Soja fecha em baixa na Bolsa de Chicago

Os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 6,75 a 7 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 9,00 ¾ e o maio/19 a US$ 9,14 ½ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT também fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 1,00 a US$ 1,20. O março/19 fechou cotado a US$ 305,40 e o maio/19 a US$ 309,50 a tonelada curta.

O destaque negativo foi a possibilidade de dispersão da peste suína no Vietnã e uma suspeita sobre o Canadá, terceiro maior exportador mundial de carne suína.

Segundo Marcos Araújo, analista da Agrinvest, o controle para essa doença é o abate sanitário. Assim, pode haver  menor demanda por farelo de soja e, consequentemente, pela soja em grão, o que faria com que os estoques norte-americanos, que já são os maiores da história, ficassem ainda mais altos.

O preço da carne suína vinha subindo na CME Group, mas a suspeita no Canadá fez o mercado inverter a tendência. Assim, a cotação da soja também caiu. Essa preocupação do mercado ainda deve ganhar mais corpo, a exemplo do que houve com a gripe aviária.

O Brasil, por sua vez, pode aproveitar essa chance para recuperar o mercado externo perdido após os desdobramentos da operação Carne Fraca. Algo que também poderia ajudar a demanda interna para as processadoras de soja.

Safra brasileira

A safra de soja 2018/19 do Brasil tende a cair quase 4% em relação ao recorde do ciclo anterior, refletindo as condições climáticas adversas de dezembro e janeiro, segundo pesquisa da Reuters nesta terça-feira. Enquanto isso, o mercado aguarda a colheita de áreas de cultivo tardio, como o Rio Grande do Sul e a fronteira agrícola Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Segundo a média de 12 estimativas de consultorias e demais entidades do setor, o Brasil deve colher neste ano 114.6 milhões de toneladas de soja, após históricos 119.3 milhões de toneladas em 2017/18.

A estimativa é ainda menor do que as 117 milhões de toneladas da pesquisa anterior, de janeiro, e bem abaixo das 120.8 milhões de toneladas estimadas em novembro, antes dos efeitos do tempo desfavorável.

A atual temporada começou com prognósticos extremamente positivos face às chuvas regulares na fase do plantio, que alcançou um recorde acima de 36 milhões de hectares. Mas a estiagem e o forte calor a partir de dezembro afetaram a soja em plena fase de enchimento de grãos, e o mercado como um todo passou a rever suas previsões para o maior exportador mundial da oleaginosa.

Com perdas já consolidadas em diversas áreas, o foco agora se volta para as plantações que geralmente têm colheita mais tardia, a partir de março.

“A possibilidade de revisarmos para baixo nos próximos meses é que será preciso monitorar potenciais perdas em regiões onde tradicionalmente a semeadura é mais tardia, e as lavouras estão em estágios em que ainda necessitam de chuvas para não terem perdas por estresse hídrico. Essas regiões seriam principalmente Rio Grande do Sul e Matopiba”, disse o analista Victor Ikeda, do Rabobank.

A instituição, que na pesquisa anterior estimou uma safra de 117 milhões de toneladas, agora espera 115 milhões de toneladas. Volume semelhante é estimado pela Safras & Mercado, que também mantém o alerta para a soja gaúcha e a do Matopiba.

“As produtividades médias destes estados ainda podem sofrer alterações um pouco mais relevantes, principalmente nas variedades semeadas mais tardiamente”, informou a Safras.

Pelos dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, pelo menos até o início de março as precipitações ficarão acima da média em todo o Matopiba, enquanto no Rio Grande do Sul a situação inspira atenção. Em algumas áreas, a expectativa é de precipitações abaixo do esperado para esta época do ano.

Até a última quinta-feira, a colheita de soja do Brasil havia avançado para 36% da área, segundo a consultoria AgRural, que apontou também que mais de dois terços da área de Mato Grosso, maior produtor nacional, já havia sido colhida.

Milho fecha em baixa na CBOT acompanhando o trigo

Os contratos futuros do milho na CBOT fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 4,50 a 5 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 3,69 ¾ e o maio/19 a US$ 3,78 o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT voltaram a fechar em forte baixa pela terceira sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram quedas de 12,75 a 14,75 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 4,89 ¾ e o maio/19 a US$ 4,92 ¼ o bushel.

