SNA apresenta propostas para alavancar a agricultura no Estado do Rio

Marcelo Queiroz, secretário de Agricultura do Rio, e Antonio Alvarenga, presidente da SNA. Foto: SNA

O novo secretário de Agricultura do Rio, Marcelo Queiroz, foi homenageado com um almoço promovido nesta quarta-feira pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). Na ocasião, diretores da entidade e representantes de outras instituições apresentaram propostas para impulsionar a agricultura do estado.

Na abertura do encontro, o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, disse que o novo secretário “terá a árdua tarefa de alavancar a agricultura no Rio, que precisa ser fortalecida”. Alvarenga ressaltou que o estado tem potencial de desenvolvimento nas áreas de hortifrúti, orgânicos e pecuária leiteira, e capacidade para se transformar em um polo de produção e exportação de produtos agrícolas.

“Esperamos que o secretário possa mudar a agricultura no Rio, fazendo com que ela deixe de representar apenas 0,4% do PIB”, disse o presidente da SNA.

Receptivo às propostas, Queiroz afirmou que seu papel inicial será o de “escutar todos os entes da agricultura” e trabalhar para que seja criado “um ambiente de negócios” no setor, com melhorias em infraestrutura, legislação, produtividade, transportes, exportações, entre outros, incluindo também consumo.

“O mercado consumidor é muito próximo (das áreas produtivas) e isso é uma vantagem incrível. Temos condições de consumo próprio”, observou.

União

O secretário destacou que, no momento, o estado passa por um processo de recuperação fiscal “e que a melhor forma de realizar esse trabalho é implementando mudanças na legislação”. Queiroz disse ainda que pretende manter um bom diálogo com os poderes executivo e legislativo, e com outros secretários do governo.

“Precisamos unir esforços. A princípio irei visitar instituições e órgãos para conhecer o tamanho do problema, e a partir daí, pensar no tamanho da solução”, declarou o secretário.

José Mauro, secretário de Agricultura de Barra do Piraí (RJ); Elcio Batista, membro da Comissão Fiscal da Sociedade Nacional de Agricultura e Alberto Figueiredo, diretor da SNA.

Pecuária leiteira

Várias sugestões para a melhoria da agropecuária no Rio foram apresentadas durante o almoço na SNA.

No setor de pecuária leiteira, o diretor da instituição, Alberto Figueiredo, propôs a implementação de um programa para melhorar a qualidade das pastagens. “Temos áreas ociosas e mal aproveitadas. É preciso racionalizar a produção e diminuir seus custos”.

Fazendo referência à questão tributária, Figueiredo afirmou que “é necessário identificar os obstáculos que impedem o desenvolvimento da agricultura no estado”.

“Hoje produzimos 17% do que consumimos. São 480/500 milhões de litros de leite por ano”. Segundo o agrônomo, “o produtor no Rio tem dificuldade de comercializar, pois o mercado recebe produtos provenientes de outros estados que geram para o varejo resultados melhores”.

Merenda escolar

O economista e diretor da SNA, Tulio Arvelo Duran, defendeu a participação da agricultura familiar na merenda das escolas públicas. “Por lei, a agricultura familiar deve ter participação de 30% na merenda escolar. É um mercado muito interessante”, salientou, citando um estudo sobre o assunto elaborado pelo Conselho de Economia da SNA, a pedido do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

No caso do Rio, Tulio propôs uma pesquisa para identificar os fatores que impedem a agricultura familiar no estado de participar desse processo. “É preciso promover um debate sobre essa questão e sobre o quadro geral da agricultura familiar no estado, registrar os municípios que têm maior ou menor participação, ou seja, fazer uma radiografia do setor”.

Já o vice-presidente da SNA, Tito Ryff, sugeriu que o Sebrae, por meio do programa Cidades Empreendedoras, ajude a garantir a parcela de participação da agricultura familiar do estado nas refeições escolares.

Julio Cezar Rezende, diretor do Sebrae; Sérgio Quintella, vice-presidente da FGV, e Tito Ryff, vice-presidente da SNA.

Pesquisa, meio ambiente e tecnologia

Ryff falou ainda sobre a importância de instituições como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio (Pesagro) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que, segundo o vice-presidente, “precisam desenvolver políticas para a solução de problemas na agricultura do estado”.

