Veja abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem. As informações são do analista da Safras Consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
O mercado da soja mantém as suas atenções focadas no clima para o desenvolvimento da nova safra sul-americana, que vem registrando problemas importantes nas últimas semanas. Além disso, os traders também acompanham os movimentos da demanda chinesa no mercado internacional. Fechando o quadro de fatores, dados econômicos mundiais e avanço da variante Ômicron no redor do mundo chamam a atenção pelo lado financeiro.
O panorama da nova safra da América do Sul continua no centro das atenções do mercado internacional. Os problemas climáticos derivados da incidência do fenômeno La Niña, que atingem importantes regiões produtoras do Brasil, Argentina e Paraguai, trazem grandes incertezas e uma grande volatilidade para os contratos futuros em Chicago.
No Brasil, a falta de umidade continua castigando lavouras de grandes estados produtores, com destaque negativo para o Paraná e Rio Grande do Sul. No Paraná, a falta de umidade já causa reduções de pelo menos 30% do potencial produtivo do terceiro maior estado produtor do País. Com a colheita começando, já consideramos que a maior parte dessas perdas é irreversível.
No Rio Grande do Sul, a falta de umidade também traz impactos negativos importantes para o desenvolvimento das lavouras do segundo maior estado produtor de soja do País. Apesar disso, como no estado o ciclo de plantio e desenvolvimento é um pouco mais tardio, ainda não podemos falar em perdas totalmente irreversíveis. Até o momento, consideramos que 18% do potencial produtivo está comprometido, mas se tivermos o retorno da umidade nas próximas semanas estas perdas podem tem alguma diminuição, mesmo que pontual.
De uma forma geral, se o clima seco persistir nas próximas semanas, os potenciais produtivos destes dois estados continuarão piorando. Neste momento, a estimativa da produção brasileira foi reduzida de 144.7 milhões para 132.3 milhões de toneladas, o que demonstra que os problemas são bastante sérios.
Entretanto, os mapas climáticos apontam para a chegada de chuvas nos próximos 10 dias, o que pode ser importante para impedir que as perdas produtivas aumentem. Mesmo assim, no RS é necessário que o clima úmido permaneça ao longo do mês de fevereiro, e não é isso o que as previsões estão apontando nesse momento.
Na Argentina, a situação é parecida com o que acontece no Rio Grande do Sul. Há problemas de falta de umidade em importantes regiões produtoras, e é necessário que a umidade retorne ao longo do mês de fevereiro para que as perdas não sejam amplas. De qualquer forma, já podemos trabalhar com perdas de potencial produtivo em algumas províncias.
Chicago encontra suporte nos problemas produtivos da América do Sul. Apesar disso, os mapas que apontam para chuvas na Argentina e no Sul do Brasil nos próximos dias abriram espaço para correções negativas. De qualquer forma, entendemos que o mercado ainda tem viés de alta.