Soja: fecha em alta com notícia da divulgação pelo governo Trump de um pacote de ajuda aos produtores americanos

Os contratos futuros da soja reverteram a tendência do início do dia e fecharam em alta na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos registraram ganhos de 10 a 10,50 centavos, com o agosto/18 cotado a US$ 8,58 e o novembro/18 a US$ 8,73 ¼ o bushel.

O governo Trump irá disponibilizar US$ 12 bilhões em um pacote de ajuda aos produtores norte-americanos que estão sendo impactados pela guerra comercial dos EUA com a China e os detalhes dessas medidas foram anunciados na tarde desta terça-feira (24/7) pelo secretário norte-americano de Agricultura, Sonny Perdue.

Segundo os representantes do governo, essas são medidas que ajudarão os agricultores a enfrentarem o que eles chamam de “tarifas retaliatórias ilegais”. Em suma, são três principais programas focados em comercialização e expansão de mercados para os produtos norte-americanos.

Para Steve Cachia, as medidas são apenas paliativas e não trazem um alívio muito extenso. “Isso é apenas uma medida para acalmar um pouco os ânimos do campo na véspera da colheita. Uma medida de curto prazo em nada resolve o problema do produtor americano. E pior, essas medidas dão um  sinal de que um acordo de curto-médio prazo não parece estar sendo cogitado”, disse o diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta.

O pacote poderia levar ainda, segundo o diretor da LucrodoAgro, Eduardo Lima Porto, a um processo na OMC (Organização Mundial do Comércio) por se tratar de um subsídio comercial direto, já que está voltado diretamente para a comercialização.  “A questão é saber quem irá abrir esse processo. Me parece que as medidas irão bagunçar os preços na bolsa, inserindo mais incerteza e, certamente, afetará os prêmios de exportação por aqui, que já estão excepcionalmente altos”, disse.

Os ganhos, portanto, são bastante frágeis, principalmente por sinalizarem que a chegada de um acordo entre as duas economias maiores do mundo não está próxima. Nesta segunda-feira, a China cancelou a compra de mais 165.000 toneladas de soja dos EUA da safra 2018/19.

Há meses que o mercado segue a disputa comercial entre China e Estados Unidos, porém, agora vinham aguardando novas informações de algum dos lados para que pudessem se posicionar melhor e movimentar os mercados de forma mais efetiva. As últimas informações, afinal, já estariam precificadas.

“Essa é a única razão para fazer o mercado reverter a baixa que estava operando em função das condições das lavouras nos EUA melhores do que o esperado”, disse Cachia. “Uma notícia animadora para o produtor americano, mas que não promoveu uma explosão de preços, apenas uma pequena reação positiva”, disse.

O que ainda limita uma eventual recuperação dos preços é o bom desenvolvimento da nova safra americana. Mais cedo, o mercado reagiu ao aumento de 1% no percentual de lavouras de soja em boas ou excelentes condições nos EUA, para 70%, divulgado pelo USDA ontem, no fim do dia.

As previsões do tempo continuam mostrando condições ainda muito favoráveis para o desenvolvimento das safras, indicou o boletim diário da Allendale, Inc.

E segundo o analista de mercado Fernando Muraro, da AgRural, uma safra de soja acima das 120 milhões de toneladas nos EUA já começa a se configurar. O momento atual, porém, é crucial para as lavouras e precisa ser acompanhado bem de perto.

Preços no Brasil

No Brasil, os preços mantiveram sua estabilidade nesta terça-feira, apesar da boa alta na Bolsa de Chicago. O dólar caiu mais de 1%, foi abaixo de R$ 3,75 e registrou a sua menor cotação em um mês, neutralizando os ganhos externos.

“A China é a principal razão do alívio externo, após o governo anunciar medidas de incentivo fiscal”, afirmou o gestor de derivativos de uma corretora local à Reuters.

