A safra 2019/20 de soja do Brasil já é destaque na mídia internacional, principalmente em função da guerra comercial entre China e Estados Unidos ainda em curso e com a demanda da nação asiática inspirando uma série de incertezas em função da Peste Suína Africana. Mais do que isso, o país deverá, enfim, se consolidar como o maior produtor mundial da commodity.
Assim, a Bloomberg fez uma pesquisa com 10 analistas de mercado mostrando que o aumento da área brasileira cultivada com a oleaginosa deve ser de modestos 1,80% em relação à safra anterior para 36.7 milhões de hectares. Caso se confirme, ainda segundo o levantamento, esse será a menor expansão em 13 anos. A Bloomberg aponta que a média de aumento dos últimos cinco anos é de 3,50% e nas últimas 10 safras, de 5%.
Área de soja no Brasil – Fontes: Conab e Bloomberg
Apesar disso, ainda se espera uma produção recorde, apontada pela pesquisa da Bloomberg, em 123 milhões de toneladas. As expectativas de produtividade para esta temporada, afinal, são bastante positivas, caso, é claro, as condições climáticas favoreçam o desenvolvimento das lavouras.
Para o consultor Vlamir Brandalizze, “até agora essa safra do Brasil é uma safra sem problemas, onde podem ser colhidas 125 milhões de toneladas, ou até um pouco mais do que isso”.
Na região de Correntina, na Bahia, por exemplo, os produtores esperam aumentar a produtividade média da soja para 60 sacas por hectare, contra 55 sacas por hectare da safra anterior.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o produtor local Ricardo Vieira afirma que as previsões mostram tempo favorável para o desenvolvimento das lavouras, o que poderia, de fato, promover esse aumento de produtividade.
Com boas previsões indicando chuvas adequadas entre outubro e novembro, o plantio da soja em Correntina deverá ser iniciado em 20 de outubro. O vazio sanitário termina no próximo dia 8 no estado baiano.
No Rio Grande do Sul, as perspectivas também são bastante positivas, segundo o presidente da Aprosoja RS, Luis Fernando Marasca Fucks, que espera chuvas dentro da normalidade e um cenário também adequado ao desenvolvimento das lavouras. Confirmado esse quadro, a expectativa da instituição é de que a produção gaúcha aumente entre 500.000 e 1 milhão de toneladas.
Na região de Rio Verde, em Goiás, o plantio da soja caminha ainda lentamente, porém, o diretor do Sindicato Rural local, José Roberto Brucceli, explica que esse ‘atraso’ pode ser positivo para a oleaginosa, uma vez que na região as lavouras plantadas um pouco mais tarde registram melhor potencial produtivo.
Produtividade x custos de produção
E esse foco ainda maior dos produtores em seus custos de produção é o que justifica essa necessidade e busca dos sojicultores por melhores índices de produtividade. Eles afirmam que esse ano os custos são os maiores de todos os tempos.
Em entrevista à Bloomberg, o produtor de Mato Grosso Oswaldo Pasqualotto afirma que “este é um dos anos de maiores incertezas dos últimos 10 ou 15 anos”. Por conta de chuvas ainda insuficientes para o plantio, o sojicultor ainda não iniciou seus trabalhos de campo nos 11.000 hectares estimados.
Mais do que isso, a questão cambial também foi um assunto de peso ainda mais agressivo no planejamento dos produtores brasileiros. O comportamento do dólar tem sido bastante volátil nos últimos meses. A moeda norte-americana registrou níveis recordes, e embora favoreça as exportações, eleva os custos e gera ainda mais incertezas.
Prêmios
Os prêmios pagos pela soja brasileira foram pressionados nos últimos dias, principalmente nas referências para o produto da safra velha, diante de uma demanda um pouco mais presente da China no mercado norte-americano.
Segundo Brandalizze, o mercado, porém, não tem espaço para uma queda ainda mais acentuada destes prêmios. Afinal, o volume de soja disponível se ajusta mais a cada dia e a demanda pelo produto nacional segue aquecida, mesmo com essas compras pontuais, e por cotas, da nação asiática no mercado norte-americano.
Para a safra nova, ainda segundo o consultor, os prêmios são bons e estão acima da média histórica, diante das perspectivas de o Brasil colher uma safra recorde de 125 milhões de toneladas, ou algo próximo disso. São valores oscilando no intervalo de US$ 0,35 a US$ 0,50.
Notícias Agrícolas