A Pátria Agronegócios divulgou a sua nova estimativa para a safra 2021/22 de soja do Brasil em 122 milhões de toneladas. Trata-se de um dos menores números do mercado por consultorias privadas que foi atualizado depois de um tour de safra feito pela empresa não só em áreas brasileiras, mas também argentinas.
A quebra sul-americana é um golpe duro na oferta mundial da oleaginosa, que aperta ainda mais as relações globais de estoque e consumo, reiterando a força dos fundamentos para o mercado da oleaginosa, apesar das consideráveis e pontuais baixas apresentadas pelo mercado em Chicago.
“Nunca vi tanta escala de lavouras ruins ao longo da minha trajetória e nesses 7.500 quilômetros rodados entre Brasil e Argentina. O mercado estimava que a América do Sul como um todo produziria 205 milhões de toneladas”, disse o diretor da Pátria, Matheus Pereira.
“As estimativas mais recentes da Pátria têm cortes muito profundos também no Paraguai e na Argentina, chegando a um número próximo de 165 milhões de toneladas para serem colhidas nos campos em 2022. Estamos tratando do maior corte produtivo da história da sojicultura mundial.”
Novos ajustes
Pereira explicou ainda que os números ainda podem apresentar alguns novos ajustes, já que mais perdas poderiam ser noticiadas no Sul do Brasil e na Argentina, dadas as condições muito adversas de clima que continuam a ser registradas, bem como no Paraguai.
Para Cristiano Palavro, também diretor da Pátria Agronegócios, o mercado da soja ainda não precificou completamente as perdas na América do Sul, principalmente porque elas podem ser ainda mais agressivas.
Todavia, as commodities, não só a soja, neste momento são influenciadas por fatores externos, com destaque para as questões geopolíticas, em especial as notícias vindas da Rússia nesta terça-feira, sinalizando um tom mais diplomático sobre suas relações com a Ucrânia.
Impacto
As informações pesaram sobre os mercados de commodities que subiram muito nos últimos dias, dando espaço às realizações de lucros, e levando os futuros da soja a terminarem o dia em quedas de quase 20 centavos nos vencimentos mais negociados na CBOT (Bolsa de Chicago). O maio e o julho terminaram o pregão cotados a US$ 15,55 o bushel.
Assim, ainda segundo Palavro, essas quedas na soja, diante da manutenção dos fundamentos fortes e altistas, são, de fato, pontuais e apenas um momento de fôlego para que possam, na sequência, retomar as altas. Ele afirma também que a demanda permanece firme e que terá de se ajustar a essa nova realidade de oferta, porém, sem cair de repente.
“As exportações (do Brasil) vão cair, as margens de esmagamento nas origens, Brasil e Estados Unidos, estão boas, diferente do que se observa na China. Então nosso mercado interno, nossas indústrias, que já vinham precificando nossa soja de forma mais agressiva, agora serão até forçadas a isso porque o mercado precisa evitar que a gente mande toda a previsão inicial de soja pra fora e evite um desabastecimento”, disse o executivo.
“Porque seria muito mais caro as indústrias locais trazerem essa soja de fora do que pagar preços um pouco mais expressivos do que a exportação, garantindo assim, o grão aqui dentro. Então, sem dúvida, o primeiro impacto será sentido nas nossas exportações do que no processamento interno.”
Monitoramento
Assim, será também importante que o produtor brasileiro acompanhe o comportamento dos prêmios. Neste momento, segundo Pereira, os preços passam, no Brasil, por uma certa estagnação diante de uma demanda que tem se deslocado para os EUA frente às perdas e a pouca disponibilidade no mercado nacional.
Palavro complementa dizendo que “essa competividade Brasil x EUA tem de ser monitorada nesse direcionamento dos prêmios de exportação, especialmente no curto prazo”.
Fonte: Notícias Agrícolas
Equipe SNA