Ainda assim, nos portos os preços fecharam o dia em alta. No terminal de Paranaguá, a saca da soja no mercado disponível subiu 1,12% para R$ 90,00 e no de Rio Grande, 0,23% para R$ 87,50. Ainda no porto paranaense, a saca da soja para embarque fevereiro/19 foi cotada a R$ 82,00, em alta de 1,23% e no gaúcho, para embarque agosto/18 a R$ 88,50, em alta de 0,57%.

Milho fecha em baixa na CBOT com realização de lucros e dados da safra dos EUA

Os contratos futuros do milho fecharam em baixa na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos registraram queda de 5,25 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 3,52 e o dezembro/18 a US$ 3,66 o bushel.

Os contratos futuros do trigo voltaram a fechar em baixa na Bolsa de Chicago. Os principais vencimentos registraram quedas de 3 a 3,50 centavos, com o setembro/18 cotado a US$ 5,10 ¼ e o dezembro/18 a US$ 5,29 ¼ o bushel.

“Os preços do milho recuaram nesta terça-feira em função de um movimento de realização de lucros e dos dados otimistas divulgados pelo USDA relativos à safra americana”, informou o site internacional Farm Futures.

Ontem, o USDA manteve em 72% o percentual das lavouras em boas ou excelentes condições. 19% apresentam condições regulares e 9% registram condições ruins ou muito ruins. 81% das lavouras estão em fase de embonecamento. Na semana anterior, o percentual estava em 63%, o mesmo observado em igual período de 2017. A média dos últimos cinco anos é de 62%.

A expectativa do mercado era de uma queda para 71% no percentual de lavouras em boas ou excelentes condições nos EUA. Fisiologicamente, a safra de milho deste ano continua amadurecendo moderadamente mais rápido que a média, reportou o site Farm Futures.

E as previsões do tempo voltaram a indicar chuvas acima da normalidade para o Meio-Oeste entre os dias 29 de julho a 2 de agosto. Já as temperaturas deverão ficar abaixo do normal no mesmo período.

Ainda hoje, o Governo de Donald Trump divulgou que irá disponibilizar US$ 12 bilhões em um pacote de ajuda aos produtores impactados pela guerra comercial entre os EUA e a China. O produtor da Dakota do Norte, Kevin Skunes, presidente da Associação Nacional de Produtores de Milho (NCGA), fez a seguinte declaração após o anúncio do USDA desta tarde:

“Os membros de produtores da NCGA estão enfrentando seu quinto ano consecutivo de queda nas receitas agrícolas, enfrentando altos níveis de incerteza devido a disputas comerciais contínuas e interrupções nos mercados de etanol. Os produtores de milho preferem depender dos mercados, não de um pacote de ajuda, para sua subsistência”, diz a nota oficial da NCGA, na pessoa de seu presidente, Kevin Skunes, produtor na Dakota do Norte.

Mercado brasileiro

Segundo levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Luís Eduardo Magalhães (BA), a saca caiu 4,55%, sendo cotada a R$ 31,50. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 2,00%, com a saca cotada a R$ 25,50.

“No mercado brasileiro continuamos com ritmo lento de negócios, apenas localizados devido ao impasse no frete. Temos bons volumes de exportação de contratos antigos, porém, as negociações novas estão paradas. No caso da safrinha, as perdas no potencial produtivo ainda pode dar fôlego aos indicativos, mas, mesmo com uma safrinha menor, teremos que exportar”, disse o consultor Vlamir Brandalizze.

Em Mato Grosso, 65,71% da safra de milho já foi colhida. “As condições climáticas, por sua vez, apresentaram aumento das temperaturas em grande parte das regiões, o que também colaborou para os avanços da colheita conforme o cereal vem secando no campo”, reportou o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).

No caso do Paraná, a colheita já está completa em 14% da área cultivada nesta temporada, segundo dados do Deral (Departamento de Economia Rural). Cerca de 26% das lavouras apresentam boas condições, 50% estão em condições médias e 24% em condições ruins.

A expectativa é que sejam colhidas 9.2 milhões de toneladas de milho nesta safra. O volume representa uma queda de 30% em relação ao colhido no ano anterior, de 13.2 milhões de toneladas. Em torno de 19% da safra já foi comercializada no Estado.

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