil. “A previsão para os próximos sete dias no Brasil não é boa. A chuva ficou para frente e o calor vai ser intenso. Até a próxima quinta-feira, as temperaturas podem passar dos 40ºC durante a tarde em toda a parte do Brasil Central”, disse Vanin.
Já para os próximos 10 dias, segundo o modelo americano, os volumes de chuvas já sinalizam melhoras, porém não de forma generalizada. “O GFS indica acumulados de moderados a fortes no Oeste da Bahia, na maior parte de MG, no Centro-Oeste do RS e pontualmente no Noroeste do MT. Leves acumulados no restante do MT, GO, TO, PI, Sul e Nordeste do MA, Leste da BA, Nordeste do MS, Leste de SC, Centro-Sul do PR e Centro do RS”, segundo informa o Grupo Labhoro.
USDA – Vendas
Exportadores reportaram ao USDA a venda de 125.000 toneladas de soja do ano comercial 2023/24 para Destinos desconhecidos.
Milho fechou em baixa com o mercado focado nas condições climáticas da América do Sul
Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 4,75 a 5,75 centavos, com o março/24 cotado a US$ 4,79½ (- 1,18%) e o maio/24 a US$ 4,92½ (- 0,96%) o bushel. O março na mínima do dia (US$ 4,77½) registrou a menor cotação desde 30 de novembro. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma queda de 0,88% e o maio/24 de 0,61%.
Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 19 a 20,25 centavos, com o março/24 cotado a US$ 6,05¼ (- 3,24%) e o maio/24 a US$ 6,16½ (- 2,99%) o bushel. O março na mínima do dia (US$ 6,02½) registrou a menor cotação desde 4 de dezembro. Nas últimas cinco sessões o março/24 acumula uma queda de 4,26% e o maio/24 de 4,08%.
Para Pedro Schicchi, da hEDGEpoint, a nova política cambial da Argentina pode, de alguma maneira, favorecer as exportações do milho, fato que provocaria uma queda nas cotações futuras.
Mas, segundo ele, os fundos hoje estão muito vendidos nos contratos do milho, ou seja, apostando na queda. “Isso torna os preços mais sensíveis aos fundamentos de alta no curto prazo”, disse.
E esse fundamento para a virada de chave nos preços do milho é a perspectiva da safrinha no Brasil, que já enfrenta problemas antes mesmo do início do plantio.
“As previsões indicam que o El Niño continuará ativo até maio do ano que vem, com um clima mais úmido no Sul e tempo quente no Centro e Norte. Diferente da soja, que é mais resistente aos extremos climáticos, o milho vai se desenvolver em um período mais seco. Assim, a produtividade está ameaçada”, disse Schicchi.
Para o trigo, o fator que influenciou a sua queda está nos fundamentos da oferta crescente e da demanda menor, na avaliação de Alef Dias, analista de grãos macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.
“A queda do trigo ainda responde a questões de oferta elevada no Hemisfério Norte. As estimativas da safra na Rússia e Ucrânia em 2024/25 são muito positivas. Além disso, as condições das lavouras americanas estão dentro do esperado para a média dos últimos cinco anos”, disse.
Ele acrescenta também que a ausência de novas compras de trigo americano pelos chineses deve manter os preços em níveis mais baixos. Na semana passada, o USDA anunciou vendas de mais de 1 milhão de toneladas do cereal americano para a China em um período de três dias.
“A tendência é preços em queda até um retorno da demanda chinesa, fato que deve se consolidar logo, já que o ritmo de vendas dos EUA ainda está lento e a China deve importar 12.5 milhões de toneladas na safra 2023/24”, indicou Alef Dias.
Trigo – Argentina
A produção de trigo da Argentina no ciclo 2023/24 foi estimada em 14,5 milhões de toneladas, acima das 13,5 milhões de toneladas previstas anteriormente, graças a rendimentos melhores do que o esperado, informou a Bolsa de Comércio de Rosário na quarta-feira.
“A chave foram as condições climáticas na fase do enchimento de grãos: chuvas e clima frio associado ao Atlântico frio”, informou a bolsa em um relatório mensal.
Trigo – Ucrânia
A produção de trigo da Ucrânia no ano comercial 2024/25 (julho-junho) deve totalizar 20.16 milhões de toneladas, de segundo estimativa da Argus. O volume, o menor desde 2012/13, representa uma queda de 9,20% em relação à safra anterior (22.2 milhões de toneladas) e de 22% em relação à média dos cinco anos anteriores (25.87 milhões de toneladas).
A estimativa se deve principalmente à expectativa de área plantada, que deve diminuir de 4.65 milhões para 4.55 milhões de hectares, segundo a Argus. “Um possível aumento das áreas plantada e colhida de trigo de primavera não compensam significativamente a menor área do trigo de inverno, que não deve ultrapassar 4.2 milhões a 4.3 milhões de hectares”, informou a Consultoria.
Por Equipe SNA