Soja fecha em forte queda, abaixo dos US$ 14,00, com condições climáticas favoráveis nos EUA

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 19,25 a 21 centavos, com o maio cotado a US$ 13,82 e o julho a US$ 13,79 o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em leve alta, após duas sessões consecutivas de queda. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 0,60 a US$ 0,70, com o maio cotado a US$ 401,90 e o julho a US$ 406,10.

O óleo de soja fechou novamente em baixa, com o maio registrando queda de 2,65%.

Segundo Eduardo Vanin, analista da Agrinvest, o mercado continua sendo pressionado, em parte, pelas condições climáticas favoráveis nos Estados Unidos, com volumes bons sendo esperados principalmente em regiões que vêm sofrendo muito com o tempo seco.

“O clima mais benéfico traz certa tranquilidade e isso pressiona a soja”, disse.

Assim, há ainda a espera pelo novo relatório de acompanhamento de safras que será divulgado pelo USDA nesta segunda-feira às 17h (Brasília), após fechamento de Chicago.

A pressão sobre o óleo, ainda segundo o analista, vem com uma recuperação sendo indicada pelos estoques de óleo de palma na Malásia, com os números podendo se aproximar da média novamente, ajudando a pesar sobre os óleos vegetais de uma forma geral.

O mercado permanece focado nos próximos movimentos do produtor americano; o comportamento da demanda da China e o ritmo dos embarques do Brasil, bem como a conclusão das safras na América do Sul.

Vendas EUA 

O USDA informou que exportadores dos Estados Unidos relataram vendas de 242.000 toneladas de soja, sendo 132.000 toneladas da safra 2020/21 para a China e 110.000 toneladas para Bangladesh, sendo 55.000 toneladas da safra 2020/21 e 55.000 toneladas da safra 2021/22.

Colheita Argentina  

A colheita de soja atinge a 3,50% da área plantada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos avançaram 2,60% na semana. A estimativa de produção foi reduzida de 44 para 43 milhões de toneladas.

No momento, 9% das lavouras estão em condições boas/excelentes, 59% em condições normais e 32% de condições regulares/ruins. Na semana passada os percentuais eram de 8%, 59% e 33%, respectivamente. No mesmo período do ano passado, eram 27%, 55% e 18% ruins, respectivamente.

Biodiesel 

No Brasil, a semana começou com a pressão da redução da mistura do óleo de soja no biodiesel de 13% para 10%, já que a mudança anunciada na última sexta-feira (9) pelos Ministérios da Agricultura e de Minas e Energia, deve impactar diretamente na demanda interna pela oleaginosa.

“A indústria nacional pode recuar em compras e isso pode ser negativo até para os prêmios que poderão ser pressionados para baixo. O grande vilão da história é o dólar, que segue forte e assim o custo do diesel no mercado internacional forte deixa o produto forte internamente”, disse Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

A mistura do biodiesel, que será reduzida em 3% é impactante para a indústria, porque representa quase 1.8 bilhão de litros. “Desta forma, o mercado vai olhar para este fator novo e de demanda menor e pode até mesmo causar uma pressão negativa em Chicago”, disse Brandalizze.

Colheita Brasil 

A colheita da soja no Brasil ainda segue em ritmo levemente atrasado em comparação com a da safra anterior e da média histórica. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, o País já colheu 83,30% da área de 38.6 milhões de hectares. No ano passado o percentual era de 87,60% e a média histórica é de 84,2%.

O que chama a atenção é que nenhum Estado concluiu os trabalhos de colheita ainda. Os mais próximos disso são: Mato Grosso, que colheu 99% da área (contra 100% de 2019/2020 e 99,20% da média histórica) e Mato Grosso do Sul, com 99% da área (contra 100% de 2019/2020 e 100% da média histórica).

