O controle da verminose em ovinos, um dos grandes problemas enfrentados pelos produtores e ainda hoje um desafio para a ovinocultura, já pode ser monitorado por um software, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP).
O Sistema para Análise de Risco de Desenvolvimento de Resistência Parasitária a Anti-helmínticos em Ovinos (SARA) identifica, na propriedade, os fatores que podem aumentar a proliferação de vermes nesses animais e levar ao rápido desenvolvimento da resistência parasitária aos vermífugos. Ele serve para orientar o criador quanto a melhor opção de manejo.
Com o uso da ferramenta, técnicos e produtores recebem informações sobre práticas na propriedade que podem ser melhoradas, seleção de quais ovinos devem ser tratados, momento ideal para administração do vermífugo e produto mais eficaz para o tratamento dos animais. Tudo de acordo com as particularidades da propriedade.
A aplicação das recomendações retarda o desenvolvimento da resistência parasitária nos rebanhos ovinos. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Simone Niciura, isso acontece porque a tecnologia, além de ter impacto na melhoria do manejo, pode reduzir a utilização de medicamentos veterinários, com seu uso racional.
“Infelizmente, é comum encontrar em rebanhos, vermes resistentes a qualquer vermífugo disponível no mercado. A resistência parasitária ocorre com o uso frequente e inadequado desses produtos”, explica a pesquisadora.
O software está disponível em http://tecnologias.cppse.embrapa.br/sara. A ferramenta gratuita, online e de fácil utilização, vai facilitar na tomada de decisões de criadores e profissionais da área.
USUÁRIO
O SARA foi desenvolvido para auxiliar técnicos e produtores rurais. Após o preenchimento de um cadastro, é disponibilizado ao interessado um questionário para ser respondido online. Preenchido o formulário, é apresentado um relatório com as recomendações de manejo para o controle da verminose na propriedade.
VERMINOSE
A verminose é o principal problema sanitário que afeta os ovinos. Muitos produtores desistem da atividade porque não conseguem controlar a doença. Estes animais estão susceptíveis aos vermes em qualquer faixa etária, o que pode acarretar atraso no desenvolvimento corporal, menor performances produtiva e reprodutiva e até a morte.
Dentre os parasitas de ovinos, o Haemonchus contortus é o mais patogênico e de maior predominância e impacto na ovinocultura brasileira. O verme se alimenta de sangue, causando anemia nos animais.
Em condições inadequadas de alimentação, o quadro pode agravar e ocasionar enfraquecimento do sistema imunológico, deixando-os vulneráveis a outros parasitas ou doenças.
Segundo a pesquisadora Simone Niciura, é necessário conhecer o estado de resistência parasitária dos rebanhos ovinos e as práticas de manejo que podem reduzir o estabelecimento dessa resistência a anti-helmínticos. “O SARA busca fornecer informações e orientações para os criadores e, dessa forma, contribuir para o controle da verminose”, ressalta.
RECOMENDAÇÕES AOS CRIADORES DE OVINOS
A vermifugação não deve ser feita em todos os animais da propriedade, devido ao favorecimento da seleção dos vermes resistentes. Por isso, ela recomenda que o tratamento seja seletivo ou estratégico. Somente os ovinos mais parasitados, e com grau acentuado de anemia, devem ser vermifugados.
No caso do tratamento estratégico, é necessário medicar os animais em situações de estresse, que podem levar à queda de imunidade, ou as categorias mais susceptíveis à verminose. A verificação da necessidade de vermifugação pode ser feita pelo exame de fezes ou pelo método “Famacha”, que determina o grau de anemia pela coloração da conjuntiva ocular do animal.
Nos ovinos que precisam ser tratados, o produtor deve administrar a dose correta do anti-helmíntico, de acordo com o peso e a indicação do fabricante. Outra dica é manter as instalações sempre limpas e fornecer alimentação adequada para cada categoria animal.
Ao utilizar o software, o produtor receberá recomendações relativas ao manejo, técnicas de controle, cuidados, conforme as peculiaridades da propriedade e do rebanho de ovinos.
A ferramenta é resultado de trabalhos que envolveram pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste e de outros centros de pesquisa brasileiros, como a da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), além da colaboração de produtores de ovinos do Estado de São Paulo.
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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 709/2015