Soja fecha em baixa em Chicago com fundos vendendo e queda do petróleo

O mercado adotou a chamada “terça-feira da virada” ou “turnaround tuesday” e os contratos futuros da soja recuaram de forma significativa no início da tarde de hoje na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos fecharam em baixa de 9,75 a 10,50 centavos, com o contrato julho/17 cotado a US$ 9,27 ¾ o bushel e o novembro a US$ 9,38 ¾, após ser negociado a US$ 9,51 ¾ na máxima do dia.

Segundo a analista Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, os fundos voltaram a vender depois que o mercado testou a resistência de US$ 9,40 e não conseguiu romper. “Alguns hedge funds que venderam ontem, voltaram a vender hoje novamente”, disse.

Além disso, pesa ainda sobre o mercado a forte queda do petróleo. Tanto em Nova York, quanto em Londres, os contratos futuros da commodity caem mais de 2%, registrando novas mínimas de 2017. As incertezas sobre os esforços da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) para reduzir a oferta ainda mantém o mercado bastante pressionado.

“Os preços do petróleo mantêm a tendência de baixa há quase um mês, desde que a Opep e outros países, como a Rússia, decidiram estender o acordo que reduz em quase 2% a oferta global da commodity. O Brent recuou 18,6% nos últimos seis meses. Os esforços da Opep são minados por seus próprios membros e também pelo aumento na produção de outros países, como os Estados Unidos” segundo uma reportagem da IstoÉ Dinheiro desta terça-feira, com informações do Estadão Conteúdo.

Ainda assim, o foco do mercado da soja e dos grãos de uma geral continua sendo a nova safra norte-americana, e vem acompanhado da típica volatilidade desse momento de mercado climático. Novas informações chegam dos campos norte-americanos e acabam tirando alguma direção do mercado.

No final da tarde desta segunda-feira (19/6), o USDA divulgou o seu relatório semanal de acompanhamento de safras, indicando o aumento de 1% no percentual de lavouras em boas ou excelentes condições para 67%. O mercado, porém, esperava uma melhora de 2% para a oleaginosa.

Por outro lado, as lavouras do trigo de primavera em boas ou excelentes condições, que vem chamando muita atenção nesta temporada em função das adversidades climáticas pelas quais tem passado, registraram uma nova queda de 45% para 41%, enquanto o mercado esperava uma melhora para até 47%.

Dessa forma, a alta dos contratos futuros do trigo continua e, somente em Chicago, os principais vencimentos sobem de 2,75 a 3 centavos no pregão de hoje. Em algumas das demais bolsas americanas, o trigo registra suas máximas em dois anos.

Assim, o mercado segue acompanhando as previsões do tempo, atualizada mais de uma vez no dia por alguns modelos climáticos, e, portanto, ainda bastante indeciso e buscando por uma nova tendência.

Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado só ficará menos “inquieto” diante da certeza de uma produção de mais de 115 milhões de toneladas de soja nos EUA diante da força da demanda.

No ano comercial, afinal, os embarques combinados somente do Brasil e dos Estados Unidos, já superam em 15 milhões de toneladas os do mesmo período do ano passado.

Preços no Brasil

Inevitavelmente e apesar da boa demanda e dos prêmios que seguem positivos nos portos, os preços da soja no Brasil acompanham essa queda mais intensa em Chicago e também recuam.

No terminal de Rio Grande, a saca do produto disponível estava em baixa de 0,29%, cotada a R$ 69,70 e a da safra nova, para embarque junho/2018, estava em queda de 0,93%, cotada a R$ 74,30.

Na CBOT, milho estende perdas com foco no clima no Meio-Oeste e na queda do petróleo

Os contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) ampliaram as perdas durante o pregão desta terça-feira (20). Os principais vencimentos fecharam em queda de 5,25 centavos, com o julho/17 cotado a US$ 3,70 o bushel e o dezembro/17 a US$ 3,88 o bushel.

“O clima, de maneira geral, mais favorável, segue como fator central na formação do preço”, destacou a Granoeste Corretora de Cereais em seu comentário diário. De acordo com dados reportados pelo site internacional Farm Futures, tempestades severas deverão ser registradas no oeste do Kansas e depois se estendem até Nebraska e Illinois.

Segundo previsão do NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país – nos próximos 6 a 10 dias, grande parte do Corn Belt deverá ter chuvas acima da média. Já as temperaturas, deverão ficar abaixo da normalidade.

Ainda no final da tarde de ontem, o USDA manteve em 67% o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições. 25% apresentam condições medianas e 8% têm condições ruins ou muito ruins.

Além disso, a forte queda do petróleo registrada nesta terça-feira também influencia nos preços do milho.

BM&F Bovespa

Na bolsa brasileira, a terça-feira também é negativa para os contratos futuros do milho. Os principais vencimentos registravam quedas de 0,04% a 0,49%, por volta das 13h10 (Horário de Brasília). O setembro/17, referência para a safrinha, estava cotado a R$ 26,63/saca, enquanto o novembro/17 era negociado a R$ 27,39/saca.

As cotações do cereal acompanham a queda registrada no mercado internacional. Já o dólar, fechou em alta de 1,40%, cotado a R$ 3,3308 para a venda.

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