A produção de soja na safra 2019/20 será de 123 milhões de toneladas, segundo estimativa do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco. No entanto, ele chama a atenção para a ocorrência de atrasos no plantio em relação à última safra. “Essa situação poderá afetar o potencial produtivo”, adverte.
Além disso, para o vice-presidente da SNA, a safra brasileira irá superar a dos Estados Unidos (fato inédito até então). O Departamento de Agricultura do país (USDA), em seu boletim mensal de oferta e demanda, com base na projeção do último dia 10 de dezembro, estima que a safra americana de soja será de 96.62 milhões de toneladas.
“Essa queda da produção norte-americana é resultado das condições climáticas adversas, que retardaram o plantio, causando queda de produtividade”, explica Sirimarco.
Derivados
Outro ponto favorável é o aumento da produção de derivados da soja (óleo e farelo). A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima que a produção doméstica de farelo totalizará 33.5 milhões de toneladas em 2020, ou seja, cerca de 1.1 milhão de toneladas a mais que o volume estimado para este ano.
“Como as exportações de farelo deverão cair de 15.8 milhões para 15.3 milhões de toneladas na comparação, o aumento tende a ficar no País”, afirma o vice-presidente da SNA.
Com relação ao óleo de soja, acrescenta Sirimarco, “é o aumento do percentual obrigatório da mistura de biodiesel no diesel para 12% a partir de março que anima a indústria”. A Abiove estima que a produção irá crescer de 8.6 milhões para 8.8 milhões de toneladas, enquanto que as exportações deverão recuar de um milhão para 300.000 toneladas.
Existe ainda a possibilidade de que a China abra o seu mercado para o farelo de soja brasileiro. “Aparentemente existe boa vontade para tal, mas o fato é que o acordo fitossanitário necessário para que a porta seja aberta ainda não foi assinado”, diz o vice-presidente da SNA.
“Enquanto isso não acontece, as boas perspectivas para o derivado se concentram no mercado doméstico, já que as exportações de carnes de frango e suína estão em alta, por causa da China, o que tem estimulado o incremento da produção desses animais no Brasil”.
Nesse cenário, a Abiove salienta que não acredita que as novas taxas (“retenciones”) sobre as exportações argentinas terão influência relevante sobre os negócios das companhias instaladas no País.
Milho
Com relação à safra de milho, Sirimarco afirma que as exportações deverão aumentar até o final de dezembro para cerca de 42.5 milhões de toneladas, encerrando 2019 com novo recorde. “Contudo, algumas consultorias estimam exportações de até 45 milhões de toneladas”.
Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) mostram que as exportações do cereal no acumulado do ano até 23 de novembro totalizaram 36.7 milhões de toneladas. O recorde anterior das exportações brasileiras foi registrado em 2015, com 30.7 milhões de toneladas.
O Brasil é o segundo exportador mundial de milho. Este ano, segundo a Anec, os embarques deverão aumentar cerca de 80% na comparação com 2018. A associação atribui o resultado ao câmbio favorável, à safra recorde de cerca de 100 milhões de toneladas e aos bons preços no mercado internacional, após a safra norte-americana registrar perdas em razão de problemas climáticos.
Já a produção brasileira de milho na safra 2019/20 “deverá ficar ligeiramente abaixo da anterior”, na opinião de Sirimarco.
Primeira e segunda safra
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a safra de verão do milho registrou aumento de 1,20% na área semeada, totalizando 4.2 milhões de hectares, com produção estimada em 26.3 milhões de toneladas, 2,60% superior à da safra 2018/19.
“Neste primeiro momento, a destinação de área é maior para o plantio de soja e, a partir de janeiro, após a colheita da leguminosa, deve se intensificar o plantio do milho, considerado como segunda safra, que atualmente representa 72% da produção total de milho no país”, diz o vice-presidente da SNA.
Segundo a Conab, a produção da segunda safra está estimada em 70.9 milhões de toneladas. A expectativa fica por conta do ciclo da soja, que, ocorrendo dentro do esperado, irá criar uma janela de plantio favorável para o milho.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informa que a produtividade da segunda safra de milho para os produtores que efetuem o plantio dentro da janela pode ser elevada na temporada 2019/20 no Cerrado e no Sul do Brasil. As cotações do cereal estão em patamares altos, principalmente devido ao bom volume exportado pelo País.
No entanto, com o atraso no plantio da soja, muitos agricultores podem não conseguir realizar o plantio do milho na janela ideal. Assim, o risco de enfrentar condições climáticas adversas aumenta, o que pode diminuir a produtividade e, consequentemente, a produção.
Fontes: Abiove/Anec/Conab/Cepea
Equipe SNA