O mercado brasileiro deverá vivenciar, nas próximas semanas, uma intensificação da disputa entre a demanda interna e as exportações de soja frente a um quadro de oferta bastante ajustado. Enquanto as exportações do Brasil evoluem em um ritmo bastante rápido, o consumo de farelo de soja também cresce no país, juntamente com a necessidade de aumento da capacidade de processamento da indústria nacional.
“O mundo precisa da soja em grão e precisa do farelo. Alguém precisa produzir esse farelo”, diz Liones Severo. Para o consultor de mercado do SIM Consult , o preço do derivado, que atualmente é de US$ 504,00 por tonelada, pode retomar o patamar dos US$ 550,00 e levar os preços da soja a superarem os US$ 16 por bushel em Chicago. “O farelo é muito disputado, os americanos já venderam quase tudo e existe altos riscos de termos uma situação incontrolável pela capacidade do alcance do preço, que precisa crecer para se posicionar como preço de racionamento”, completa.
Segundo Severo, o Brasil deverá processar cerca de 37 milhões de toneladas e exportar o restante de sua safra. “Essa disputa pode ficar um pouco mais competitiva porque a exportação é altamente demandada, não existe grandes estoques nem no Brasil e nem no mundo. Será necessário competência e boa gestão comercial para que se consiga adequar a capacidade da oferta com as demandas interna e externa”.
Atualmente, o Brasil tem sido um importante participante desse mercado do farelo de soja, uma vez que a Argentina, maior exportador mundial do produto, não vem processando e os sojicultores locais têm evitado às vendas. O cenário no país é desfavorável com a desvalorização da moeda local e também frente aos altos impostos pagos sobre os produtos exportados.
Assim, o consultor acredita que o mercado conta com mais esse fator de suporte para os preços, não só no cenário internacional, mas também no interno. Há uma disputa entre o farelo brasileiro e os demais que são ofertados, porém, o lucro oferecido pelo produto nacional esbarra na capacidade logística do Brasil.
Comercialização: Produtores conseguiram boas médias de preços
Atualmente, cerca de 70% da safra 2013/14 de soja do Brasil já está comercializada e, para Severo, o produtor brasileiro conseguiu garantir boas médias de preços. Em relação à temporada anterior, as cotações base porto ficaram R$ 10,00 acima das praticadas no ano passado.
Ainda assim, o consultor afirma que por conta dessa escassez mundial de produto, o mercado ainda conta com um bom potencial de alta. Porém, faz um alerta. “Muita gente entrega soja para as indústrias e tradings e, muitas vezes, ela já foi até consumida. Mas ela tem um custo com armazenagem, custo de carregamento, seguro, e essa é uma situação que deve ser muito bem avaliada. Se você sobrar na boca da safra com uma grande quantidade, essa quantidade perde valor por não estar nos pontos de consumo, e demora para chegar. O Brasil lida com a dificuldade da logística interna e com a distância dos mercados consumidores”, explica.
Hoje, ainda de acordo com o consultor, há uma grande concentração dos preços entre R$ 70,00 e R$ 74,00 por saca nos portos. “A média de comercialização este ano está muito concentrada com grande eficiência do produtor brasileiro. Só ele tem soja e ele está administrando muito bem a comercialização”.
Fonte: Notícias Agrícolas