As chuvas do final de semana ainda foram muito esparsas no Brasil. Assim, a semeadura da nova safra continua apenas pontual, com os produtores se arriscando a plantar no pó. Há, no entanto, poucos produtores adotando essa prática e confiando nas previsões que indicam a chegada das chuvas para este final de setembro.
O mapa abaixo, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), mostra o acumulado das chuvas nas últimas 24 horas no País e confirma que as precipitações foram muito pontuais e sem permitir um avanço mais expressivo do plantio. “Não há nada de área plantada muito expressivo até agora”, disse o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
As chuvas ainda chegam em forma de pancadas e, depois do período longo de seca e temperaturas muito elevadas, acabam por mudar muito pouco o cenário de forma a permitir a semeadura. E com os elevados custos dos insumos aliados a um percentual de comercialização antecipada muito alto, a cautela dos produtores rurais é maior agora, já que os riscos também podem ser maiores.
Ainda assim, segundo Brandalizze, o atual momento ainda não é visto pelos sojicultores como um problema muito sério. A janela ideal para o plantio da soja ainda não está sendo comprometida e “quando começar, vai plantar rápido com a tecnologia que se tem hoje”, disse ele. “Está todo mundo com os olhos para o céu esperando as chuvas, mas estamos muito longe de se terminar a janela ideal. Assim, o produtor agora está cauteloso”.
Previsão do tempo
Segundo as previsões mais recentes do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a semana será marcada pela continuação da mudança no tempo em todo o País.
Naiane Araújo, meteorologista do Inmet, destacou que o Sudeste e Centro-Oeste continuarão com chances de pancadas de chuvas e quedas nas temperaturas, enquanto o sul do Brasil continua com chances de geadas nos próximos dias. Para o Centro-Oeste, a meteorologista afirmou que as condições levarão alívio para as temperaturas, com umidade relativa do ar principalmente para as condições de queimadas.
Mato Grosso
O Notícias Agrícolas recebeu imagens do início do plantio em Ipiranga do Norte, em Mato Grosso. Os trabalhos de campo ocorrem em áreas de pivô, já que por lá os acumulados até agora não são ideais para dar início aos trabalhos, segundo o engenheiro agrônomo da Monsoy, Romário Batista, que atua na região.
“Tivemos algumas chuvas em volta, na região, e demos início nas áreas de pivô. Com os custos tão altos como estão, os riscos precisam ser limitados”.
Loinir Gatto, presidente do Sindicato Rural da cidade, é taxativo. “Não temos plantio ainda. Os produtores estão esperando uma melhora nestes próximos cinco dias”. E a cautela é ainda maior e mais necessária com cerca de 50% da nova safra já comercializada.
Ainda segundo o engenheiro, em Sapezal algumas propriedades já deram início ao plantio 2020/21, confiando nas chuvas que estão previstas para a região nos próximos dias. Um vídeo mostra a semeadura em 18 de setembro, na fazenda Itamaraty, sendo feito no pó, aguardando as precipitações.
Em Nova Mutum, o plantio também ainda não começou efetivamente, informou o presidente do sindicato rural do município, Emerson Zancanaro. “Os produtores estão com todos os insumos comprados, mas ainda sem condições de começar”.
O mesmo relata Tiago Stefanello, presidente do sindicato rural de Sorriso. “As chuvas estão muito manchadas. Não choveu para plantar”. No entanto, ele afirma ainda que não há muita preocupação neste momento, principalmente com as previsões indicando a chegada de melhores precipitações para o final do mês.
Em Sinop, o cenário é o mesmo. “Alguma coisa choveu, mudou o clima, mas as chuvas são insuficientes para começar o plantio”, disse Ilson José Redivo, presidente do sindicato rural do município.
“Fala-se em algo entre 10 mm e 20 mm, mas com o calor intenso e a seca dos últimos dias, essa chuva não é nada. Em uma outra propriedade choveu entre 40 e 50 mm. Essas conseguiram largar o plantio, mas são ainda poucas propriedades”.
Paraná
No Paraná, o plantio da soja também não evoluiu nestes últimos dias. Assim como em Mato Grosso, as chuvas foram limitadas, de baixo volume e insuficientes para estimular o produtor a fazer suas plantadeiras funcionarem.
“Tivemos algumas chuvas esparsas, em volumes pequenos e em diferentes regiões do estado”, disse o presidente da Aprosoja-MT, Márcio Bonesi. “E devido à grande estiagem, não são volumes que façam voltar a umidade do solo”.
Dessa forma, os trabalhos de campo são como as chuvas no estado: pontuais. Segundo Bonesi, há produtores plantando a safra de soja 2020/21 na região de Ubiratã/Juranda, um dos locais onde o plantio acontece mais cedo por conta do plantio do milho safrinha.
Notícias Agrícolas
