O Brasil é capaz de armazenar apenas 72% da safra, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dados da instituição comparam o total produzido na temporada 2017/2018, cerca de 225 milhões de toneladas, à estrutura de estocagem, estimada em 162 milhões de toneladas, o que gera um déficit de 63 milhões de toneladas.
A estimativa da Conab leva em consideração a armazenagem de cooperativas e iniciativas públicas e privadas, como fazendas e tradings. O Diretor de Operações e Abastecimento da companhia, Fernando Fonseca, disse que a estrutura não acompanhou o salto produtivo dos últimos anos.
“Hoje, grande parte da armazenagem está concentrada no Sul e Sudeste, enquanto que a fronteira agrícola tem crescido de forma significativa em direção ao norte do país”, complementou Fonseca.
O alto custo de investimento fez a sojicultora Sandra Cenci, do Distrito Federal, desistir de construir silos. Para guardar a produção, ela tem recorrido à cooperativa local. “Fica pelo tempo que necessitar. Para comercializar também é mais fácil, porque ficam controlando e fazem a venda para gente. Acho bastante cômodo”, disse.
Sem opção, alguns produtores acabam deixando os grãos a céu aberto durante períodos de super safra. Exposta às variações climáticas, a produção estraga rapidamente.
A Conab reforça a necessidade de o governo brasileiro fortalecer as políticas públicas de construção de armazéns, como feito em anos anteriores.
“Em 2013, instituiu-se o Programa de Construção de Armazéns (PCA), justamente para melhorar esse cenário. Houve um ligeiro crescimento, hoje, de cerca de 15% de capacidade instalada, mas aquém do que se é considerado ideal”, afirmou Fonseca.
Com poucas condições de armazenagem privada, o produtor pode optar pela estocagem compartilhada. Para quem teme desvios nos volumes guardados, a Conab traz certa qualidade: dos 770 armazéns credenciados, apenas um teve esse tipo de problema, no ano passado.
“Isso é reflexo do trabalho de acompanhamento que está sendo feito”, disse o diretor Administrativo, Financeiro e de Fiscalização da companhia, Waldenor Mariot.
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