Soja: combinação de Chicago e dólar em baixa pesa sobre preços no Brasil

Com os contratos futuros da soja em queda na Bolsa de Chicago e mais uma baixa do dólar, as cotações da oleaginosa no Brasil também recuavam.

No porto de Rio Grande, no início da tarde desta terça-feira (23/5), a saca da soja no mercado disponível estava cotada a R$ 70,00, em baixa de 1,41%, enquanto a saca da safra nova estava cotada a R$ 74,00, em baixa de 1,07%.

Segundo o consultor Vlamir Brandalizze, essa combinação de fatores voltou a esfriar a comercialização no Brasil, uma vez que, os produtores nacionais já definiram um novo e mais alto objetivo de preço para voltarem às vendas. As cotações da saca precisariam estar em algo entre R$ 73,00 e R$ 75,00 para estimular novos negócios.

Na terceira semana de maio, os embarques brasileiros de soja perderam um pouco do ritmo em relação aos meses anteriores, em parte, também em função desse baixo volume de novas vendas.

“Na média diária do mês ainda temos volumes elevados, com mais de 490.000 toneladas/dia. Mas o fato é que, na última semana, a média diária foi de apenas 371.000 toneladas. Mantendo este ritmo, as exportações devem chegar ao redor de 9 milhões de toneladas e podem até mesmo não chegar a este nível se seguir mostrando queda no ritmo dos novos embarques”, disse Brandalizze.

Apesar disso, a boa notícia é que a demanda mundial pela soja segue muito aquecida e o foco dos compradores está, agora, na competitividade. Somente em abril, as importações chinesas de soja do Brasil aumentaram 27,7% em relação ao mesmo mês do ano passado e chegaram a 6.15 milhões de toneladas.

Ainda nesta terça-feira, o USDA anunciou uma nova venda de 126.000 toneladas da safra 2016/17 para destinos não revelados.

Dólar 

A moeda americana fechou em baixa de 0,31%, cotada a R$ 3,2662 para venda.

Bolsa de Chicago

Os principais vencimentos da oleaginosa fecharam em queda de 7,75 a 8,25 centavos, devolvendo os ganhos obtidos no pregão anterior, refletindo os últimos números do USDA sobre o plantio no país.

Até o último domingo (23/5), 53% da área já havia sido semeada com soja, enquanto o mercado esperava algo entre 47% e 52% para esta semana. O percentual ficou em linha com o mesmo período do ano passado e 1% abaixo da média dos últimos cinco anos.

Ao mesmo tempo, porém, as últimas previsões do tempo indicam a chegada de mais chuvas no Meio-Oeste americano e temperaturas ainda baixas. As condições não seriam, portanto, muito favoráveis para a evolução dos trabalhos de campo nestes próximos dias.

“As previsões climáticas não tão favoráveis para o desenvolvimento da safra no país trazem incertezas sobre o tamanho da safra, principalmente no Centro dos Estados Unidos. As condições climáticas para junho nos Estados Unidos têm que ter um padrão mais favorável, com temperaturas mais quentes e chuvas amenas, caso contrário o enraizamento das culturas, principalmente o milho, poderá se manter pouco aprofundado (ou superficial). Uma estiagem em julho poderia causar problemas graves na cultura fragilizada”, disse a consultoria AgResource Brasil, em seu relatório diário.

Com foco na safra dos EUA, milho amplia as quedas em Chicago

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho ampliaram as perdas ao longo da sessão. Os principais vencimentos fecharam em baixa de 5 a 5,50 centavos. O julho/17 fechou cotado a US$ 3,69 ½ /bushel, enquanto o dezembro/17 fechou a US$ 3,87 ¾ /bushel.

As atenções do mercado seguem voltadas para a evolução do plantio da nova safra americana. Ainda no final desta segunda-feira, o USDA divulgou que a semeadura do grão está completa em 84% da área prevista para esse ciclo.

O percentual ficou dentro das projeções do mercado, entre 82% e 87%. Até a semana anterior, 71% da área estimada para essa safra já havia sido cultivada, ainda segundo os dados oficiais.

Apesar do avanço nos trabalhos nos campos, o mercado ainda observa o clima em algumas regiões. O portal Farm Futures divulgou que o excesso de umidade no solo continua sendo um problema em Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, Colorado e Kansas.

Também há preocupações em relação às áreas sujeitas ao replantio, de acordo com o boletim divulgado pela Granoeste Corretora de Cereais. “Muitas áreas semeadas em fins de abril e início de maio sofreram com chuvas torrenciais e frio intenso que ocorreram nos dias que se seguiram ao plantio”, informou a corretora.

Segundo previsões do NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país – nos próximos 8 a 14 dias, boa parte do Corn Belt ainda deverá receber chuvas acima da média. Já as temperaturas deverão permanecer dentro da normalidade em grande parte da área de produção.

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