O animo voltou ao mercado futuro da soja em Chicago nesta quinta-feira (26/7) depois do anúncio do presidente americano Donald Trump de zerar a tarifa para a Europa comprar soja com exclusividade dos Estados Unidos.
“Nós vamos trabalhar para reduzir as barreiras e aumentar o comércio em serviços, químicos, farmacêuticos, produtos médicos, assim como soja”, disse Trump no fim do dia nesta quarta-feira (25/7) e a reação dos preços na Bolsa de Chicago foi imediata.
Por volta das de 9h30 (horário de Brasília), os principais vencimentos estavam em alta de 19,75 a 20 centavos, com o novembro/18 sendo negociado a US$ 8,95 ¾ por bushel.
O mercado vinha esperando por novidades que pudessem promover movimentos como este nos preços, permitindo tomar posições mais agressivas para a oleaginosa na CBOT. A notícia chegou exatamente com esse efeito.
“Há um suporte do acordo comercial EUA e União Europeia, que deve levar a um maior volume de exportações americanas de soja para esta região. Estes acontecimentos podem, pelo menos momentaneamente, provocar a entrada dos fundos no mercado e oferecer suporte apesar da pressão das condições excelentes da safra americana de soja 2018”, disse Steve Cachia, direto de Malta, na Europa, onde é diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira depois de uma reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que eles concordaram em trabalhar na diminuição das barreiras comerciais.
Entre as medidas acertadas por Trump e Juncker está o compromisso dos europeus de comprar mais soja dos EUA.
“Nós vamos trabalhar para reduzir as barreiras e aumentar o comércio em serviços, químicos, farmacêuticos, produtos médicos, assim como soja”, disse Trump.
“Eles vão começar quase que imediatamente”, disse Trump, ao se referir à promessa de compra de “muita soja” pelos europeus.
“Nós podemos importar mais soja dos EUA, e assim será feito”, afirmou Juncker, que preside a Comissão Europeia, braço executivo da UE, durante o anúncio do acordo.
Nas últimas seis safras, o Brasil foi o principal fornecedor de soja à Europa. Isso pode mudar se a promessa feita nesta quarta se cumprir.
Caso haja tarifa zero, a soja americana pode se tornar mais barata do que a brasileira, reduzindo a competitividade do Brasil.
Brasil e EUA exportam um mix de produtos agrícolas muito semelhante, com destaque para produtos como soja, carne, açúcar e suco de laranja.
No caso da soja em grãos, cerca de 80% das exportações do Brasil vão para a China, que em guerra com os americanos, continuaria dando preferência ao Brasil. Mas, na competição para vender outros produtos, o Brasil poderia ser seriamente afetado.
Ainda que seja considerada uma possibilidade mais remota, uma composição dos EUA com os chineses poderia tornar o cenário ainda mais desfavorável ao Brasil.
A redução da tensão comercial entre as duas das maiores economias do mundo também foi celebrada por especialistas e deve ajudar o crescimento global.
“A economia global só pode se beneficiar disso”, afirmou a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde.
Por ora, nenhuma tarifa foi suspensa ou eliminada. As conversas apenas estão no começo.
Trump e Juncker, porém, prometeram congelar novas iniciativas e rever as sobretaxas de aço e alumínio, bem como as medidas retaliatórias que foram impostas na sequência.
O objetivo é chegar a um ambiente comercial sem tarifas, sem barreiras e sem subsídios para bens industriais.
Trump e Juncker, porém, prometeram congelar novas iniciativas e rever as sobretaxas de aço e alumínio, bem como as medidas retaliatórias que foram impostas na sequência.
É uma mudança significativa após meses de tensão e troca de farpas, que começaram quando Trump impôs tarifas ao aço e alumínio, no início deste ano.
Milho: De olho na seca e na Europa, mercado sobe mais de 1% em Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho iniciaram o pregão desta quinta-feira (26) em alta. Os principais vencimentos registravam altas de 5,50 a 5,75 centavos, por volta das 9h30 (Horário de Brasília), uma valorização de mais de 1%. O setembro/18 estava cotado a US$ 3,65 e o dezembro/18 a US$ 3,79 o bushel.
O mercado dá continuidade ao movimento positivo iniciado no dia anterior, quando subiu mais de 2%. As cotações foram impulsionadas pelas preocupações com o clima seco na Europa que tem afetado as produções de milho e trigo.
Ainda nesta quarta-feira, Jason Rosse, da US Commodities, disse que “à medida que o mundo muda seu foco das possíveis grandes safras de grãos dos EUA para a redução nas safras europeias e ucranianas lideradas pelo trigo, o que poderia levar a exportações mais fortes, os mercados estão subindo mais”.
Hoje, o USDA divulga o seu boletim de vendas semanais. O número é um importante indicador de demanda e pode influenciar o comportamento do mercado em Chicago.