Na área ambiental, Ryff destacou o êxito do programa de microbacias hidrográficas. Também ressaltando os projetos voltados para o meio ambiente, o presidente do Instituto Preservale, Nestor Rocha, falou sobre os resultados das ações de preservação de nascentes e de reflorestamento na região do Vale do Café, chamando a atenção para o uso da tecnologia.

Os avanços na agricultura serviram de base para a proposta apresentada pelo diretor da SNA, Antonio Freitas, que defendeu investimentos em formação tecnológica nas escolas rurais. “É importante que as pessoas possam permanecer no campo, com o domínio da tecnologia”, salientou.

Pesca

Jorge Ávila, diretor da SNA, disse que o governo do estado precisa dar mais atenção ao setor da pesca, e citou como exemplo a falta de manutenção de terminais pesqueiros criados nos últimos anos, entre eles, o de Niterói, que segundo Ávila, “está sem dragagem, o que impede o acesso das embarcações”. Ávila afirmou ainda que “há pouca fiscalização por parte da Marinha, principalmente em relação à pesca do atum, o que permite que navios adentrem as águas do estado, sem nenhum controle”.

Produção orgânica

No campo da sustentabilidade, a diretora da SNA, Sylvia Wachsner, comemorou a aprovação, pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), do Projeto de Lei 522/15, que deverá instituir a Política Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável, Agroecologia e Produção Orgânica. “É um projeto importante que irá garantir fundos e trazer avanços”, disse Sylvia.

Ela mencionou ainda o fato de que os produtos orgânicos do Rio não têm capacidade de entrar no varejo, e que isso favorece a comercialização de produtos de outros estados, principalmente os de São Paulo.

As dificuldades da produção orgânica no Rio também foram comentadas por Claudine Bichara, membro da Comissão Fiscal da SNA. Segundo ela, além de problemas de infraestrutura (incluindo estradas), “falta uma mobilização coletiva do transporte para que os produtos cheguem às cidades”.

Márcio Sette Fortes, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura; Ney Brito (economista) e Thomás Tosta de Sá, diretor da SNA e presidente do Codemec. Foto: SNA

Inovação

Márcio Sette Fortes, diretor da SNA, informou que o Ministério da Agricultura tem se aproximado do governo do Rio para o desenvolvimento de um polo do inovação tecnológica para o agro. No entanto, disse Fortes, “apesar de o foco ser o aumento da produtividade, o projeto precisa garantir a melhoria da qualidade de vida do homem do campo”.

O diretor defendeu ainda o aproveitamento das áreas ociosas dos terminais portuários para que sejam criados espaços destinados à exportação de produtos agrícolas.

Considerações finais

A favor da revitalização da agricultura no estado, Ângela Costa, presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) afirmou que o setor pode ser trabalhado “de forma forte e dinâmica” pelo novo secretário de Agricultura.

Já o vice-presidente da SNA, Osaná de Almeida, chamou a atenção para “o descaso do poder público em relação aos setores produtivo e de assistência aos médios e pequenos produtores rurais” e fez um apelo a Queiroz para que ele “não abandone o trabalhador rural”.

O diretor jurídico da SNA, Frederico Grechi, criticou os processos administrativos movidos por comunidades de quilombolas que, segundo ele, prejudicam os trabalhadores do campo; defendeu a oportunidade de utilização do imóvel rural para atividades turísticas e falou sobre a importância dos novos títulos de crédito do agronegócio.

Por fim, Thomás Tosta de Sá, diretor da SNA e presidente do Codemec (Comitê para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais) comentou sobre a influência do mercado de capitais no agronegócio. “É um fator de desenvolvimento do setor, também na esfera social, além de ser um grande provedor de recursos”.

Presenças

Também estiveram presentes ao almoço na Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o secretário municipal de Agricultura de Barra do Piraí, José Mauro; a presidente da Emater Rio, Stella Romanos; o diretor do Sebrae, Júlio Cezar Rezende; o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco; os diretores Chequer Jabour Chequer, Francisco Villela, Hélio Meireles, Rony de Oliveira, Sérgio Malta e Elcio Batista; a diretora regional do Sesc, Regina Pinho e sua assessora Cristina Gama; a editora da revista A Lavoura, Cristina Baran, e os economistas Ney Brito e Sérgio Quintella.

Foto da capa: Regina Pinho, diretora regional do Sesc; Antonio Alvarenga, presidente da SNA e Marcelo Queiroz, secretário de Agricultura do Rio.

 

SNA

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