Soja fecha em baixa com a falta de notícias

Os contratos futuros da soja na CBOT voltaram a fechar em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 10,25 a 10,50 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 9,93 ¼ e o maio/19 a US$ 9,06 ¾ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em baixa pela quarta sessão consecutiva. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ US$ 2,50 a US$ 2,90. O março/19 fechou cotado a US$ 309,30 e o maio/19 a US$ 313,00 a tonelada curta.

O governo federal norte-americano está paralisado pelo recorde de 25 dias, a mais longa da história dos EUA, com Donald Trump focado em conseguir aprovar no orçamento a verba de mais de US$ 5 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México, uma de suas maiores promessas de campanha. Até que todos cheguem a um consenso no Congresso dos Estados Unidos, há inúmeros setores paralisados, entre eles o USDA, o que tem deixado o mercado sem informações.

Nesta terça-feira, Trump teria recusado o acordo proposto por um senador americano para aliviar os efeitos da paralisação. Além disso, democratas não estiveram presentes em um almoço proposto pelo presidente, em um acordo entre bipartidário e tudo segue travado. 800.000 servidores não recebem há quase um mês.

Um número atualizado mostrou que o impacto no crescimento da economia americana, a cada semana de paralisação, é de um recuo de 0,13% com os trabalhadores parados, de acordo com informações passadas por autoridades da Casa Branca.

E segundo o analista de mercado Cristiano Palavro, da ARC MERCOSUL, o mercado de grãos é um dos que mais sofre com a falta de informação. Sem dados oficiais, os negócios perderam a direção e os traders acabam adotando uma cautela ainda maior à espera dos números quando os mesmos forem divulgados. Ainda segundo o executivo, faltam números para a especulação.

“O mercado Chicago não acredita em uma retomada dos setores paralisados nesta semana, e poucos indicativos de que possa ocorrer na próximas também. Essa paralisação está atrapalhando bastante o mercado de grãos, em função da falta de informação, tanto da estimativa de safra, estoque, exportações, posição dos fundos”, disse Palavro.

Um dos boletins de que o mercado mais sentiu falta neste período foi o WASDE, o relatório mensal de oferta e demanda, uma vez que sem esses números o mercado fica sem uma tendência, ou sem linha para defini-la, no longo prazo. Dessa forma, os traders acabam gerando, ainda segundo o analista, uma especulação momentânea, baseada em números vindos de operadores comerciais, consultorias privadas, line ups de portos e instituições como estas. O mercado sente ainda a falta dos relatórios semanais e das notas diárias de vendas para exportação.

A situação tem um impacto ainda mais severo no mercado de grãos, mais especificamente no mercado da soja, uma vez que acontece no meio da guerra comercial travada entre os EUA e a China e durante encontros de líderes de ambos os países, já que também não são reportadas informações sobre o avanço das relações entre as duas nações.

“Apesar das declarações positivas, permanece o receio quanto ao real avanço do acordo, já que ações concretas não estão sendo visualizadas. Trump está sem credibilidade nestas informações. Em um passado recente, mudou posicionamentos de forma intempestiva, e tende a ser extremamente sensacionalista. Todos ficam com o pé atrás quanto ao que ele fala, aguardando coisas concretas aparecerem”, disse Palavro.

Do mesmo modo, porém, há sinais de que os dois países buscam de forma considerável chegar a um acordo, principalmente frente ao avanço de reuniões acontecendo este ano. Entre 7 e 9 de janeiro, delegações dos EUA e da China se reuniram em Pequim e voltam a se encontrar agora em Washington nos próximos dias 30 e 31.

“Porém é política. Isso (do avanço nas negociações) não é definitivo”, disse o analista.

Há ainda todas as especulações sobre a possibilidade deste acordo não envolver a soja. O presente momento é ‘confortável’ para os chineses diante de elevados estoques da oleaginosa nos EUA e com a nova safra brasileira chegando ao mercado. Afinal, apesar de alguns problemas, ainda se trata de uma colheita robusta. E neste momento também os preços da soja sul-americana são, de fato, mais competitivos, além de a soja brasileira contar ainda com vantagens de mais qualidade.

Milho fecha em baixa na CBOT acompanhando a soja e o trigo

Os contratos futuros do milho na CBOT  fecharam em baixa. Os principais vencimentos registraram ganhos de 7,25 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 3,71 ¼ e o maio/19 a US$ 3,79 ¾ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam novamente em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 3,25 a 4 centavos. O março/19 fechou cotado a US$ 5,11 e o maio/19 a US$ 5,16 o bushel.

Segundo a Reuters, os contratos futuros do milho seguiram a tendência de baixa do trigo e da soja com as vendas técnicas acelerando as quedas nos mercados de grãos devido às preocupações de que os Estados Unidos e a China permaneçam bem separados na resolução de uma dura batalha comercial que cortou as importações de soja dos EUA pelo maior comprador do mundo. Além disso, um dólar firme torna as exportações dos EUA menos atraentes para os compradores de outras moedas.

Mercado Interno

Já no mercado interno o milho se manteve estável nas principais praças. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas apenas no Porto de Paranaguá/PR e em Ponte Grosa/PR a saca registrou altas de 1,41% e 2,94%, cotada a R$ 36,00 e R$ 35,00 respectivamente. Por outro lado, no Oeste da Bahia e em Sorriso/MT a saca caiu 0,74% e 12,79%, cotada a R$ 33,50 e R$ 15,00 respectivamente.

Segundo a XP Investimentos, esse foi mais um dia com muita especulação e poucos negócios confirmados. O avanço da colheita de verão muda as atenções do milho para a soja, deixando uma lacuna no mercado. Intermediários e Silos tentam se aproveitar da baixa liquidez para arbitrar lotes, porém, tanto Produtores quanto indústrias e granjas pouco ofertam ou demandam. Os últimos, inclusive, estão com estoques consideráveis e quando necessitam voltar ao mercado optam por lotes de fora do estado (tributado) para não chamar atenção.

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