A falta de conexão de internet, um antigo obstáculo nas áreas rurais do Brasil, tornou-se crítica na medida em que mais e mais equipamentos agrícolas chegam ao mercado com capacidades tecnológicas que só podem ser totalmente utilizadas com a conectividade.
A agricultura brasileira cresceu a um ritmo veloz na última década, colocando o país entre os principais produtores de alimentos do mundo, mas alguns empecilhos permanecem, entre eles a cobertura de internet.
De acordo com uma estimativa da TIM Participações, atualmente menos de 10% das fazendas brasileiras são conectadas. Para comparação, nos Estados Unidos basicamente 100% da população tem acesso à internet por banda larga.
“Esse é um problema estrutural que temos no Brasil e que precisamos resolver”, disse Christian González, vice-presidente para a América do Sul da Case IH, divisão de máquinas agrícolas da CNH Industrial.
Ele afirmou que as máquinas modernas, como plantadoras e colheitadeiras, podem ser ajustadas a todo o momento durante as operações em busca de maior eficiência, algo que só pode ser realizado quando estão conectadas a uma sala de operações.
A fabricante de maquinário norte-americana John Deere se mostrou à frente nesse segmento quando lançou, no ano passado, um serviço de internet junto ao fornecedor de telecomunicações Tropico, oferecendo-se para instalar antenas LTE nas fazendas para conectar máquinas e veículos.
Outras avançaram no mercado este ano, incluindo as empresas telefônicas Oi e TIM. Fornecedoras de produtos agrícolas, como AGCO, Case, Bayer e Trimble, uniram forças para desenvolver uma plataforma de código aberto que opere conexão de internet 4G – o programa ConectarAgro.
“A falta de internet obviamente coloca os agricultores brasileiros em uma posição complicada. Isso pode prejudicar o avanço de sua competitividade”, afirmou Rafael Marques, diretor da TIM, que também participa do ConectarAgro. A empresa firmou recentemente contratos para fornecer internet 4G a dois grandes grupos agrícolas no Brasil, SLC Agrícola e Adecoagro.
“O agricultor deseja utilizar aplicativos no campo. Ele quer enviar um vídeo para seu agrônomo quando encontrar um potencial problema na plantação, eles querem estar online”, disse Marques.
Em fazendas sem internet, as máquinas precisam, por exemplo, de coordenadas inseridas manualmente para plantios guiados por GPS, o que leva funcionários a andarem carregando dezenas de pen-drives.
A TIM planeja alcançar cinco milhões de hectares de fazendas cobertos por internet até o final deste ano. O Brasil possui cerca de 65 milhões de hectares de cultivos de grãos e oleaginosas.
Rival da TIM, a Oi fechou um acordo para fornecer internet para uma das fazendas controladas pela produtora e trading Amaggi, levando a conexão para a fazenda Tucunaré, de 87.000 hectares, no Estado de Mato Grosso.
Reuters