Adiantados – Seis estados estão com os trabalhos de colheita da soja mais adiantados que no ano passado: Goiás, que colheu 98% da área, contra 96% de um ano antes; Minas Gerais que colheu 94% da área, contra 92% de 2019/20; Tocantins que colheu 85% da área, contra 78% de 2019/20; Maranhão, que colheu 80%, contra os 78% de 2019/20.

E os bastante adiantados: Bahia que colheu 65%, contra os 41% de um ano antes; Piauí com 65% contra os 50% de 2020.

Bem atrasado – O Rio Grande do Sul é o estado que registra o maior percentual de atraso na colheita da soja no Brasil, nesta safra. O Estado colheu apenas 40% de sua área até o momento, o que representa um forte atraso em relação aos 74% do ano passado. Na média histórica, essa diferença é um pouco menor e chega a 54,80%.

Paraná – A colheita da safra de soja 2020/2021 no Paraná já alcança 95% da área de 5.5 milhões de hectares, aponta levantamento realizado pelo Departamento de Economia Rural (DERAL), da Secretaria de Agricultura do Estado, até o dia 6 de abril. Isso significa um leve atraso se comparado aos 96% registrados no dia 7 de abril de 2020.

Mato Grosso – A colheita da safra de soja 2020/21 do Mato Grosso atingiu 99,91%, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), com dados até 9 de abril. No mesmo período do ano passado, o percentual da área colhida era de 99,94%. Na semana passada, o percentual era de 99,40%.

Rio Grande do Sul – A colheita da soja atinge 39% da área de 6 milhões de hectares no Rio Grande do Sul, segundo levantamento da Emater-RS. Isso representa um forte atraso se comparado aos 73% da safra anterior, e também aos 63% da média para o período.

Brasil – Comercialização das Safras 

A comercialização da soja no Brasil mostra que os produtores estão atentos a tudo que está acontecendo e tomando as decisões que podem trazer uma lucratividade maior. Segundo levantamento realizado pela consultoria Safras & Mercado, o ritmo de vendas da safra 2020/2021 desacelerou, enquanto o da safra 2021/2022 atingiu marca histórica.

Agora em abril as vendas da safra 2020/2021 alcançaram um total de 67,40% da safra estimada de 134 milhões de toneladas. Isso representa que 90.4 milhões de toneladas já foram negociadas antecipadamente.

O que chama a atenção é que na temporada 2019/2020 os produtores haviam negociado 73,90% da safra até abril, o que mostra que os produtores estão esperando colher para aproveitar os preços atuais.

Os preços da soja já atingem patamares recordes e nunca antes vistos no País desde o ano passado. Muitas razões levaram a isso, como a alta do dólar e o aumento da demanda mundial pelo grão. Vale lembrar que as vendas antecipadas da safra 2020/2021 começaram cedo e logo atingiram um patamar nunca visto também.

Entretanto, a maioria dos produtores relatou ter fechado vendas abaixo dos R$ 100,00 por saca e, se diziam até arrependidos, mas naquele momento (julho, agosto e setembro) fizeram certo, avaliam os operadores de mercado, pois travaram os custos ainda sem saber o que aconteceria com os preços dali para frente.

Quando perceberam que a saca de soja estava superando o patamar dos R$ 150,00, muitos começaram a vender novamente, pelo menos um pouco, para elevar a lucratividade. Mas não poderiam ir muito além, pois o clima estava estranho e a produção não estava garantida.

Safra 2021/22 – A alternativa para aproveitar os preços altos, sem colocar a comercialização da safra de soja atual em risco, foi negociar parte da safra 2021/2022. Com essas atitudes os produtores mostram que estão bastante atentos e podem ser presenteados com uma rentabilidade nunca vista.

Até abril deste ano, as vendas da safra 2021/2022 de soja alcançaram o ritmo recorde de 14,20% da safra estimada de 134 milhões de toneladas. Isso nunca aconteceu antes neste mês, tanto que não há histórico de vendas tão antecipadas.

