Soja brasileira em alta apenas nos portos

A pesquisa diária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou alta de 0,48% no preço da soja praticado nos terminais portuários brasileiros, elevando o valor para R$ 96,03/saca e puxando a alta do mês de setembro para 3,68%. Mesmo assim, não houve grandes negociações especificamente nesta quarta-feira (19/9), segundo informação da T&F Consultoria Agroeconômica.

Já no interior os preços da soja no mercado físico caíram 0,34%, para R$ 88,95/saca, trazendo a alta dos preços em setembro para 3,57%. Na avaliação do analista da T&F Luiz Fernando Pacheco, isso ocorreu porque os subprodutos farelo e óleo de soja estão em queda ou estagnados em muitas praças e os fretes ficaram mais altos.

O especialista relata que foram negociadas cerca de 120.000 toneladas de soja no mercado spot entre Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Bahia nesta semana. “Evidentemente que este volume foi bem maior, se pudéssemos ter apurado os negócios em Goiás, Minas Gerais e região do ‘Matopiba’. Mas já dá uma ideia do que tem girado ultimamente, principalmente na segunda e na terça (hoje foi fraco)”.

Foram cerca de 60.000 toneladas no Rio Grande do Sul, 40.000 toneladas no Mato Grosso do Sul e 20.000 toneladas na Bahia, pelo menos. No Mato Grosso e no Paraná os negócios de soja foram travados, nesta semana, com pouca movimentação.

Nesta quarta-feira, também, os negócios estiveram retraídos, porque, apesar da alta de 1,96% em Chicago e dos prêmios voltaram a subir mais US$ 0,15 /bushel para março, houve queda do dólar de 0,43% e o spread entre o que pedem os vendedores e o que oferecem os compradores continua alto.

Mercado do milho está “derretendo”

“Aumento nos estoques pela retenção dos vendedores, exportação retraída pela falta de competitividade do milho brasileiro, compradores com estoques para 30/60 dias e compromissos financeiros dos agricultores chegando. Tudo isto está fazendo o mercado de milho ceder a cada dia”. Essa é a visão de Luiz Fernando Pacheco, analista da T&F Consultoria Agroeconômica.

Confirmando as previsões, um experimentado corretor de Santa Catarina, que negocia basicamente com milho, disse que o mercado está derretendo, com bastante oferta e preços quase rompendo a barreira dos R$ 40,00 CIF/SC mais ICMS.

A exportação era a esperança dos grandes players, mas, como não está ocorrendo, os vendedores se voltaram para o mercado interno. E surge a necessidade de limpar armazéns para a próxima safra. Outro detalhe é que os compradores estão mais alongados nas compras, de 30 a 60 dias, fazendo com que não sejam tão agressivos em suas demandas.

Segundo Fernando Pacheco, Santa Catarina é um estado-chave na compra de milho do país porque tem um déficit anual ao redor de 2.5 milhões de toneladas. “Pode-se imaginar como estão outros estados, principalmente aqueles que tem mais oferta que demanda, como os do Centro-Oeste do Brasil”, afirmou o analista.

Já os analistas da XP Agro dizem que em Campinas (SP), há pressão nas referências do milho. Como vem sendo reportado, boa parte das cooperativas paulistas e paranaenses registraram bons níveis de fixação nos últimos dias e o fato, ao menos no curto prazo, incentivou a redução das indicações de compra.

De acordo com informantes, produtores estão mais suscetíveis em vender seus estoques por conta da necessidade de fazer caixa visando à continuidade do plantio de verão.

De maneira geral, a queda recente do dólar, somada às quedas em Chicago, reforça a pressão baixista nos portos, visto que as tradings não estão subindo os prêmios. Em Santos (SP) e Paranaguá (PR), as indicações para setembro/18 e novembro/18 recuaram R$ 0,50/saca, para R$ 40,00 e R$ 41,00 a saca, respectivamente.

Essa é a terceira queda diária consecutiva nas referências de porto. A média captada pela XP Investimentos está em R$ 40,04/saca, com queda de R$ 0,72 no dia.

No Mato Grosso, um estado que precisa vender, porque tem muito volume (sozinho produz mais que RS, SC e PR somados), e que normalmente negocia bons volumes diários, os negócios, tanto no mercado spot, quanto no mercado futuro, estão totalmente travados nesta semana.

 

Fonte: Agrolink

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