Soja fecha em forte alta em Chicago impulsionada pelo farelo

Os contratos futuros da soja na CBOT fecharam em forte alta, influenciados pelo farelo, com os principais vencimentos registrando ganhos de 16,50 a 17 centavos. O maio/18 fechou cotado a US$ 10,45 e o julho/18 a US$ 10,56 ¼ o bushel.

O mercado trabalha com informações já conhecidas, porém, que atuam tanto como pressão quanto como suporte para os preços. E os ganhos, segundo analistas internacionais, se dão pela melhora do clima nos EUA para o plantio do milho e pelas expectativas melhores de um acordo entre China e EUA na disputa comercial em torno da oleaginosa.

Além disso, o mercado está atento aos  resultados finais e definitivos da safra da América do Sul. E, ainda segundo analistas e consultores, o mercado também começa a ver o maior potencial dos Estados Unidos de suprir o gap de oferta que será deixado pela Argentina no mercado de farelo de soja, podendo ampliar as exportações americanas do derivado.

Com isso, os contratos futuros do farelo também registraram forte alta na Bolsa de Chicago, com os principais vencimentos subindo de US$ 11,00 a US$ 14,00. O contrato julho, que é o mais negociado, terminou o pregão a US$ 395,30 a tonelada curta, no fechamento mais alto da vida do contrato. O maio/18 fechou cotado a US$ 393,20 a tonelada curta.

“Quem liderou a alta de hoje foi o farelo. Há um sentimento forte de que a quebra da safra da Argentina irá reduzir o seu volume de processamento e os EUA podem ser favorecidos. Esse aperto na oferta ainda não foi resolvido”, disse Dan Cekander, presidente da DC Analysis à Reuters Internacional.

O mercado também segue acompanhando de perto o desenvolvimento do plantio 2018/19 dos EUA. As condições de clima começam a melhorar para os trabalhos de campo de forma a garantirem uma boa área para o milho e menos produtores americanos migrando do cereal para a soja.

Assim, aumenta a expectativa para os novos números de acompanhamento de safra e evolução da semeadura que o USDA divulga no seu relatório semanal na próxima segunda-feira, 30 de abril.

“A incidência solar e temperaturas mais quentes favorecem a entrada mecanizada no campo. No entanto, chuvas intensas voltam a cobrir as principais regiões sojicultoras dos Estados Unidos na próxima quarta-feira, 2 de maio. Até lá, deveremos observar um ritmo de plantio extremamente acelerado no Cinturão”, segundo a AgResource Mercosul, sinalizando uma tentativa dos produtores de compensar tal atraso.

Safra do RS

O presidente da Emater/RS, Iberê de Mesquita Orsi, anunciou os principais números levantados pela Gerência de Planejamento (GPL) da Instituição, em relação à safra de soja 2017/2018, que até a última semana estava com 91% da área total colhida, devendo atingir a totalidade nos próximos dias.

A área total cultivada no Estado é de aproximadamente 5.71 milhões de hectares, 3,29% a mais em relação à área cultivada na safra anterior. Se levada em conta a evolução da cultura da soja no Estado nos últimos 10 anos, há um aumento de 112,92% na produção (de 8.02 milhões de toneladas, em 2009, para 17.08 milhões de toneladas, em 2018), enquanto que a área cresceu 49,35%.

No entanto, se estima que a produção total desta safra sofra uma redução de 8% em relação a do ano anterior (18.57 milhões de toneladas), resultante principalmente de fatores climáticos adversos em algumas regiões. Em relação aos aspectos econômicos, levando em conta o preço médio praticado no dia 26/04, o valor bruto da produção no RS equivale a um montante de R$ 21.59 bilhões.

Estima-se que a produtividade média seja de 2.990 kg/ha (49,8 sacas/ha), 10% abaixo da média da safra anterior. Apesar desta redução, a produtividade esperada é a segunda maior dos últimos 10 anos, ficando atrás apenas da média da safra passada.

