Como tradicionalmente acontece – ou na maior parte das vezes – os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago e o dólar não caminham na mesma direção. Assim, os principais vencimentos da soja na CBOT recuaram de 14 a 14,50 centavos, o dólar subiu 1,88%, fechando cotado a R$ 3,1513 para venda. Nesta toada, os preços no mercado brasileiro continuam distante dos almejados pelos produtores e a comercialização da safra 2016/17 no País segue caminhando de forma lenta.
Números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que em fevereiro, as exportações brasileiras de soja totalizaram 3.51 milhões de toneladas. Embora esse tenha sido um volume recorde para o mês e apresente um aumento de 72% em relação ao mesmo mês de 2016, o total não alcançou o volume que vinha sendo esperado para fevereiro.
Segundo o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o volume esperado para este segundo mês de 2017 era de 5.7 milhões de toneladas. “Então, esse número embarcado foi ainda pequeno em relação ao que se esperava. O que seria embarcado em dois navios foi embarcado só em um, alguns nem embarcaram e tivemos toda essa diferença porque as vendas não acontecem”, disse.
Ainda segundo o consultor, os line-ups brasileiros seguem crescendo, no entanto, ainda sem soja contratada para que os embarques sejam realizados. Boa parte da soja já embarcada ou que está sendo embarcada – somente nos dois primeiros meses de 2017 foram exportadas 4.4 milhões de toneladas – é proveniente dos negócios feitos antecipadamente, a maioria em meados de 2016, quando os preços eram bem mais atraentes.
E essa retração vendedora, apesar de não ter força suficiente ainda para promover uma recuperação mais expressiva e duradoura nas cotações na Bolsa de Chicago, provem um suporte para os prêmios pagos nos portos brasileiros, bem como, estimulam ainda novas altas para esses valores. No terminal de Paranaguá, as principais posições de entrega têm prêmios entre US$ 0,52 e 0,65 sobre as cotações na CBOT. Em Santos, esses prêmios variam entre US$ 0,55 e US$ 0,60 e em Rio Grande, de US$ 0,52 a US$ 0,57.
Ainda segundo Brandalizze, enquanto isso, a demanda permanece aquecida e buscando produto, inclusive, nos Estados Unidos, embora boa parte dos produtores americanos também esteja segurando suas vendas neste momento. As vendas para exportação da última semana, de acordo com os últimos números do USDA somaram pouco mais de 400.000 toneladas e ficaram dentro das expectativas do mercado.
Bem adiantadas, as vendas norte-americanas, no acumulado do ano comercial, já chegam a 52.502.500 toneladas, 94,1% do total estimado de 55.790.000 toneladas. A China segue sendo a maior compradora.
Preços no Brasil
Nessa gangorra entre o dólar e o mercado da soja na Bolsa de Chicago, as cotações no interior do Brasil terminaram o dia praticamente estáveis. A exceção ficou por conta de Pato Branco, no Paraná, aonde a saca caiu 0,31% e foin cotada a R$ 63,40. Em Tangará da Serra, no Mato Grosso, a saca subiu 1,75%, cotada a R$ 58,00. Em Luís Eduardo Magalhães, queda de 3,82% para R$ 63,00 e em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, alta de 0,86% com a saca cotada a R$ 58,50.
Já nos portos, os preços subiram de forma significativa. Em Paranaguá, alta de 2,07% no mercado disponível e no mercado futuro com a saca cotada a R$ 74,00. Em Rio Grande, a saca da soja no mercado disponível foi cotada a R$ 74,10, em alta de 0,82%, e no mercado futuro, referência junho/17, alta de 2%, cotada a R$ 76,50.
Ainda assim, os preços estão distantes do que o produtor espera para voltar ao mercado. “O produtor da região Sul espera algo perto de R$ 75,00 (no interior) e isso aconteceria só com os portos acima dos R$ 80,00/R$ 82,00 em diante”, disse Vlamir Brandalizze. “No Centro-Oeste, ele espera algo perto de R$ 70,00 e os preços estão na casa dos R$ 60,00”.
Mercado em Chicago
Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam em queda de 14 a 14,50 centavos nas posições mais negociadas, com o maio/17 terminando os negócios cotado a US$ 10,37 ¼/bushel. “O mercado, porém, não mudou. Depois das altas de ontem, o mercado liquidou parte de suas posições”, disse o consultor.
Segundo Brandalizze, as quedas observadas na CBOT não foram fundamentadas, mas revelam o mercado ainda travado em patamares que precisam de novidades para se dissipar. Ao mesmo tempo, trata-se de um mercado bem financeiro, com influência do macrocenário e da atuação dos fundos, bem como da movimentação do dólar.
Segundo analistas internacionais, o mercado segue atento ao futuro dos biocombustíveis nos EUA após o discurso de Trump – o que puxou, inclusive, os contratos futuros do óleo de soja ontem – mas, também à conclusão da nova safra da América do Sul.
Fonte: Notícias Agrícolas