Neste caso, sim, os produtores realmente conseguiram aproveitar os altos patamares de preços. E, ao que tudo indica, devem continuar atentos para garantirem não só um resultado excelente nas lavouras, mas também na comercialização.

O estado que mais vendeu soja antecipadamente da safra 2021/22 foi Mato Grosso que já negociou 27% da safra. Goiás aparece na sequência com 17%, seguido por São Paulo, com 16% e Mato Grosso do Sul, com 13%.

O Estado que menos negociou foi o Rio Grande do Sul, com 3%, seguido por Santa Catarina com 4% e o Piauí com 6%. Apesar de parecer pouco, vale lembrar que estes estados já têm a tradição de não negociar tão antecipado, ainda assim, o fizeram.

Mercado Interno 

As quedas nos preços externos, a desvalorização do dólar e as restrições de cotas para exportar soja limitaram as negociações internas envolvendo a oleaginosa na semana passada.

Pesquisadores do CEPEA ressaltam que, além disso, com cerca de 70% da safra 2020/21 já comercializada, produtores não mostram interesse em negociar grandes lotes a curto prazo. Compradores domésticos, por sua vez, estão cautelosos nas aquisições, atentos às expectativas de safra recorde no Brasil.

Em relatório divulgado no último dia 8, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicou produção nacional de soja pode totalizar 135.54 milhões de toneladas, 8,20% superior à safra anterior.

Milho fecha em baixa com melhores condições climáticas nos EUA 

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em baixa, após quatro sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 6,75 a 8,25 centavos, com o maio cotado a US$ 5,69 e o julho/21 a US$ 5,56 o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em baixa, após quatro sessões consecutivas de alta. Os principais vencimentos registraram quedas de 9,25 a 10,75 centavos, com o maio/21 cotado a US$ 6,28 e o julho/21 a US$ 6,31¼ o bushel.

Colheita Safra de Verão 

A colheita da safra de verão 2020/2021 no Brasil de milho atingiu 71,60% da área estimada de 4.353 milhões de hectares até sexta-feira, 9, segundo levantamento da Safras & Mercado.

Os trabalhos de colheita atingem 89,80% no Rio Grande do Sul, 80,10% em Santa Catarina, 90,20% no Paraná, 84,60% em São Paulo, 65,20% em Mato Grosso do Sul, 44,30% em Goiás/Distrito Federal, 39,30% em Minas Gerais e 56,70% em Mato Grosso.

No mesmo período do ano passado, a colheita atingia 71,90% da área estimada de 4.119 milhões de hectares da safra verão 2019/20. A média de colheita nos últimos cinco anos para o período é de 73,40%.

Comercialização da Safrinha 2021 

A comercialização da safrinha 2021 de milho atingiu 35,30% da produção estimada de 80.685 milhões de toneladas, segundo levantamento de SAFRAS & Mercado. No mesmo período do ano passado a comercialização da safrinha 2020 estava mais lenta, atingindo 32%.

A comercialização de milho safrinha atinge 24,30% no Paraná, 12,10% em São Paulo, 34,90% em Mato Grosso do Sul, 36,40% em Goiás/Distrito Federal, 15,10% em Minas Gerais e 44,30% no Mato Grosso.

Mercado Interno 

Os preços do milho seguem renovando os patamares recordes na maior parte das regiões acompanhadas pelo CEPEA. Em importantes praças produtoras, o valor do cereal nesta parcial de abril já representa o dobro da média verificada no mesmo mês de 2020.

Pesquisadores do CEPEA indicam que as contínuas altas estão atreladas à baixa oferta do milho no spot nacional. Preocupados com os possíveis impactos do clima sobre a produção da segunda safra, produtores limitam as vendas. Consumidores, por sua vez, estão preocupados com os atuais patamares, que extrapolam os custos de produção em muitos casos. Os compradores que precisam recompor estoques têm tido dificuldades em encontrar novos lotes e os que conseguem se esbarram nos elevados preços negociados.

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