Entretanto, há uma variação significativa na produtividade em diferentes regiões do Estado, sendo que na região de Pelotas, por exemplo, a produtividade gira em torno de 1.700 kg/ha (28,9 sacas/ha), enquanto que na região de Santa Rosa, no Noroeste, chega a 3.000 Kg/ha (50,93 sacas/ha) e a região de Passo Fundo, no Norte, a 3.600 kg/ha (60,3 sacas/ha).

Na oportunidade, o engenheiro agrônomo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Calos Roberto Bestétti, apresentou dados da produção de soja no Brasil. Na estimativa da Conab, de abril de 2018, a área cultivada no País é de 35.08 milhões de hectares, com produção total estimada em 114.96 milhões de toneladas. A produtividade média que vem sendo atingida no Brasil é de 3.270 kg/ha.

Safra do Paraná

A colheita da safra 17/18 foi encerrada com uma produção de 19.1 milhões de toneladas, 4% inferior à safra anterior, que rendeu 19.8 milhões de toneladas. O clima não foi tão benéfico, o que fez a produtividade retroceder cerca de 7%, caindo de 3.762 quilos por hectare, na safra 16/17, para 3.503 quilos por hectare na safra 17/18. Segundo o economista do Deral, Marcelo Garrido, a produtividade da soja deste ano voltou aos níveis históricos, o que garantiu ainda uma boa safra, disse.

O preço médio da soja comercializada no Paraná neste mês de abril foi de R$ 74,00 a saca, um aumento de 32% sobre a comercialização em abril do ano passado, quando a soja era vendida em torno de R$ 56,00 a saca.

O aquecimento nos preços está sendo atribuído a uma safra menor no mundo todo, refletindo a quebra de safra na Argentina por causa da seca. E também ao conflito comercial entre Estados Unidos e China, que fez disparar a demanda pela soja brasileira. E, nos últimos dias, a escalada do dólar valorizou a soja, tornando-a ainda mais atraente para quem está comprando lá fora, disse Garrido.

O analista alerta sobre as perspectivas daqui para frente que terão a influência no mercado com a divulgação da área plantada com soja nos Estados Unidos na safra 2018/19. Segundo o Deral, 50% da soja paranaense já foi vendida, volume maior do que em igual período do ano passado, quando 36% da safra estava vendida. “Os preços maiores estão acelerando as vendas”, disse.

Mercado interno

No mercado interno, o dólar fechou em queda, mas ainda se mantém em bons patamares, oferecendo preços por volta de R$ 87,00 a saca para os produtores, em pleno final de colheita. As vendas para a safra 2018/19 também estão ocorrendo.

Milho: focado na safra dos EUA e influenciado pelo trigo, mercado sobe mais de 3% na semana

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em alta, acompanhando o trigo e a soja, com os principais vencimentos registrando ganhos de 3,25 a 3,50 centavos. O maio/18 fechou cotado a US$ 3,89 ½, o julho/18 a US$ 3,98 ½ e o setembro/18 a US$ 4,05 ½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT também fecharam em forte alta, recuperando as perdas recentes, com os principais vencimentos registrando ganhos de 8,75 a 14,75 centavos. O maio/18 fechou cotado a US$ 4,95 ½ e o julho/18 a US$ 4,98 ½ o bushel.

Leilões da Conab

Os leilões de estoques públicos de milho do governo federal, realizados nesta sexta-feira (27 de abril) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), negociaram apenas 33,18% do total ofertado, de 175.350 toneladas. Essa foi a primeira operação do governo, que deverá contemplar até 1 milhão de toneladas do cereal.

No total, o volume negociado foi de 58.180 toneladas e a sobra foi de 117.170 toneladas.

No aviso 054, o volume ofertado foi de 162.240 toneladas e a quantidade arrematada totalizou 34,01%. Os lotes mais negociados foram o quatro e seis, de Sapezal (MT) e Sorriso (MT), respectivamente.

Já do aviso 055 foram negociadas apenas 3.000 toneladas, das 13.110 toneladas colocadas à venda. O volume arrematado foi de 22,88%. E a sobra foi de 10.110 toneladas.

