Silas Brasileiro eleito para Academia Nacional de Agricultura

Por Marcelo Sá, com equipe SNA

Na última Assembleia Geral da Sociedade Nacional de Agricultura, o presidente do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, foi eleito membro titular da Academia Nacional de Agricultura.

Administrador de empresas e produtor rural de sucesso, Silas Brasileiro teve também destacada trajetória política, tendo sido prefeito de Patrocínio (MG) e deputado federal por seis mandatos. Passou pelo secretariado estadual mineiro e integrou o Ministério da Agricultura, antes de chegar à presidência do CNC. Premiado e reconhecido nacionalmente pela atuação pública na defesa e representação da cafeicultura e agropecuária, integra diversos colegiados que se dedicam a formular políticas de fomento e expansão do setor.

Satisfeito com a eleição para a Academia e otimista com o horizonte da agricultura nacional, falou gentilmente com o Portal da SNA, resumindo a história do CNC, os desafios enfrentados diariamente e o sucesso do café brasileiro como um dos protagonistas da balança comercial.

Para ele, a cafeicultura é um elemento de coesão social, orgulho dos polos produtores e símbolo do reconhecimento internacional que o país alcançou no ramo, fruto também das pesquisas e políticas de fomento que elevaram a produtividade e mantiveram os preços competitivos em relação a outros expoentes do setor.

Destacando os esforços e parcerias para equilibrar sustentabilidade e expansão, Silas Brasileiro mencionou também o cooperativismo e a divulgação eficaz no exterior como pilares desse êxito.

 

Confira, a seguir, seu depoimento:

“Hoje, nossas entidades passam por momentos importantes. Minha formação vem do agro, sou produtor rural de café, minha vida tem sido dedicada à cafeicultura. Nesses 42 anos de existência, a CNC evoluiu muito, desde a fundação por Abreu Sodré, que, apesar dos cargos e mandatos que exerceu, era um homem bastante humilde. Aprendi muito trabalhando com ele. Agora estamos com representação internacional, junto à Organização Internacional do Café (OIC), sediada em Londres. Isso nos credencia ainda mais a divulgar a qualidade do café brasileiro, uma vez que, apesar da produção maciça, alguns de nossos concorrentes eram mais habilidosos na propaganda. A Colômbia se destacava nesse sentido, e hoje importa café do Brasil, tendo comprado um milhão e cem mil sacas no ano passado. Na Organização Internacional do Café, temos 76 representações, sendo 44 de produtores e 32 de consumidores. O nosso diferencial é conseguir cultivar, em várias regiões do país, espécies cobiçadas a um preço competitivo, como o vietnamita, além do tradicional arábica.

Há também a questão da legislação trabalhista. Nossos encargos são maiores, mas conseguimos vencer concorrentes, como o próprio Vietnã, que é o segundo maior produtor mundial. A pesquisa e o conhecimento nos fizeram elevar a produtividade, sobretudo em consórcio com a Embrapa, mantendo os custos de produção relativamente baixos. São 24 milhões de pessoas envolvidas com o processo da cafeicultura, sendo que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos principais polos produtores é mais elevado, o que faz do café uma cultura, uma ferramenta de coesão social de grande importância.  Naturalmente, os desafios se renovam, mas nossa qualidade e sabor são reconhecidos mundo afora. A cadeia produtiva mobiliza as comunidades e gera empregos, traz receitas, sem falar da balança comercial, na qual ocupamos a quarta colocação.

O produtor tem hoje, através das cooperativas, assistência técnica, crédito, acesso a insumos que podem ser pagos na safra seguinte, e assim por diante. O cooperativismo de produção fortalece o tecido social, nações inteiras prosperaram com esse modelo, e nós agora estamos também consolidados nesse caminho. Cabe salientar que a CNC atua de forma apartidária, para o bem dos interesses da nossa representação, postulando mudanças quando julgamos ser o caso. O diálogo é permanente e aberto, pois temos uma boa interlocução com todos.

Pela primeira vez, temos uma mulher na presidência da OIC, Vanusia Nogueira, que tem feito um excelente trabalho, trazendo renovação e boas ideias. O café do Brasil ainda tem muito espaço para crescer, sem que se arranque uma árvore, pois podemos aumentar o número de mudas por hectare, praticamente triplicando a produção atual. Tudo isso preservando os ecossistemas, como temos desenvolvido num projeto piloto em Alpinópolis (MG), em parceria com outras entidades, para proteger os mananciais, impedindo o assoreamento das nascentes e mantendo as matas ciliares. Os agricultores, nos ajudando com isso, recebem um prêmio de incentivo. A cafeicultura é pioneira na sustentabilidade, algo pouco divulgado pelos meios de comunicação.

Também obtivemos grande progresso na proteção dos direitos trabalhistas, no sentido de os empregados poderem ter a carteira assinada sem perder benefícios sociais do governo, o que antes causava informalidade. Ano passado, exportamos 57 bilhões de dólares. O Conselho Deliberativo da Política do Café, que criamos após chegar em Brasília, a partir de 2004, é quem gere a cafeicultura do Brasil como um todo, inclusive na concessão de crédito, que é feita de maneira transparente e eficaz. É possível saber exatamente qual produtor recebeu e a quantia. Os agentes financeiros são extremamente qualificados, e se tornam avalistas do mutuário que tomou o recurso.

Concluindo, o panorama é bastante promissor.”

 

 

 

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