Segundo a ARC Mercosul, após o feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos, o mercado iniciou a semana com um tom de “ressaca”. Gestores de fundos liquidaram posições compradas de trigo e milho, impulsionando o movimento de venda.

A grande incerteza continua sobre o relacionamento entre os EUA e China. Após outra semana de negociações, nenhum resultado palpável foi alcançado. Novos encontros presidenciais estão sendo arranjados para meados de março, quando uma decisão concreta sobre a retórica política entre Trump e Jinping deve ser observada. Pelo menos é o que o mercado demanda atualmente. Até lá, este tema continuará sendo o principal direcionador de preços.

No Brasil

A produção de milho da segunda safra 2018/19 do Brasil deve crescer cerca de 21% em relação a anterior, puxada tanto por um aumento de área quanto pelas perspectivas de melhor produtividade, embora incertezas pairem sobre o mercado após as perdas na colheita soja, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta terça-feira.

Segundo a média de nove estimativas de consultorias e entidades do setor, o Brasil deverá produzir 65.3 milhões de toneladas de milho na chamada safrinha, contra 53.9 milhões de toneladas na temporada anterior, marcada por condições adversas em várias regiões, sobretudo no Paraná.

Esse aumento é puxado, em parte, pela área 4,2% maior do que a de 2017/18. A pesquisa apontou um plantio de 12 milhões de hectares para a safra que será colhida em meados do ano. A safrinha responde por cerca de dois terços da produção nacional de milho.

A expansão reflete o ânimo do produtor com os preços. O indicador de milho do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, está cerca de 20% acima do registrado um ano atrás, na casa dos R$ 41,00 a saca.

Paralelamente, há tempos não se via uma janela de plantio tão “ideal”. Com a colheita de soja adiantada, produtores estão avançando também com a semeadura do cereal de safrinha, deixando as lavouras por mais tempo expostas ao período de chuvas, o que pode lhes garantir melhores rendimentos.

“Estamos otimistas porque o cumprimento adequado da janela de cultivo da soja diminuiu os riscos climáticos associados ao cultivo do milho”, disse o analista Vitor Belasco, da IEG FNP.

Com o plantio em uma época mais favorável, a produtividade poderia atingir 5,13 toneladas por hectare, contra 4,67 toneladas no ano passado, segundo estimativa preliminar do Rabobank, baseada em linha de tendência.

No Paraná, estado mais afetado pela estiagem durante a safrinha do ano passado, as condições estão melhores agora. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), mais de 90% das lavouras permanecem em bom estágio e o estado tende a elevar a colheita em 40%.

Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro do cereal, a expectativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é de uma produtividade cerca de 3% superior, acima de seis toneladas por hectare. O estado deve produzir quase 29 milhões de toneladas de milho na segunda safra 2019/19.

Belasco, da IEG FNP, acrescentou ainda que, graças ao dólar apreciado durante a corrida eleitoral, o produtor conseguiu antecipar a comercialização a preços remuneradores, obtendo financiamento necessário para arcar com os investimentos que podem garantir maiores rendimentos agrícolas.

Apesar do cenário favorável, o mercado não descarta riscos à segunda safra de milho do Brasil. E o temor recai basicamente sobre o clima, já que a estiagem que prejudicou a soja deixa os produtores receosos.

“O produtor está muito cauteloso. A irregularidade do clima é um fator de peso na decisão dele. Paraná e Mato Grosso do Sul tiveram perdas muito significativas (com a soja). Então o produtor vai ficar com o pé atrás para aumentar essa área (de milho). Vai tomar essa decisão em cima da hora”, disse a analista Alaíde Ziemmer, da AgRural.

Em paralelo, uma nova tributação em Mato Grosso também enfurece os produtores, com impacto maior previsto na semeadura de 2020.

Mercado interno

Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, somente em Castro/PR a saca registrou alta de 2,70%, cotada a R$ 38,00. Em Paranaguá/PR a saca caiu 2,44%, sendo cotada a R$ 40,00.

 

Notícias Agrícolas, Reuters e SNA

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