Sinal de modernização na área de seguro rural

Ainda que em um ritmo menor que o desejado, tendo em vista as necessidades do campo brasileiro, a inovação também começa a ganhar corpo no segmento de seguro rural, ainda dependente dos parcos recursos do plano do governo federal destinado a subvencionar os prêmios das apólices contratadas pelos produtores.

Na semana passada, a Swiss Re Corporate Solutions anunciou que negociou a primeira apólice de seu novo seguro paramétrico de índices climáticos, recentemente aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). A ferramenta foi contratada pela Agrícola Xingu, controlada pela japonesa Mitsui, e protegerá os 46.500 hectares plantados pela empresa com soja, milho e algodão em nove unidades espalhadas pelos Estados da Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso.

Jose Cullen, diretor de seguro rural da Swiss Re Corporate Solutions, lembra que a nova apólice foi desenvolvida para cobrir eventos específicos, como a ocorrência de uma estiagem em uma determinada área num espaço de tempo relativamente curto e pré-definido. No caso da Agrícola Xingu, foram necessários nove meses de estudos para analisar esses riscos e fechar a operação.

“Entre todas as nossas áreas de produção, identificamos um risco maior no oeste da Bahia. Está chovendo na região, mas há um receio de que isso não aconteça no ritmo ideal em janeiro e fevereiro”, afirma Sergio Della Libera, CFO da companhia de produção agrícola. A Xingu tem cinco unidades de produção na Bahia, onde concentra 75% do seu plantio. Com três unidades, Minas Gerais responde por 15%; Mato Grosso, com uma unidade, representa os 10% restantes. “Mas, na estratégia de crescimento traçada em conjunto com nosso acionista, definimos que Mato Grosso é prioridade”, disse o executivo.

De acordo com Jose Cullen, há grande interesse pela apólice de seguro paramétrico de índices climáticos e novas análises estão em curso no momento para ampliar o número de operações envolvendo a ferramenta. E o potencial de crescimento é grande. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 80% do mercado de seguro rural têm alguma ligação com renda e índices, algo que ainda engatinha no Brasil – onde apenas 10% da área agrícola total é segurada.

Mas o desenvolvimento desse mercado é urgente. Os produtores em geral ainda dependem do apoio do governo federal, que nos últimos anos vem sendo prejudicado pela escassez de recursos e sucessivos contingenciamentos. Na semana passada, o Ministério da Agricultura informou que 2016 terminou com o pagamento de mais de 90% das apólices subsidiadas pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), e que o valor total das operações ficou em cerca de R$ 370 milhões.

Não há o que comemorar. É muito pouco. Basta lembrar que o Valor Bruto da Produção agropecuária brasileira em 2016 foi estimado pelo Ministério da Agricultura em R$ 523.6 bilhões. E o montante deverá alcançar o recorde de R$ 552.6 bilhões em 2017.

 

Fonte: Valor

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp