Soja cai no Brasil sem compras chinesas

Pesquisa diária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que os preços médios da soja no mercado físico brasileiro fecharam a segunda-feira (16/12) nos portos do Brasil, sobre rodas para exportação, em baixa de 1,33%, para a média de R$ 86,79/saca (contra R$ 87,96/saca no dia útil anterior).

“A forte queda de 1,15% do dólar, somada à ausência da China, anularam a alta da soja em Chicago e não evitou a queda dos preços oferecidos pelos compradores sobre rodas nos portos do sul do Brasil ou seus equivalentes em outros estados”, indicam os analistas da T&F Consultoria Agroeconômica.

No interior, também, o preço médio caiu 0,42%, para R$ 82,76/saca (contra R$ 83,11 no dia anterior). Com isso, o acumulado do mês aumentou a queda para 3,63% nos portos e de 2,50% no interior, segundo a pesquisa do Cepea.

Ainda segundo a T&F, não foram reportadas atividades da China nesta segunda-feira, em nenhum mercado. “Aparentemente os asiáticos não querem estourar os preços e comprarão devagar, como já previmos na semana passada. Autoridades do Brasil e da China avançam nas negociações para a exportação de farelo de soja”.

No mercado futuro de Paranaguá, também não foi reportado nenhum negócio. Os prêmios FOB nos portos brasileiros pedidos pelos vendedores recuaram US$ 0,04/bushel para fevereiro, situando-se a US$ 0,68 sobre março CBOT, US$ 0,02 para março a US$ 0,56, US$ 0,02 para abril a US$ 0,47 sobre maio CBOT, US$ 0,02 para maio a US$ 0,55, US$ 0,05 para junho a US$ 0,45 sobre julho CBOT e subiu US$ 0,01 para julho a US$ 0,59.

Argentina

O aumento dos impostos sobre exportações de grãos anunciado pela Argentina no fim de semana irá pressionar os embarques de soja, milho e trigo do país, com produtores diminuindo os investimentos para compensar os menores lucros que as novas tarifas devem causar. A informação foi divulgada por agricultores à Reuters.

O presidente peronista Alberto Fernández, que tomou posse na terça-feira, elevou as taxas sobre grãos, óleo e farelo de soja para 30%, de 25% anteriormente, e aumentou de 7% para 12% as tarifas sobre milho e trigo. O governo passa por um momento em que precisa de dinheiro, uma vez que caminha para renegociar cerca de US$ 100 bilhões em obrigações.

A Argentina é a terceira maior exportadora de milho e soja do mundo, além de maior fornecedora de farelo de soja, utilizado como ração animal. Produtores afirmaram que as taxas mais altas vão causar uma retração na tomada de riscos, forçando um aumento no plantio de soja, mais barato, e reduções nos investimentos.

“O aumento nas taxas de exportação será horrível para a produção, e isso afetará as economias rurais, com impacto sobre as pessoas que vendem máquinas agrícolas, sementes e fertilizantes. Mais tarde, isso fará efeito sobre a economia nacional”, disse David Hughes, produtor da cidade de Alberti, na região de Buenos Aires.

Para a Argentina, os embarques de grãos são a principal fonte dos muito necessários dólares provenientes de exportações. O Banco Central tem vendido reservas de dólares para controlar a desvalorização da moeda local, que perdeu mais de 83% de seu valor nos últimos quatro anos. O enfraquecimento do peso contribuiu para que a inflação ficasse ao redor de 50% ao ano.

As taxas de exportação são pagas ao governo pelas empresas exportadoras internacionais, que, por sua vez, descontam os impostos dos preços pagos aos produtores. Dessa forma, os agricultores terminam pagando as taxas mesmo que não tenham um ano lucrativo.

Segundo Hughes, o custo para cultivar soja em sua fazenda gira em torno dos US$ 300,00 por hectare. O milho custa US$ 550,00 e o trigo US$ 380,00. Assim, com os lucros em jogo, a tendência é que Hughes e outros produtores reduzam riscos e diminuam o cultivo de milho e trigo.

“Os agricultores arriscam todo seu capital no plantio. E então a safra fica sujeita às condições climáticas. Quando os riscos disparam devido às taxas mais altas, é natural arriscarmos menos, investirmos menos, colhermos menos”, afirmou Eduardo Bell, produtor da cidade de Saladillo, no coração do cinturão agrícola dos Pampas.

 

Notícias Agrícolas/Reuters

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