Segundo o consultor Vlamir Brandalizze, a fraca demanda foi ocasionada pelos altos preços da saca nas operações. “Os compradores acharam os preços caros, isso porque, em muitas regiões os valores estão próximos aos praticados nos mercados locais”, disse.

Outros fatores como a burocracia nas operações e o prazo de espera para a liberação do produto também justificam o baixo interesse nos leilões, ainda segundo o especialista. “Se as operações tivessem sido realizadas há três semanas poderíamos ter um resultado muito melhor”, disse Brandalizze.

Safra do Paraná

A primeira safra plantada no Paraná está com 90% da área já colhida, e 50% vendida. A primeira safra está encerrando com um volume de 2.8 milhões de toneladas, 43% inferior à igual período do ano passando, quando rendeu 4.9 milhões de toneladas.

A primeira safra de milho caiu bastante em decorrência de uma queda de 36% na área plantada, e na perda de 10% na produtividade das lavouras. Foi uma safra pequena e, como na soja, o clima também foi determinante para a perda de produtividade, disse Garrido.

O milho está sendo comercializado pelo produtor por cerca de R$ 31,00 a saca, 48% de aumento em relação a abril do ano passado, quando foi vendido, em média, por R$ 21,00 a saca. Essa valorização do grão está ocorrendo pela queda na oferta do produto. A safra de milho está menor no Paraná, assim como em outros estados brasileiros.

Segundo Garrido, no ano passado o Paraná produziu 18.3 milhões de toneladas entre as duas safras cultivadas no Estado e este ano vai ofertar cerca de 15 milhões de toneladas, dependendo do comportamento do clima durante a segunda safra, que está em campo. Se essa projeção se confirmar, a queda será de 17% na produção, calculou o analista.

A segunda safra de milho está plantada, mas tem a preocupação dos produtores com a falta de chuvas que já dura quase 30 dias em algumas regiões. Segundo Garrido, há previsão de chuvas para cerca de uma semana para frente ou mesmo 10 dias, mas não há garantia. E o solo está precisando de umidade, acrescentou.

Apesar disso, ainda é cedo para falar em redução da produtividade, embora o produtor esteja apreensivo porque a lavoura começa a entrar em fase crítica e precisa de água para se desenvolver. Segundo o Deral, 41% da safra entra em fase de floração e frutificação, o que faz aumentar a preocupação do setor.

A expectativa ainda é de uma segunda safra boa, com um volume de 12.2 milhões de toneladas. Esse volume é 8% inferior à safra passada, mas corresponde também à queda na área plantada, que foi de 11%. No ano passado, nessa mesma época foram plantados 2.4 milhões de hectares com milho de segunda safra, e este ano 2.1 milhões de hectares.

Mercado brasileiro

Segundo levantamento da equipe do Notícias Agrícolas, em Luís Eduardo Magalhães (BA), a saca caiu 9,38% na semana e passou de R$ 32,00 para R$ 29,00.

Na região de Panambi (RS), a queda foi de 3%, com a saca cotada a R$ 33,00. O preço foi o mesmo registrado em Não-me-toque (RS), mas a queda foi de 2,94%. Em Campinas (SP), a saca recuou 2,49% e foi cotada a R$ 39,10.

Por outro lado, a saca subiu 4,05% no Porto de Paranaguá e encerrou a semana a cotada a R$ 38,50. Em Brasília, a alta foi de 10%, com a saca cotada a R$ 33,00. Em Campo Novo do Parecis e em Tangará da Serra, ambas praças de Mato Grosso, a saca subiu 2,13%, cotada a R$ 24,00 e R$ 25,50, respectivamente.

Segundo o consultor Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a semana foi marcada por poucos negócios no mercado brasileiro. “Os grandes compradores permanecem fora das compras e temos nesse momento somente os pequenos granjeiros estão adquirindo milho. Em contrapartida, os produtores tentam vender o produto nos atuais patamares”, disse.

No geral, o sentimento do mercado é de uma boa colheita safrinha no Brasil. O consultor ainda pondera que os problemas com a estiagem nos estados do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e algumas regiões de São Paulo são pontuais. “De modo geral teremos uma boa safra e o mercado será balizado pelas exportações”, disse o especialista.

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